Astrid estava paralisada, se antes ela estava pálida, agora ela estava muito mais, a dificuldade de respirar voltou e ela sentiu seu coração acelerar, ela abriu a boca diversas vezes para falar, mas nenhum som saiu de sua boca.
- Me responde, eu sou o pai? – a voz de Soluço saiu firme, ele continuava parado na porta do quarto.
- Soluço o que você ouviu da conversa? – Heather perguntou com um sorriso amarelo, ela decidiu intervir quando percebeu que a amiga não esboçava nenhuma reação.
- O bastante – Soluço respondeu sem olhá-la, sua atenção estava inteiramente na loira – estou esperando uma resposta Astrid.
- Porque vocês não têm essa conversa quando amanhecer, vocês dormem, descansam e amanhã discutem sobre isso – Heather estava ficando preocupada, era visível o clima tenso no local.
- Heather, por favor não se intrometa – a voz dele saiu afiada – essa é uma conversa entre mim e a Astrid.
- S-sim – a voz de Astrid saiu rouca e baixa, mas foi o suficiente para ouvirem a resposta – você é o pai.
Soluço deu alguns passos entrando no quarto, ele queria ter certeza do que estava ouvindo, Heather se afastou saindo do quarto devagar, ela sabia que era uma conversa particular, mas também sabia que há poucos minutos Astrid estava passando mal, então decidiu ficar por perto.
- Eu sou o pai? – Soluço perguntou mais uma vez sem acreditar no que estava ouvindo. Astrid apenas assentiu, ainda sem mover o resto do corpo.
A expressão de Soluço era de surpresa, ele a encarou por algum tempo e então sua expressão endureceu.
- Eu te perguntei, nesse mesmo quarto, eu te perguntei se eu era o pai e você me disse que não – ele deu mais um passo em direção a loira – você mentiu para mim.
Astrid continuava na mesma posição encarando os olhos verdes de Soluço, ela queria falar algo, mas as palavras simplesmente não vinham.
- Como você pôde esconder isso de mim? – o tom dele era acusatório.
Astrid continuou em silêncio, seus olhos ficaram marejados, mas ela se controlou para não deixar as lágrimas rolarem.
- Você me enganou esse tempo todo, fez eu achar que estava fingindo ser o pai quando na verdade eu sou – os olhos de Soluço também ficaram marejados, mas ao contrário de Astrid, ele se permitiu chorar.
Soluço deu mais alguns passos sem quebrar o contato visual, ele se aproximou de Astrid ficando apenas alguns centímetros de distância.
- Você viu eu me apegar ao bebê mesmo achando que eu não deveria e ficou calada – ele aumentou o tom de voz – como você pôde fazer isso comigo? Não se esconde um filho de um pai, você não tinha o direito de me esconder isso.
Aos poucos Astrid permitiu as lágrimas rolarem por seu rosto, ela desviou o olhar do de Soluço, não conseguia ver ele chorando daquele jeito, não quando sabia que era por sua culpa.
- Fala alguma coisa – ele praticamente gritou, mas não obteve resposta. Ele passou as duas mãos no cabelo irritado, ele respirou fundo, não queria perder o pouco controle que tinha.
- E-eu s-sinto m-muito – Astrid falou após longos minutos que pareceram uma eternidade.
- Eu sinto muito? – Soluço riu sem humor – É só isso o que você tem a dizer?
Soluço se virou de costas para Astrid, não conseguia nem olhar para ela naquele momento.
- E se eu não tivesse escutado a conversa? Eu nunca saberia.
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Barriga de Aluguel
FanfictionAstrid é uma mulher de 21 anos, ela era uma garçonete em um restaurante. Sua vida era pacata, mas ao mesmo tempo corrida, pacata porque a mesma vivia em uma cidade do interior desde que nasceu, sem muitos amigos e sempre com a mesma rotina, e corrid...