Capítulo 37 - É, eu voltei

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Astrid estava sentada em um pequeno sofá na varanda de seu quarto, era final de tarde e o sol estava quase se pondo, pela forma em que o vento soprava dava para perceber que seria uma noite bastante fria. Ela estava de pijama, tinha passado o dia todo assim, seus cabelos soltos balançavam por causa do vento e ela mantinha um olhar triste encarando o nada.

Diferente do dia anterior, Astrid tinha conseguido comer um pouco mais, sem vomitar, mas ela ainda se sentia fraca, com algumas dores no corpo e estava muito pálida. Astrid estava sozinha, ela tinha conseguido, depois de muito custo, convencer Heather, Anne e Verônica que ela precisava ficar um tempo sozinha ou iria enlouquecer. Talvez ela estivesse exagerando, mas não aguentava mais a preocupação de todos e a forma que a olhavam.

Astrid, mais uma vez pressionou o diamante da aliança em seu dedo, era a 27ª vez que ela pressionava e até agora nada, nenhum sinal de Soluço, talvez ele estivesse com tanta raiva dela que não se importava se ela estava em perigo, ela abraçou a camisa de Soluço com força e as lágrimas surgiram em seus olhos.

- Eu sou tão idiota bebê, eu sinto muito em te dizer isso, mas a sua mãe é a pessoa mais idiota do mundo, eu estraguei tudo de novo, eu sou tão estúpida e boba e egoísta e impulsiva.

- E teimosa, agressiva e um pouco autoritária - uma voz masculina chamou a atenção de Astrid.

- Soluço – Astrid ergueu o olhar para vê-lo – é você mesmo? Você voltou? – ela estava surpresa – Você voltou – Astrid gritou enquanto se levantava e se jogava nos braços de Soluço quase o derrubando, ignorando qualquer dor que ela sentisse.

- É, eu voltei – ele a afastou e olhou para ela preocupado – você está bem?

- A pergunta é você está bem? Eu estava preocupada, você sumiu sem deixar rastro, ninguém sabia onde você estava, você tem ideia de como eu fiquei? Você não atendia o telefone – Astrid falava tudo muito rápido e então ela parou e abaixou o olhar – você não queria falar comigo, e ainda não quer, você deve ter voltado só porque achou que tinha algo de errado com o bebê.

Astrid se afastou de Soluço e voltou a se sentar no sofá.

- Você está bravo comigo – ela falou baixo ao se dar conta de que ele não tinha retribuído o abraço dela – é claro que você está bravo comigo, você deve me odiar – sua voz estava falha e as lágrimas teimavam em escorrer pelo seu rosto.

- Por que você está chorando? – Soluço se aproximou dela.

- Porque tudo o que eu faço ultimamente é chorar, porque essa droga de hormônios me deixa assim – ela apontou para seu próprio rosto – porque você sumiu sem falar nada, porque eu estava morrendo de preocupação, porque você está bravo comigo, porque eu não aguento pensar na possibilidade de você me odiar – as lágrimas aumentaram e Astrid teve que parar de falar devido ao nó que se formou em sua garganta.

- Não chora – Soluço falou em uma voz baixa, seu coração doeu por vê-la naquele estado – eu não suporto ver você assim, ainda mais por minha culpa.

- Não é por sua culpa – Astrid tentou forçar um sorriso, mas não conseguiu – é por minha, porque eu não consigo viver com você me odiando, porque eu não consigo nem imaginar a minha vida sem você nela, porque só de pensar nessa possibilidade meu coração dói, dói tanto que parece que eu não vou aguentar.

Astrid mantinha o olhar abaixado e chorava cada vez mais e Soluço estava a ponto de chorar também, Astrid sempre foi fechada em relação a seus sentimentos, e lá estava ela se abrindo de uma forma que ele nunca tinha imaginado. Soluço sabia o que ela sentia por ele, mas vê-la falar daquela forma só o fez ter mais certeza e o fez se sentir mais culpado ainda por fazê-la sofrer daquela forma.

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