Capítulo 17

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Camila Cabello



Finalmente recupero o meu fôlego. O peso de Lauren sobre meu corpo não estava ajudando, mas não queria que ela se movesse. Eu estava toda dolorida. Exausta. Exultante.

O que havia acontecido entre nós? Aquilo tinha sido diferente. Houve jogo de poder, não duvidava. Me senti dominada por ela. Tinha mergulhado naquilo rapidamente, minha cabeça tinha esvaziado no momento em que ela passou pela porta. As mãos dela foram rudes, mas eu adorei.

Não pense nisso.

Não queria saber o que significaria refletir a respeito. Não, quando pensava muito no que estava acontecendo, o medo voltava, devorando o prazer.

Pare.

Sim, parar de pensar e simplesmente ficar ali. Com ela.

Podia sentir seu cheiro sobre o meu. Aquele odor de oceano e floresta, suor e sexo.

O cheiro dela era bom.

Deus do céu, quando é que meus pensamentos haviam dado aquela virada? Foi acontecendo pouco a pouco, desde que a conhecera. Mas a coisa estava ficando totalmente fora de controle.

Eu estava voltando à terra agora. Mais consciente de meu corpo, do peso de Lauren sobre o meu, do som de sua respiração entrecortada. A textura da pele sob minhas mãos. Seus longos cabelos negros, espalhados sobre suas costas, com cheiro de hortelã, a pele de seu rosto macio contra o meu. E, quando passou por minha cabeça a ideia de que não queria que ela se movesse, jamais, isso veio com uma pequena onda de pânico.

Fiz força para me controlar e engolir o medo.

Lauren levanta a cabeça, olhando para mim. Seus olhos tinham um tom mais brilhante de verde, me fazendo ficar sem fôlego. Ou talvez fosse a ansiedade, a qual eu tentava me livrar.

– Camila? O que foi?

– Como?

– Seu corpo inteiro se enrijeceu.

– Eu... eu estou bem. É que você é um pouco pesada...

– Ah... sinto muito.

Ela saiu de cima e, para mim, foi como uma grande perda. Também senti falta do calor de seu corpo quando Lauren se equilibrou sobre os joelhos. Ela ainda estava entre minhas coxas, e eu queria apertá-las para mantê-la exatamente ali e fazer com que me penetrasse uma vez mais.

Nunca era demais.

Engoli seco, a emoção como um nó apertado em minha garganta.

O que há de errado com você?

Ela estava me olhando. Não daquele jeito penetrante de sempre, mas como se houvesse uma camada de névoa. Era muito intuitivo, e eu não queria falar, naquele momento, sobre o que estava me acontecendo. De fato, nem eu sequer se entendia.

Ela estendeu a mão e passou um dedo em meu rosto, acariciando meu queixo, mandíbula, o lábio inferior. Sorriu, e eu me derreti. Senti-me amolecer inteiramente, os membros quentes e líquidos. Não sabia como lutar contra aquilo.

Percebi que nem queria.

Por que faria isso?

A ideia me surgiu como um choque: súbita, mas clara. Por que não explorar aquilo, simplesmente, sem me questionar sobre cada pensamento, cada sensação, cada ato de intimidade entre nós duas? Nenhuma das duas estava querendo convidar a outra para ver o pôr do sol juntas. Isso deveria ser suficiente para me manter a salva.

Luxúria - IntersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora