Capítulo 1 - Hinata
Hinata abriu os olhos, mas não tinha vontade nenhuma de se levantar. Pegou o celular que estava na pequena mesa que havia ao lado de sua cama e olhou as horas. Havia acordado poucos minutos antes do despertador tocar, o que o fez suspirar, podia ter dormido um pouco mais. Enfim ergueu o corpo e tentou mover as pernas, que permaneceram imóveis, como sempre. Se perguntava o motivo de continuar tentando, afinal, era mais do que óbvio que as coisas não se consertariam num passe de mágica. Fazia isso há cerca de 4 anos, mas por algum motivo, não conseguia parar de tentar.
Ouviu o barulho de algo caindo, provavelmente na cozinha e soube que Kenma já estava acordado. Havia se mudado há 1 ano e meio para a casa do amigo, que era praticamente a única pessoa que tinha conhecido no ensino médio com quem manteve contato após seu acidente. Na verdade, por consequência, também tinha Kuroo, já que ele era o namorado de seu melhor amigo. Kenma não havia realmente convidado Hinata para morar consigo, praticamente o obrigou, já que sabia que se dependesse do ruivo, ele jamais teria saído da casa dos pais, e mesmo que não parecesse, se importava muito com o amigo.
Hinata se ajeitou na cama, colocando as pernas para fora, enquanto procurava as roupas com o olhar, até perceber que havia se esquecido de deixar separado em cima da cadeira de rodas como costumava fazer. Apenas suspirou, deixaria para se trocar após o café da manhã. Sabia que podia pedir a ajuda de Kenma, mas não queria atrapalhar o amigo, que provavelmente estava preparando o café para os dois. Sentou-se então na cadeira de rodas e se dirigiu à cozinha.
— Bom dia! — Kenma falou, vendo Hinata se aproximar. — Ué, ainda de pijama?
— Bom dia...Eu esqueci de separar as roupas ontem.
— Ah, quer que eu pegue pra você?
— Não precisa, eu consigo. — Fez uma pausa. — O que você está fazendo pro café?
— Eu desci na padaria e comprei pão e bolo, mas fiz um café fresquinho também. — Kenma respondeu, sorrindo para o amigo. — Ah, eu vou sair hoje de noite com o Kuroo, é nosso aniversário de namoro, tinha esquecido de avisar.
— Sem problemas.
Kenma então serviu o café para Hinata em uma xícara, enquanto ele cortava um pedaço de bolo. Os dois realmente se davam muito bem, nunca haviam tido uma briga sequer desde o dia em que se conheceram, apesar de serem muito diferentes um do outro. Durante o café, conversavam sobre as mais diversas coisas, aqueles momentos mais simples que tinham eram muito importantes para Hinata, principalmente porque Kenma era uma das únicas pessoas que o tratava como se nunca tivesse sofrido um acidente.
A verdade era que Hinata não sabia como seus outros amigos iriam o tratar. Havia deixado todos de lado, o fato de ter ficado paraplégico tinha o abalado demais, principalmente porque não poderia jogar mais vôlei. Ele passou a estudar em casa e ignorava todas as tentativas de seus amigos de entrar em contato, até mesmo Kenma, que só conseguiu ver Hinata depois de muita insistência. O ruivo havia perdido a vontade de viver naquela época e estava se recuperando aos poucos, mas não sabia se um dia iria voltar a ver os antigos amigos, não sabia se tinha coragem, afinal, havia sumido praticamente do nada. Era provável que Kenma tivesse contado para eles, mas não sabia, Hinata sequer citava o nome deles.
Após o café da manhã, Hinata voltou para seu quarto, deu um jeito de pegar as roupas sozinho e se trocou. Ele trabalhava numa floricultura que ficava praticamente ao lado do prédio onde morava, e assim podia ajudar Kenma, que trabalhava como criador de conteúdo no youtube, a pagar as contas. Vestiu uma blusa de botão estampada com listras pretas e brancas e uma bermuda, a floricultura era bem simples e dava a liberdade para oo funcionários usarem o que quiserem, desde que estivessem com o avental da loja por cima, mas como a função de Hinata era ficar no caixa, ele não precisava usar.
— Já está pronto para ir? — Kenma perguntou ao entrar no quarto de Hinata.
— Estou sim.
Kenma trabalhava em casa, mas todos os dias levava Hinata na floricultura. Ficava perto de casa, então não era incômodo nenhum, mas não o acompanhava por achar que ele não podia ir sozinho, só ia realmente para o acompanhar. Quando conseguia, Kenma também ia até a floricultura almoçar com o amigo, talvez podia-se dizer que os dois eram praticamente inseparáveis, já que estavam quase sempre juntos.
Saíram de casa faltando 10 minutos para o horário de trabalho de Hinata, Kenma falava para o amigo sobre como estava animado para o jantar que teria naquela noite com Kuroo, que estava em período de provas na faculdade na semana passada e ele e Kenma não puderam se ver. Hinata era um admirador do casal, sempre via como os dois estavam felizes e isso o deixava feliz também, afinal, torcia muito para seu melhor amigo, que sempre o apoiou.
— Eu volto pra casa sozinho, ok? — Hinata falou, sorrindo para o amigo ao chegarem na floricultura. — Use todo seu tempo livre pra se preparar pro jantar, ok?
— Ok! — Kenma fez uma pausa, como se estivesse pensativo. — Tem como pedir um buquê de rosas pra mim? Na hora do almoço eu venho pagar.
— Pode deixar!
O horário de trabalho de Hinata então começou e Kenma voltou para casa, precisava editar seus vídeos. O ruivo gostava bastante daquela floricultura, o ambiente era muito agradável em todos os aspectos, nunca imaginou que um dia fosse gostar tanto de flores e muito menos saber diferenciá-las, como agora sabia, e tinha orgulho disso.
Quando entrou no ensino médio, imaginava seu futuro de uma maneira completamente diferente de como estava naquele momento, mas as coisas nem sempre acontecem como o esperado. Hinata não podia dizer que estava satisfeito com as mudanças que ocorreram em sua vida, mas ele estava se esforçando para ser feliz de novo, ainda havia um longo caminho pela frente, ia dando um passo de cada vez e sabia que uma hora iria chegar lá.
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Sunflower
FanfictionApós sofrer um acidente, Hinata acaba perdendo toda sua vontade de viver e para de frequentar a escola e o time de vôlei, o que deixa Kageyama desestabilizado, fazendo com que ele também deixe o time. Anos mais tarde, um reencontro pode trazer a luz...