Capítulo 28 - Compras e sorrisos

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Astrid estava sentada na borda da piscina com os pés na água, ela estava em uma das piscinas mais afastadas, desde o trauma que havia sofrido ela não conseguia nem se aproximar da piscina principal. Tinha virado rotina, todo final de tarde ela se sentava naquele local e ficava horas pensando em sua vida, conversando com o bebê ou simplesmente olhando para o nada. Foi em uma das sessões de psicoterapia que ela percebeu que se sentia bem ao fazer isso, e sua psicóloga a encorajou, disse que ajudaria e realmente ajudava.

Sim, Astrid estava tendo sessões de psicoterapia, depois de tudo o que ela passou ela sentiu necessidade e Soluço também fez questão que ela procurasse um psicólogo. Já fazia um mês que Astrid havia começado com as sessões tendo duas sessões por semana e ela já se sentia bem melhor, ela tinha contado tudo para sua psicóloga, sobre o caso que teve com o Soluço, sobre ele tê-la abandonado, sobre a proposta e o contrato, sobre a tentativa de estupro que havia sofrido, sobre o "falso" relacionamento e inclusive o fato de que ele era o pai do bebê. Astrid se sentia mais leve a cada sessão, era tão bom falar sobre isso tudo com alguém, principalmente porque ela sabia que esse alguém não iria julgá-la.

Os pesadelos continuavam e Astrid descobriu que havia desenvolvido paralisia do sono devido ao estresse excessivo e ansiedade, esse era o motivo de ela não conseguir se mover após acordar, a psicóloga aconselhou Astrid a procurar um especialista e assim ela fez, o especialista explicou que essa paralisia era uma falta de sincronia entre o cérebro e o corpo, a pessoa está acordada, mas o corpo reage como se ainda estivesse dormindo, ela ocorre no sono REM e mesmo que cause uma grande angústia e desespero na pessoa, não há um perigo real, a melhor coisa que a pessoa pode fazer é criar uma rotina para o sono, dormir e acordar sempre no mesmo horário, ter pelo menos sete horas de sono e o principal, manter a calma durante os episódios.

Para Astrid, manter a calma durante os episódios era algo extremamente difícil, já que ela os tinha sempre após um pesadelo, foi então que Soluço passou a dormir com a loira na tentativa de acalmá-la durante os episódios de paralisia, nada demais acontecia, eles só dormiam e sempre que Astrid acordava após um pesadelo ele estava lá para acalmá-la, algo que ficou mais difícil com o tempo, pois os pesadelos dela mudaram, ela ainda tinha pesadelos com Robert, mas as vezes seus pesadelos era algo relacionado a ela perder o bebê, por mais que os pesadelos envolvendo o Robert fossem terríveis, os que envolviam a perda do bebê eram aterrorizantes.

Os pesadelos com a perda do bebê iniciaram quando ela estava na 15ª semana da gestação, no início ela pensou que era seu inconsciente fazendo com que ela se acostumasse com a ideia de que teria que entregar seu bebê para Verônica quando ele nascesse, mas ela percebeu que não era isso, era um medo real, na última consulta ela havia feito uma Ultrassom Doppler Fetal para verificar o fluxo sanguíneo da placenta para o bebê e também do corpo do feto, foi quando ela descobriu que tinha insuficiência placentária que também foi causada por estresse, felizmente ela tinha um grau leve, sendo assim precisaria apenas de acompanhamento médico, alterar sua dieta e diminuir o estresse, coisas que aos poucos Astrid estava fazendo.

- Está tudo bem? Você está aqui a mais tempo que o habitual – Cora se aproximou de Astrid, nas últimas semanas ela tinha se aproximado muito da loira, a ajudando em tudo o que precisasse e acabou se tornando uma quase mãe para Astrid.

- Quando você estava grávida, você tinha medo de perder o bebê? – Astrid questionou ignorando a pergunta inicial de Cora.

- Sim, é normal em mães de primeira viagem – Cora abriu um sorriso singelo.

- Todo mundo fala isso, mas eu sinto que realmente posso perdê-lo, as vezes eu sinto que eu não consigo levar a gestação até o final – os olhos de Astrid se encheram de lágrimas.

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