Capítulo 4 - Ansiedade

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Capítulo 4 - Ansiedade


     O coração de Hinata disparou ao vê-lo ali e ouvir sua voz após todos aqueles anos. Kageyama parecia diferente, e mesmo sabendo que era impossível alguém continuar sendo o mesmo de 4 anos atrás, o ruivo estava surpreso. Os olhares se encontraram, mas nenhuma palavra foi dita, nenhum dos dois sabia o que dizer naquele momento. Foi Oikawa quem teve de tomar uma atitude: aproximou-se e deixou o dinheiro sobre o balcão do caixa, evitando fazer contato visual com Hinata.

     — Tobio, vamos.— O mais velho pousou a mão sobre o ombro do amigo, indicando que deveriam ir embora. Kageyama apenas seguiu Oikawa em direção a saída da floricultura, olhando para trás antes de chegar até a porta, vendo Hinata abaixar a cabeça.

     As mãos do ruivo tremiam quando ele pegou o celular, suas lágrimas caíram sobre a tela enquanto procurava o número de Kenma nos contatos. Hinata não sabia exatamente o que se passava em sua cabeça naquela hora, apenas sabia que deveria ligar para seu melhor amigo e pedir para que o buscasse. Seu coração ainda não havia se acalmado, sentia algo estranho percorrer por todo seu corpo. Naquele momento, ele só queria ir pra casa.

     Após Kenma buscá-lo, Hinata passou longos minutos chorando com a cabeça apoiada no colo do amigo, que ainda não fazia ideia do que tinha acontecido. Sabia que ele estava tendo uma crise de ansiedade, era algo que acontecia com frequência quando começaram a morar juntos, mas o ruivo tinha tido uma melhora considerável desde então.

     — Kenma... Pega o balde.— Hinata falou baixo após erguer a cabeça.

     Kenma imediatamente se levantou e foi apressado até a cozinha para fazê-lo, não demorando para entregar a Hinata, que no mesmo instante vomitou ali. Ao observar o amigo, ele suspirou, estava preocupado, pensava que aquilo só podia ser um sinal de que não deveria contar sobre a mensagem de Kageyama, pelo menos não naquele dia. Levou uma das mãos aos fios alaranjados de Hinata e lhe fez um cafuné, não se importava de ficar ali o tempo que precisasse.

     — Me desculpa...— Hinata sussurrou.

     — Você não precisa pedir desculpa.

     — Mas eu estou te dando trabalho...— O ruivo fungou, limpando o nariz na blusa que usava.

     — Vamos fazer o seguinte.— Fez uma pausa, pegando o balde e o colocando no chão. Em seguida, abaixou-se na frente de Hinata.— Você vai parar de falar essas bobagens, vai tomar banho, colocar um pijama, sentar comigo no sofá e contar o que aconteceu, tudo bem?

     — Tá bom...

     — Quer ajuda ou consegue fazer tudo sozinho?

     — Acho que consigo sozinho. — Hinata respondeu, dando um pequeno sorriso pro amigo. — Se eu precisar de algo, eu te chamo.

     Enquanto Hinata tomava banho, Kenma mandou uma mensagem para o namorado, que tinha saído algumas horas antes para a faculdade. Contou a ele o que havia acontecido, dizendo que por enquanto não contaria sobre a mensagem de Kageyama. Quando chamou o ruivo para morar consigo, sabia que as coisas não seriam fáceis, na época ele ainda estava muito triste e vê-lo sem vontade de viver era doloroso, principalmente porque quando o conheceu, ele era cheio de vida e animava a todos. Kenma o convenceu a procurar ajuda e durante todo o processo, esteve ao lado de Hinata.

     — Então, pronto pra me contar o que houve? — Perguntou, sentando-se no sofá ao lado do amigo, cruzando as pernas.

     — O Oikawa apareceu na floricultura...

     — O Oikawa?

     — E você não vai acreditar em quem estava com ele. — Hinata suspirou e Kenma sequer precisava que ele lhe dissesse, a resposta já era óbvia. Aquilo era algum tipo de brincadeira do destino, por acaso?

     — Você não precisa me dizer. — Fez uma pausa. — O Kageyama estava com ele, certo?

     — Você sabia que eles iriam lá?

     — Não, mas nenhuma outra pessoa te deixaria naquele estado. — Hinata não respondeu, apenas suspirou novamente e Kenma passou o braço pelos seus ombros, se aproximando. — Acho que você precisa saber de uma coisa...Mas sendo sincero, eu não sei se é o momento certo.

     — Pode falar, acho que nada pode ser pior do que aconteceu hoje.

     — O Kageyama me mandou uma mensagem ontem, perguntando sobre você. — O mais velho pegou o celular, mostrando a mensagem que havia recebido.

     — Você não respondeu...

     — Não, não sabia se você iria querer que ele soubesse da sua vida. — Kenma então olhou sério, se ajeitou e com a mão livre, segurou a de Hinata. — Eu sei que você acha que as pessoas te esqueceram, mas não é bem assim, Shoyo. Eu sei que você pensa nos seus amigos todos os dias, principalmente no Kageyama.

     — Você e o Kuroo são meus únicos amigos, Kenma, eu me isolei de todo mundo.

     — Sim, você se isolou porque passou por uma experiência traumática. Eu tenho certeza que ninguém passou a se importar menos contigo por causa disso.

     — E como é que você pode ter tanta certeza?

     — Shoyo, presta atenção, você não fala com o Kageyama há quatro anos e mesmo assim ele me mandou mensagem querendo saber como vai a sua vida.— Kenma falou com o tom de voz mais sério. — Tudo bem se você não quiser acreditar no que eu digo, mas que tal você ver com seus próprios olhos?

     — Kenma... Onde você quer chegar?

     — Você não acha que está na hora de se reencontrar com as pessoas que você gosta? — Fez uma pausa. — Começando pelo Kageyama.

     — Eu tenho medo, Kenma... — Hinata desviou o olhar para a cadeira de rodas que estava parada a frente do sofá, engolindo em seco só de imaginar a possibilidade de seus antigos amigos o virem daquele jeito.

     — Pense nisso, Shoyo, e lembre que eu sempre vou estar aqui pra te apoiar. — Sorriu.

Hinata olhou de volta para Kenma, seu rosto já estava novamente molhado por causa das lágrimas, mas dessa vez, ele continuava calmo. Não sabia se estava pronto para dar um passo grande como aquele, porém agora, mais do que nunca, sabia que era preciso.

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