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Acordei em um pulo ao escutar certo alvoroço dentro da casa, haviam muitas vozes e dentre elas uma mulher falava alto. Tateei o celular para saber a hora; 10h37. Sai da cama e então escutei violentas batidas em minha porta. Senti o coração disparar.

— O que está — arregalei os olhos — mãe?

Eu não estava entendendo nada. O que Kushina fazia ali? Seu rosto estava tão vermelho quanto os cabelos na cabeça. Segurava com força uma revista que amassava.

— Dona Kushina — Itachi tentou, mas foi interrompido.

— Pode me explicar essa pouca vergonha? — Empurrou a revista em meu peito, dei dois passos pra trás por não esperar o movimento intenso.

Foi então que entendi o motivo de toda a sua euforia. Alguém nos fotografou no jantar de ontem, ou melhor, o nosso beijo estava na capa como principal manchete. Fiquei sem palavras, obviamente.

"Uchiha Sasuke e Uzumaki Naruto trocam confissões, beijos e carícias em restaurante, veja a matéria completa na página 5 "

— Vamos para casa. Agora. — Era uma ordem.

— O Naruto não vai a lugar algum. — Era o Sasuke.

— Não se envolva. — Lhe apontou o dedo. — Isso são assuntos de família. — O olhava com desprezo. — Vamos, Naruto, não tenho todo o dia.

Virei para dentro do cômodo, indo até a minha mochila. Peguei as roupas que estavam fora, guardando-as de forma desleixada.

— Ei! — Sasuke irrompeu no ambiente. — Sabe que não precisa fazer isso. — Tocava meu ombro.

— É melhor assim. Ela não vai parar. Posso deixar o Kurama aqui? Virei buscá-lo, amanhã após as gravações.

— Claro que pode, mas não precisa ir.

— Você não entende. — Sorri um pouco, pondo a sacola no ombro. — Desculpa ter te feito passar por isso. — Toquei seu rosto, selando o canto de seus lábios. — Obrigado.

Me despedi brevemente de meu cão, e a partir daí o silêncio foi sepulcral durante todo o nosso trajeto até o elevador, até o carro e, para a minha surpresa, até o meu apartamento. Eu já nem mesmo sentia o coração batendo. Em minha cabeça via apenas branco.

— Sente-se — ela disse, o tom era calmo, mas havia ordem ali. Sentei no sofá mais próximo. — Juro, juro que quero apenas entender —

Minha casa parecia errada, fria e distante com as cortinas abafando a luz do sol de entrar. Minha cabeça se manteve baixa durante todo o seu falatório. Eu me sentia pequeno, me via novamente naquele terninho e bermuda de alfaiate. Os cabelos hoje arrepiados em sua forma natural, estão puxados para trás pelo gel e escova — nenhum fio fora do lugar. Sinto-me tão infantil quanto um dia já fui.

Olhando para as minhas mãos unidas em meu colo, vejo a sombra de seu vestido balançando de um lado para o outro enquanto ela fala avidamente. Sua voz é calma em alguns momentos, mas sinto a repulsa e o cheiro do nojo exalando dali. Alguma coisa dentro de meu peito está doendo, e não sei explicar o que é.

— Você vai voltar a morar conosco. Irei deixá-lo e buscá-lo no estúdio —

— Ficou louca? — Houve um lampejo de realidade em meu cérebro.

— Como?

— Eu não vou. Não sei o que está pensando, mas não. — Levantei, a testa franzida. O que ela pensa que está fazendo?

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