Camila Cabello
Precisei de alguns minutos para respirar, retoquei o batom, lavei minhas mãos, deixei que a água fria escorresse por meus pulsos. As maçãs de meu rosto ainda estavam coradas quando saiu do banheiro, mas não queria deixar ninguém esperando mais tempo. Não queria que ninguém fizesse perguntas. Felizmente elas estavam profundamente envolvidas em uma conversa quando retornei à mesa.
Lauren se levantou para que eu pudesse entrar na cabine, mal olhando para mim, embora tenha estendido o braço sobre meus ombros quando estávamos sentadas. Ela inclinou-se para frente, falando com Vero.
– Descobri alguns ótimos lugares para ficar quando formos para lá. Uma bela mistura. Há aquele extraordinário espaço sobre o qual uma amiga falou, bem na praia. Apenas grama sobre a areia, realmente primitivo, mas eu achei que você não se importaria.
– Não, de jeito nenhum. Você me conhece. Posso dormir em uma cama de pregos se for preciso.
– Dizem que a comida é incrível e que lá tem uma das melhores praias. E, no caminho, podemos parar em São Francisco, no primeiro dia, e depois talvez em Santa Bárbara.
– Gosto de Santa Bárbara – Vero falou, tomando seu saquê. – Há uma pequena galeria com uma coleção de antigas esculturas eróticas japonesas de marfim e osso. Espere até vê-las. Você vai ficar louca por elas. Onde quer parar em São Francisco?
– Vocês irão para São Francisco? – Pergunto, pegando a comida com os hashis, na tentativa de agir normalmente. Na esperança de evitar que minha cabeça girasse. E de não me lançar sobre o corpo de Lauren, ali a meu lado, simplesmente desistindo de lutar e derretendo-me nela.
– Não. Vamos para a Baixa Califórnia dentro de poucas semanas. São Francisco será apenas uma parada de uma noite.
– Baixa Califórnia? México?
– Sim – Verônica responde. – Uma viagem de moto. Temos planejado isso há muito tempo. Finalmente conseguimos uma pausa no trabalho, tenho um período aberto em minha agenda no tribunal. Você já esteve lá?
– Eu... não – meu estômago deu um nó, que foi ficando cada vez mais apertado.
Lauren. Em sua moto. Viajando para o outro lado do país. Ou pelo menos até o extremo sul, em direção ao México. Quantos dias na estrada, na moto? Quantas chances dela sofrer um acidente de novo? Desafiando as probabilidades. Naquele dia, ela se saiu bem. Mas da próxima vez...
Imagens de Sofia, seu corpo massacrado. Minha irmã caçula. Eu que tive de ir ao hospital. Minha mãe não tinha condições de enfrentar aquilo. Tive de identificar o corpo. Seu pobre e lindo corpo irremediavelmente ferido. Jamais conseguiria tirar aquela imagem de minha cabeça. Nem de meu coração.
Meu coração também ficara danificado e sem cura.
De novo não!
Como é que ela podia fazer isso? Não agora. Não quando tinha meu amor. Era tremendamente perigoso. Eu poderia perdê-la.
Você vai perdê-la de qualquer jeito. Na verdade, não ia mesmo ficar com ela.
Não agora, que a amo. Porque você não pode amar ninguém.
Coloco a mão na cabeça, subitamente dolorida.
– Camila? – havia preocupação na voz de Lauren. Não conseguia nem olhar para ela. – Você está bem? A comida não está assentando bem?
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Luxúria - Intersexual
FanfictionLuxúria ou lascívia (em latim: lascivia) é uma emoção de intenso desejo pelo corpo. Segundo a doutrina católica, é um dos sete pecados capitais. Camila Cabello, uma jovem escritora de romances eróticos, não percebe o quanto Lauren Jauregui, a jovem...