Capítulo 4

2.5K 194 49
                                    


Meu coração disparou, chacoalhando desordenadamente no peito.

– É só uma mulher –, falei para o quarto vazio; depois dei um tapinha na própria cabeça. Já sabia que era um pouco mais que isso.

– Alô.

– Alô, Camila.

Deus do céu, a voz dela era como uma corrente elétrica correndo em minhas veias, pulsando entre suas coxas.

– Olá, Lauren.

– Como você está esta noite?

– Bem, muito bem.

Será que ela ligou para uma conversa fiada? Eu não poderia aguentar isso. Coloquei uma almofada bordada no colo, enrolei as bordas nos dedos.

– Não quer saber como estou? –, ela perguntou com uma voz bem-humorada.

– Sim, claro. Desculpe. Eu estava... muito concentrada em uma pesquisa quando você ligou. Minha mente estava divagando.

– Terei de me esforçar muito para chamar sua total atenção.

– Não pense...

– Fique tranquila. Sei muito bem como lidar com isso.

Fiz uma pausa, gaguejei, mas ela prosseguiu.

– Essa é a razão pela qual estou ligando. Temos de começar a nos preparar para nossa primeira vez juntas.

– Ah...

Quando é que eu fiquei assim, sem palavras, diante de uma mulher? Mas só conseguia pensar nas mãos dela sobre mim, amarrando-me. Tocando-me.

Sequer consegui pensar além disso, embora soubesse que haveria mais. E estava lutando contra minha reação a ela, centímetro por centímetro.

Trate de se recompor.

– Pensei que você fosse me mandar um e-mail.

– Eu também.

Esperei, mas Lauren não parecia querer se explicar, o que me perturbava mais ainda.

– O... qu... que eu preciso saber? –, Perguntei.

– Ambas precisamos saber quais são nossos limites. Ou desejos. Muita gente costuma escrever questionários, mas eu prefiro conversar. Posso avaliar melhor se ouvir suas respostas ao que quero saber.

– Então você agora virou psicóloga?

Ouvi quando ela suspirou.

– Camila, se vamos fazer isso, ser sarcástica comigo só vai atrapalhar.

– Tem razão. Desculpe. É que isso não é natural para mim. – Sentei-me no sofá, ainda agarrada à pequena almofada.

– Estamos apenas conversando, tudo bem? – O tom dela mudou; agora era mais suave do que de comando, como se ela pudesse ler meu estado de espírito, minhas necessidades pelo telefone.

– Sim. Tudo bem.

Eu iria fazer isso. Mas meu coração parecia um pequeno martelo no peito.

– Primeiro, preciso saber se você tem algum conhecimento do que significa escravidão sexual e sadomasoquismo. Sei que andou lendo muito, reuniu informação. Mas me diga qual é sua definição. O que ficou sintetizado em sua mente.

Pensei um pouco sobre tudo o que li a respeito, minhas breves conversas com Jennifer, as pesquisas feitas on-line.

– Bem, sei que tem a ver com escravidão e disciplina, dominação e submissão, sadismo e masoquismo.

Luxúria - IntersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora