Capítulo 13 - Treino

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Capítulo 13 - Treino


Hinata tinha notado o quão inquieto Kageyama estava, e sabia muito bem que era porque estavam chegando ao ginásio da faculdade. O ruivo já tinha conversado com ele e tentado o acalmar, mas sabia muito bem que a ansiedade podia ser muito cruel às vezes. Olhou por cima do ombro para poder ver o rosto de seu namorado e sorriu, porém ele parecia muito concentrado no que estava fazendo.

— Eu prometo que quando tiver dinheiro, vou comprar uma cadeira de rodas motorizada.— Falou, enfim chamando a atenção de Kageyama.- Aí você não vai precisar empurrando pra lá e pra cá.

— Você sabe que eu não me incomodo em fazer isso, né?

— Eu sei que não, mas acredito que vá ser mais prático.- Hinata respondeu, aumentando o sorriso em seu rosto.

Quando enfim encontraram o ginásio, as portas estavam abertas e era possível ouvir o som que vinha do local. Kageyama suspirou fundo e continuou andando em direção à entrada, até se tocar de que haviam alguns degraus ali.

— Eu só queria saber qual a dificuldade de fazerem uma rampa ao invés de escada.— Hinata falou, bufando em seguida.- Rampa é mais seguro pra todo mundo.

— E ainda por cima são degraus meio altos...- Kageyama completou.

— Acho que ninguém espera que um cadeirante vá entrar num ginásio...Mas isso não é desculpa pra falta de acessibilidade.

— Eu vou pedir ajuda ao Oikawa, espere um pouco.

Kageyama entrou no ginásio, procurando pelo amigo, o encontrou falando com o treinador. Ele pediu licença e rapidamente explicou a situação a Oikawa, que se prontificou a ajudar de imediato. Os dois então foram até Hinata, o ajudando a enfim entrar no ginásio. O ruivo já estava acostumado com a situação, mas isso não significava que não o deixava desconfortável, muito pelo o contrário.

— Obrigado pela ajuda, Oikawa.- Hinata agradeceu.- Agora ignorem a minha presença e vão logo fazer o que interessa mesmo.— Seu tom de voz era bem humorado, ele estava animado por estar ali. Fazia muito tempo desde a última vez em que esteve em um ginásio como aquele.

— Não precisa agradecer, Shoyo! — Ele exclamou.— Tudo pelo homem que incentivou o Tobio a voltar a jogar.

— Pare de agir como se você fosse legal.

Oikawa levou Kageyama até o treinador e o apresentou, por mais que não fosse realmente necessário. Também o apresentou para o resto do time e o ex levantador da Karasuno descobriu que tinha outros conhecidos seus ali.

— Podemos fazer uma partida normal ou um dois contra dois.— Oikawa falou. Era o capitão do time e tinha pedido ao treinador para que o treino daquele dia fosse para ajudar Kageyama.- O que prefere, Tobio?

— Acho que dois contra dois.

— Certo, você e o Goshiki contra o Satori e eu.- Ele fez uma pausa, olhando para os outros colegas de time. - Você vai se sentir mais confortável jogando com conhecidos, acredito eu.

— É, eu acho que sim.

A partida logo começou e a princípio, Kageyama estava um tanto desajeitado, não parecia nada familiarizado com a bola. Porém, ao longo do jogo, foi se acertando aos poucos. Obviamente não estava jogando com a mesma habilidade, tinha ficado quatro anos parado, mas jogar vôlei estava no sangue do moreno.

Enquanto a partida acontecia, Hinata prestava atenção em tudo, mas seu foco principal era Kageyama. As mãos do ruivo estavam inquietas e cada vez que seu namorado levantava a bola, ele sentia seu coração disparar. Queria muito estar no lugar de Goshiki, cortando aqueles levantamentos, fazendo os ataques rápidos. Em algum momento, algumas lágrimas escorreram pelo rosto de Hinata, sem que ele sequer percebesse.

Kageyama estava com um enorme sorriso no rosto, ele e Goshiki tinham perdido a partida, mas sequer se importava com isso. Ele olhava para a bola de vôlei em suas mãos sem conseguir parar de sorrir. Tinha sentido muita saudade de jogar e precisava agradecer Hinata, já que sem ele, jamais teria pensado em voltar.

— É, Tobio, você vai ter que se esforçar pra me alcançar.— Oikawa falou, se aproximando do amigo.

— Ah, eu sei. Preciso recuperar os anos perdidos.

— Uau...Por essa resposta eu não esperava.- Ele fez uma pausa.- Mas falando sério, você nasceu pra isso. Eu esperava que fosse errar muito mais.

— Eu também...Mas mesmo se eu errasse, ainda estaria feliz.

— Você nunca deixa de me surpreender, não é mesmo?

Após Oikawa ter ido falar com o treinador, Kageyama foi até seu namorado, ainda com aquele enorme sorriso nos lábios. Notou que o rosto dele estava molhado e logo sua expressão se tornou de preocupação.

— Ei, está tudo bem?

— Está sim, meu bem.- Hinata fez uma pausa, sorrindo para Kageyama.— Eu apenas me emocionei um pouco...Estou muito feliz por te ver jogar de novo, e já estou ansioso pra te ver num jogo de verdade.

— Isso ainda vai demorar um pouco...- Kageyama voltou a sorrir, logo soltando a bola e segurando as mãos do ruivo.— Muito obrigado, estou aqui graças a você.

Quando o treino acabou, se despediram de Oikawa e do resto do time. Ao invés de voltarem para casa de transporte público, Kageyama preferiu pedir um táxi. Estava cansado e morrendo de preguiça de andar, além de saber que seria mais prático para Hinata.

Chegaram então no apartamento e Hinata mandou o namorado ir direto para o banho, dizendo que ele estava fedendo a suor. Kenma estava deitado no sofá jogando algo na televisão e pausou o jogo para olhar para o amigo.

— Esse cara vai morar com a gente, é?

— Só se você deixar.- Hinata respondeu, dando um sorriso divertido para o amigo.

— Não deixo.- Kenma fez uma pausa, respondendo o sorriso do ruivo com um bico.- Aliás, chegou uma correspondência pra você, tá ali na mesa.

Kageyama saiu do banho e logo foi para a sala, já vestido mas com a toalha na cabeça. Hinata sorriu ao vê-lo ali e levantou o envelope azul que tinha em mãos, mostrando para ele.

— Vem logo, quero abrir contigo!

Quando Kageyama se aproximou, Hinata deu alguns tapinhas em sua própria coxa, indicando que ele deveria se sentar ali. O moreno seguiu o pedido do namorado e com todo cuidado, sentou-se no colo do ruivo, passando um de seus braços pelos ombros dele.

— Posso abrir?— Hinata perguntou, vendo seu amado assentir. E então, com delicadeza, ele abriu o envelope, logo tirando o convite dali de dentro. O sorriso em seu rosto aumentou e logo começou a ler em voz alta os dizeres.

— ...Dia 26 de Janeiro às 16 horas.— Kageyama leu o final, apoiando a cabeça no ombro do ruivo, também sorrindo.- Perfeito.

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