Capítulo 11

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Camila Cabello


Peguei no sono poucos minutos antes de o celular tocar. Procurei cegamente por ele, alcancei na mesinha de cabeceira e atendi.

– Alô?

– Você foi embora.

– O quê? Eu... Lauren.

– Por que, Camila?

Afastei o cabelo do meu rosto, tentando fazer meu cérebro funcionar. Por que havia ido embora? Me lembrei do calor da imensa cama dela, do corpo a meu lado, do absoluto conforto daquela presença. E de meu medo pelo tanto que gostei de estar lá. Precisava estar lá. Com ela.

Meu pulso se acelerou, meu coração começou a disparar.

– Eu apenas... tinha de ir embora.

Ela suspirou silenciosamente do outro lado da linha. Ou talvez fosse um sinal de irritação.

– Camila, temos de conversar sobre isso.

– Por que é parte de seu trabalho como dominadora?

– É parte de meu trabalho. Você é minha responsabilidade depois de uma sessão. Preciso saber que você está bem antes de deixá-la.

– Fui eu que a deixei.

– Sem conversar comigo.

A raiva ardeu em meu peito.

– Eu lhe disse, Lauren, não sou uma escrava qualquer.

– Não, mas há regras por uma razão, independentemente do nível de poder envolvido no jogo. Para manter você segura.

– Estou perfeitamente segura.

Ela ficou em silêncio, por um instante. Depois, falou com tranquilidade, mas a raiva era aparente em sua voz:

– Porra, Camila! Reconheço como você é forte. Como é competente em sua vida diária. Mas toda essa coisa não se aplica aqui. Não quando você se entrega a mim. Quando sou eu que a conduzo para aquele espaço onde você não é capaz de tomar decisões, de cuidar de seu próprio bem-estar. E você é muito novata nisso para julgar direito o momento em que saiu daquele estado.

Será que ela tinha razão? Não podia saber, de imediato. Eu ainda estava muito cansada.

– Camila? Você ouviu o que eu disse?

– Ouvi, sim. Eu estou... pensando.

– Bem, então pense nisso. Não vou interagir com uma mulher que não respeita as regras que estipulei. E uma dessas regras é que eu decido quando você está bem para ficar sozinha.

– Por que você está tão zangado, Lauren? Estou em casa, na cama. Dormia ou tentava pegar no sono, até que você ligou. Estou obviamente bem.

– Está?

– Sim. – A mentira rolou de minha língua fácil demais.

– Sua primeira experiência com o jogo da dor, sua primeira vez em um clube de fetiche e você está perfeitamente bem? Nenhuma confusão com o que aconteceu com você, nenhuma dificuldade de aceitar sua reação, seus desejos? Mesmo que isso seja a antítese de como você normalmente é?

– Não foi o que eu disse.

– Não. Nem precisava. Olhe, Camila, eu faço isso há muito tempo. Desenvolver certa intuição, entender as transições pelas quais passa uma pessoa que entra no ambiente é parte do trabalho de um bom dominante. E sou muito boa no que faço. Então tentar me dizer que está perfeitamente bem, que não foi afetada pela noite passada é pura bobagem.

Luxúria - IntersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora