Capítulo 38

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-Era da sua avó - disse ele. - Foi o primeiro anel que comprei para ela. Eu queria pedi-la em casamento mais não tinha muito dinheiro naqueles tempos, e expliquei a ela que não poderia comprar um anel de diamantes. Ela simplesmente respondeu: "Até parece que o gado vai ligar se estou usando diamantes ou não". Uma mulher sensata a sua avó. Você me lembra muito ela. Tem alguma coisa, quando você gira a cabeça...
Meus olhos estavam rasos d'àgua.
- Vovô, não posso aceitar. É precioso demais.
- Mas quero que você fique com ele. Ela não chegou a te conhecer, mas tenho certeza de que ela iria querer que você usasse esse anel. Você tem a firmeza de carater dela. Ela sempre o usou neste dedo. Use-o no mesmo lugar.
Subitamente ele olhou para cima.
- Sei que não tem sido fácil para você se adaptar a este lugar... - continuou ele. - Mas tem dado duro e superado muitos obstáculos, e acho que se tornou uma pessoa muito especial. Igual a sua avó.
Joguei meus braços ao redor dele.
-Ah, vovô, é tão bom ouvir você dizer isso!
Lentamente os braços dele se fecharam em torno de mim.
- É muito bom ter você aqui - disse ele com voz rouca. - É bom ter uma família de novo. Eu... eu não quero que vocês vão embora nunca mais.
Um ronco abafado de motor soou do lado de fora, fazendo com que me afastasse de vovô e corresse até a janela.
-Vovô, o seu presente acabou de chegar! - exclamei.
-Você vai me dar o Rich Winter de presente de Natal?
- Não, seu bobo. Ele está trazendo o presente. Venha ver - disse eu rindo e
arrastando o meu avô para o andar de baixo.
Todo mundo saiu para a varanda ao mesmo tempo em que Rich trazia a caixa de papelão da sua caminhonete.
- Vá em frente! Abra! - pedi, passando a caixa para vovô.
-Parece pesado. Você andou fazendo pão? - brincou ele, referindo-se as primeiras tentativas de mamãe.
Então ele abriu a caixa, e um focinho preto e branco emergiu dela timidamente.
- Um filhotinho! - gritou Katie.
Vovó olhou para o cachorrinho e em seguida para mim.
- Igualzinho ao velho Mack! - exclamou ele, com uma voz quebrada pela emoção. -Outro pequeno Mack! Como você adivinhou?
Não quis confessar que simplesmente escolhera o filhotinho mais bonitinho. Limitei- me a sorrir com um ar enigmático.
-Você não podia ter me dado um presente melhor - disse ele.
Enquanto vovô carregava o filhotinho para dentro de casa, meu pai me puxou para lado.
-Isso foi muito especial, Amber, Estou orgulhoso de você -sussurrou.
Então ele me beijou na testa e entrou com os outros, me deixando a sós com Rich.
- Parece que você acabou de marcar um golaço - disse Rich sorrindo.
-Obrigada por guardar o filhote para mim. Você não quer entrar um pouquinho e comer algo? - perguntei.
- Não posso. Estamos indo à casa do meu tio Jô para jantar de Natal. Mas eu queria ver você antes.
- Não vá embora ainda - pedi, pondo a minha mão no braço dele. -Tenho uma coisa para você.
-Sério?
Corri para dentro de casa e voltei com o CD.
-Que lindo! - exclamou ele, contemplandoo disco. - Nem sabia que existia a trilha sonora em CD. E a capa é a cena do filme...
Era uma vista de Veneza.
-Também tenho uma coisa para você, Amber- contou, me passando um pequeno embrulho.
Dentro do embrulho havia uma caixinha, e dentro da caixinha havia um medalhão de prata em forma de coração.
-Espero que você já não tenha um - disse ele, encabulado.
Neguei com um movimento de cabeça.
-É perfeito, Rich. Por favor, coloque-o em mim.
Eu me virei e ele apertou o fecho da corrente para trás do meu pescoço.
-Nunca vou tirar esse medalhão - sussurrei. - Muito obrigada.
-E vou ganhar um beijo de Natal? - perguntou ele.
-Acho que você merece - disse eu, adiantando os meus lábios e encostando nos dele por um segundo.
-Só isso? - indagou.
O meu irmão e a minha irmã podem estar olhando - expliquei. - E os meus pais também. Nós não queremos que fiquem preocupados de novo e me mandem para o Alasca dessa vez.
- Eu iria atrás.
- Nesse caso - falei baixinho , eles que se preocupem.
E dessa vez o beijei de verdade.
-Obrigada de novo pelo medalhão -disse quando nos afastamos. - É o melhor presente que já ganhei na vida.
-Eu poderia arranjar alguma foto, se você quiser colocar dentro do coração - sugeriu ele.
- De quem, de uma de suas vacas? - provoquei.
Ele se abaixou, pegou um punhado de neve e a atirou em mim. Eu ri e atirei uma bola muito maior de volta. Então ele segurou os meus punhos.
-Chega, chega - disse, rindo. - Já estou todo vestido para ir visitar os meus
parentes e não dá mais tempo de trocar de roupa. Por isso, comporte-se, garota!
-Sim, amo - retruquei, sorrindo para ele.
-E espere só até eu não estar todo arrumado - continuou Rich. - Se você quer uma guerra de neve, vai ter uma!
- Por mim tudo bem! A hora que você quiser - gritei quando ele já saltava na
caminhonete.
Eu corri até a porta do carro.
- Feliz Natal, Rich. E eu gostaria muito de uma foto sua para colocar dentro do medalhão.
- Você mesma poderia tirar uma - disse ele. - Ah, já ia me esquecendo de te avisar: sempre vamos passar o ano-novo na cabana de Mary Jo nas montanhas. Os pais dela vão estar lá, mas eles são legais. É uma tradição nossa. Eu queria muito que você viesse.
Ele se inclinou para fora da janela e me beijou de novo.
- Feliz Natal, Amber. Eu... eu acho que estou me apaixonando por você - confessou ele, timido, saindo rapidamente com a caminhonete.
-Feliz Natal, Rich! -gritei, esperando que o ronco do motor não encobrisse a minha viz. - Eu te amo também - sussurrei para a traseira do carro dele.
Nunca tinha dito aquelas palavras para ninguém antes... e estava quase contente por Rich não as ter ouvido. Era um passo enorme, que eu não tinha certeza se nós já estavamos prontos para dar.

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