Capítulo 2

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Lauren Jauregui 


Fechei a porta lateral da garagem e subi as escadas. Enfiei a chave na fechadura da pesada porta de madeira, empurrando-a com o pé e fechando-a atrás de mim com um forte empurrão. Arranquei a jaqueta de couro, pendurando-a no cabide que, em seguida, deixei cair.

Murmurei uma reclamação.

Por que diabos estava tão alterada?

Não havia nenhuma possibilidade de perder no acordo feito com Camila Cabello. Podia pressentir tendências submissas em uma mulher a uma boa distância e ficara sentada bem perto dela. Suficientemente próxima para sentir o aroma de baunilha de seus cabelos castanhos, misturado com algo mais. Algo picante, puro sexo.

Levantei-me até o outro lado da sala e pequei um copo e me servi de duas doses de uísque escocês, puro.

Camila seria um desafio, logo percebi. Mas gosto de um desafio. Não era isso que me deixava tão inquieta. Não. Era o fato de ter de possuí-la. Tinha de ter essa mulher, de uma forma que era impelida a tocá-la muito além daquela mão. Sem dúvida nenhuma.

Precisava colocar as mãos naquela pele nua. Tinha de dominá-la, sentir seus músculos se relaxarem quando se entregasse a mim... tinha de... Não gostava disso. Não gostava nada de me sentir tão comandada pelo desejo que sentia por ela. Qual tinha sido a última vez que passara por algo assim? Houve alguma?

Não era o tipo de mulher que necessitava de alguém. De nada. Aprendi bem com meu pai. A chave era a independência. Conhecimento, experiências: essas coisas, sim, importavam. E eram uma das razões pelas quais passei a maior parte da vida procurando respostas: lendo, viajando pelo mundo. Nada ainda bastante conclusivo.

Mas eu não tinha de pensar em meu pai nesse momento. Era uma dor que parecia jamais desaparecer. Amortecida, depois de tantos anos, mas ainda presente. Como uma ferida eterna.

Engoli boa parte da bebida, sentindo-a queimar enquanto descia garganta abaixo. Mas não ajudou a me acalmar. Peguei o copo e fui até a ampla janela, com vista para a cidade.

Seattle estava cinza como sempre, mas havia manchas claras no céu escuro do final da tarde e eu podia ver a silhueta distante da ilha Bainbridge, além de Puget Soud. Tomei meu uísque, refletindo sobre o cenário à minha frente.

Pensando em Camila, cacete!

Deveria ter alguma coisa a ver com a maneira como ela se conduzia, tão controlada. Eu sabia o que acontecia quando uma mulher assim abria a guarda. Era forçada a fazer isso.

Eu jamais forçarei uma mulher, de fato. Vivia sob o credo "seguro, sadio e consensual", como a maioria das pessoas que participavam de meu círculo de clubes e grupos dedicados à escravidão sexual e ao sadomasoquismo. Mesmo assim, isso não ia alterar o fato de que, se eu fosse capaz de levar Camila ao subespaço, se eu conseguisse que ela se abrisse e relaxasse, ela se entregaria. Iria se revelar inteiramente.

Onde diabos estava minha autoconfiança hoje?

Talvez isso estivesse acontecendo porque eu a desejava muito. Demais.

Quase tive uma ereção apenas de pensar nela, lembrando-se de seu rosto, Daqueles olhos castanhos. Brilhante, intensa, sua inteligência refulgia. E aquela boca de veludo vermelho, como o próprio sexo.

O corpo dela era esguio, atlético, com curvas. Eu gostava disso. E também da delicadeza de suas clavículas, seus pulsos, suas mãos. Seios pequenos, mas firmes e marcados sob a malha macia. Eu não precisava que uma mulher tivesse seios grandes. Isso nunca me preocupou. Mas uma bunda bem feita era digna de olhar.

Luxúria - IntersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora