Capítulo 11 - O Enigma da Torre e o Perigo Latente

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Nora acordou em um ambiente úmido e impenetrável, cercada pelas paredes frias de uma torre solitária. Uma única janela dava vista para um violento mar, que banhava as cidades do norte de Poema. A beleza natural lá fora contrastava com a solidão opressiva dentro do quarto. O aposento continha uma cama de luxo, uma mesa de madeira e travessas que eram pontualmente servidas três vezes ao dia. Uma estante repleta de livros sobre a história de Poema decorava uma das paredes.

Curiosa, Nora começou a folhear um desses livros, apenas para descobrir que continha anotações de sua própria autoria. A caligrafia familiar dela estava impressa em um livro que, em teoria, ela nunca havia visto antes. Enquanto o vento cantava do lado de fora da janela, Nora lia, tentando entender como suas próprias memórias estavam registradas naquele volume.

Recordações começaram a inundar sua mente. Ela se lembrou de que a Ordem dos Cavalheiros Românticos tinha sido criada por um professor de literatura chamado Wellington e que o acesso àquele lugar paralisava o tempo no mundo real. Nora reviu mentalmente a divisão da Ordem em três gerações: a primeira, dos nacionalistas; a segunda, marcada pelo ultrarromantismo e pelo mal do século; e a terceira, influenciada pelos movimentos sociais, discutindo questões de liberdade e abolicionismo.

Os grimórios celestes, escritos por figuras literárias como Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar e Manuel Antônio de Almeida, eram peças essenciais nesse mundo mágico. Nora estava imersa nessas descobertas quando um pensamento a atingiu: ela estava conectada a essa história, não apenas como observadora, mas como parte essencial dela.

Enquanto Nora mergulhava nessas revelações, Guit começava a falar sobre o futuro. Ele explicou que Kauhan era o criador de tudo e que a história que ele estava escrevendo tornara-se realidade. Em um passado alternativo, Nora se tornaria uma maga corrompida pelo mal do século, a pessoa mais poderosa daquele universo. Guit insistiu que alguém do grupo precisava voltar ao passado para alertá-los, para evitar que Nora sucumbisse à escuridão.

De repente, Guit se levantou às pressas e desapareceu por um portal, deixando todos com uma sensação de urgência e perigo iminente.

Enquanto Kauhan tentava descobrir o paradeiro de Nora usando seus poderes, ele percebeu que ela não estava longe. Determinado, Kauhan começou a seguir na direção indicada, mas de alguma forma, Nora parecia se distanciar cada vez mais. Desatento, Kauhan acabou caindo em um profundo fosso.

Naquele abismo, sua situação foi de mal a pior. Imobilizado e incapaz de se mover, ele encontrou uma maneira de alertar seu grupo usando uma projeção astral. No entanto, algo surpreendente aconteceu: ele encontrou uma versão futura de si mesmo, um Kauhan de um futuro distante.

Esse clone sombrio estava determinado a matá-lo, sem perceber que Kauhan estava indefeso no fundo de um poço. Observando a situação se desenrolar, Kauhan decidiu não interagir e esperar, assistindo enquanto seu próprio futuro tentava destruí-lo.

A situação tomou um rumo ainda mais estranho quando Kauhan percebeu um pequeno buraco sob uma árvore distante. Correndo em direção a ele, ele se escondeu, apenas para descobrir que estava dentro de uma caverna escura e úmida. Enquanto explorava, ele encontrou uma série de escrituras indecifráveis nas paredes e alguns ossos, sugerindo que o local já fora usado como abrigo.

À medida que Kauhan avançava, ele se viu em um labirinto subterrâneo. O medo o fazia hesitar, mas sua curiosidade o impelia para frente. Em meio aos ossos cadavéricos, ele foi surpreendido por uma voz sedutora vinda de um lago. Atraído pela voz, ele se afastou ao sentir o cheiro de carne podre.

Ao olhar para o lago, ele viu uma forma abissal emergindo das profundezas. Era uma criatura indescritível, e Kauhan recuou rapidamente. Ao fazer isso, tropeçou e caiu, batendo a cabeça. Enquanto tudo se tornava um borrão, ele desmaiou.

Quando recobrou a consciência, Kauhan se viu acorrentado no fundo do poço. Confuso e com raiva, ele começou a gritar por ajuda, sem saber que algo muito pior estava prestes a acontecer.

O local escuro e quente exalava um odor insuportável de morte. As paredes rochosas eram o lar de morcegos de olhos vermelhos e famintos por sangue humano. Kauhan estava prestes a enfrentar seu pior pesadelo, um dragão de quatro elementos, que o encarava com olhos ferozes e uma cauda espinhosa.

Cansado e exausto, Kauhan reconheceu que não tinha energia para lutar. No entanto, ele sabia que precisava encontrar uma maneira de escapar. Com suas mãos sujas de lama, ele começou a cavar um buraco na esperança de encontrar um caminho para fora.

Enquanto cavava, o dragão continuava a farejar seu rastro, determinado a encontrá-lo. Kauhan cavou mais fundo, até que finalmente chegou a uma rocha amarela e quente. Sem saber, ele tinha descoberto um ovo de dragão prestes a chocar.

O destino de Kauhan estava prestes a tomar um rumo ainda mais perigoso, enquanto ele se esforçava para sobreviver no fundo do poço escuro e desconhecido.

Poemas: Sociedade dos poetas uivantesOnde histórias criam vida. Descubra agora