Luxúria - Intersexual

Capítulo 20

Lauren Jauregui

Me sentei na imensa mesa de carvalho do escritório de minha casa, olhando para o monitor do computador e para fora da janela. Deveria estar procurando online por lugares onde ficar, em minha próxima viagem de moto com Verônica para a Baixa Califórnia, no México. Nós havíamos conversado a respeito disso durante meses, e já era hora de fazer planos sólidos. Haveria, em breve, um lapso de tempo entre meus prazos de entrega de livros, e Vero já acertava para tirar umas folgas do escritório naquele período. Eu ansiava por isso: algumas semanas na estrada com minha moto favorita. Aquela sensação de liberdade absoluta. Iriamos mergulhar naquilo. Praticar parapente. Ficar na praia.

Por que não estava concentrada naquilo hoje? Por que minha mente estava vagando?

Lá fora o céu estava com o cinza habitual de Seattle, a débil luz do sol filtrada entre as nuvens, clareando-as em tons de prata e branco. Eu amava o céu de Seattle, melancólico. Mas hoje aquilo me atormentava.

Não, não era isso. Era Camila.

Não tinha sido capaz de pensar direito desde que a deixei naquela manhã de terça-feira. Há quatro dias estava assim. Era demais para minha cabeça. Ficava mal-humorada.

Exceto quando ligava para ela, à noite. Toda noite. Ficávamos falando durante uma hora. Jamais falei tanto ao telefone em minha vida.

Nem sequer ousara vê-la ainda. Estava muito vulnerável desde aquele momento com ela.

Talvez devesse ir ao clube aquela noite. Vero iria estar lá, bem como outros conhecidos. Mas a verdade é que eu não queria ir sem Camila. Não podia suportar jogar com ninguém mais.

Camila...

Não pense nisso. Apenas faça.

Passo os dedos por meu rosto, esfregando o queixo. Depois, pego o telefone e, enquanto discava, fico batendo com a caneta no tampo da mesa.

– Alô?

– Camila. Vou levá-la ao Pleasure Dome esta noite. Não diga não.

– Lauren. Eu... está bem. Não direi.

Me levanto, começou a andar de um lado para outro sobre o tapete persa que cobria o piso de madeira escuro. O toque era áspero sob meus pés descalços.

– Ótimo. Vou pegá-la às nove.

– Estarei pronta.

– Use algo que seja fácil de tirar.

Meu pênis ficou duro só de pensar: a pele bronzeada de Camila sendo revelada centímetro por centímetro, enquanto eu escorregava o tecido de suas vestes a partir dos ombros delicados. Aqueles incríveis cabelos espalhados por todo canto, em minhas mãos...

– Algo mais, Lauren?

– O quê?

– Há algo mais que você queira que eu faça?

Ah, amava quando a voz dela ficava assim tão suave. Quando ela começava a deslizar para o subespaço. Gostava que isso acontecesse apenas por lhe dar simples instruções sobre o que usar.

– Não. É só isso. – fiquei quieta, o olhar vagando pelo horizonte enevoado, mais uma vez.

Trate de se compor.

– Camila?

– Sim?

– Mal posso esperar para ver você.