Empty Place

979 134 55
                                    

Quando o Naruto disse que iria voltar para casa senti a urgência de pedir para que ficasse mais um pouco. Meu irmão estará indo na próxima semana e a casa ficará vazia. Acabei por acostumar a movimentação na residência e principalmente a ser recebido pelo Kurama ao chegar de qualquer lugar que fosse.

Acompanhei o carro partindo até sumir de minhas vistas. Com um profundo suspiro fui para a lanchonete mais próxima comprar algo para comer; quando abri a porta do apartamento esperei ouvir as patinhas correndo pelo corredor. Soltei um alto resmungo quando notei o que fiz.

— O que foi? — Ouvi Itachi perguntando, levantando o olhar do bloco de notas onde escrevia, o violão sendo usado de apoio.

— Nada.

— Sei. — Ficou em silêncio. — Já sentindo falta do Naruto? — Tocou uns acordes aleatórios.

— Não enche. — Larguei os lanches na mesa de centro, me jogando no sofá em seguida, cobrindo os olhos com o antebraço.

— Deixe de má educação. — Senti a almofada que arremessou me atingir com pouca força. — Vai chamá-lo para jantar conosco na noite anterior à minha partida, certo?

— Deveria?

— Certo, então eu chamo. — Rolei os olhos, ele ignorou. — Ele vai ficar bem? Toda essa com a família e a relação de vocês parece bem séria.

— Eu não sei. E não posso evitar de me preocupar.

— Não deveria tê-lo deixado ir sem tudo resolvido.

— O que queria que eu fizesse? O amarrasse? Eu tentei, e não foi uma só vez.

— Olhando vocês esses dias — me encarou — consigo entender o porquê a empresa os escolheu e porque o público apoia. São bonitinhos juntos. — Rolei os olhos novamente. — Estou falando a verdade. Foram inteligentes. Vocês têm ares de contos de fadas, de casal que ficará junto para sempre. E, diante disso, afinal de contas — seu tom era sério —, você gosta do Naruto?

— Claro. Quem não gosta dele?

— Sabe muito bem do que estou falando. Não se finja de bobo.

— Não sei — respondi após algum tempo.

— Não sabe? — Ria.

— É. Não sei. Aprendi a gostar dele. De ter carinho por ele. De fazer o que a empresa pede sem estar atuando completamente. E gostei de beijá-lo, talvez mais do que devesse. Mas não sei se me sinto apaixonado ou... Sei lá.

— Você deveria se resolver logo. Uma hora isso vai machucar alguém, e com quase toda a certeza, esse alguém não é você. — Ainda mantinha a seriedade na voz. — Vocês estavam agindo como um casal antigo. Ou tem câmeras na casa e eu não sei? — Ria um pouco, mas logo voltou para o tom anterior. — O Naruto gosta de você, e se continuar desta forma irá parecer que está iludindo ele. Ou você encara isso de frente ou restringe as interações para apenas o necessário, quando necessário. — Fiz uma careta para suas palavras, sabendo que ele tem plena razão sobre tudo.

Meu relacionamento com o Itachi sempre foi dessa maneira. Sempre o vi como o meu herói durante toda a minha infância. O admirava intensamente e ainda o faço. Tomando muitas de suas atitudes para mim, como o fato de não ligar para os holofotes e câmeras que me ronda o tempo todo; aprendi com ele a lidar com a fama, já que sempre o via com alguns paparazzis ao redor e ele sempre parecia fazer de conta que eles não existiam.

Desde o dia que ele chegou e que saímos juntos temos visto nossos nomes nas plataformas de fofocas, tabloides esses que foram à loucura quando viu o Naruto se juntar as nossas saídas. Pois isso não fiquei tão surpreso quando vi nosso beijo em uma capa, na verdade, esperava que isso fosse acontecer, afinal, não fomos exatamente as pessoas mais discretas ao fazer aquilo. Porém, se soubesse que daria tanto problema, teria segurado o meu impulso, não por mim, mas pelo Uzumaki. Tenho uma boa parcela de culpa nesse acontecido, nós dois também lidamos com a mídia de formas bem diferentes. Eu deveria ter pensado nesse quesito. Diferente de mim, Naruto não vem de uma família acostumada aos palcos. Desde criança acompanhei meus pais serem alvos de flashes aqui e ali.

Faz de ContaOnde histórias criam vida. Descubra agora