Capítulo 2 - Kageyama

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Capítulo 2 - Kageyama


     Por algum motivo, Kageyama não havia conseguido dormir naquela noite, havia rolado na cama a madrugada inteira. Por mais que estivesse com sono, não conseguiu descansar de jeito nenhum. E agora estava se olhando no espelho, analisando as olheiras que tinham surgido abaixo de seus olhos. Ele simplesmente suspirou e decidiu tomar um banho gelado para ver se ajudava a melhorar todo seu aspecto de quem havia passado a noite inteira em claro.

     O plano era fazer café e tomar uma grande xícara após o banho, mas quando Kageyama abriu o armário da cozinha, à procura do pó de café, só encontrou o pote vazio. Ele suspirou, sabia que não teria um bom dia só por aquele começo. Vestiu suas roupas, pegou sua mochila e resolveu que iria parar na primeira loja de conveniência que visse para comprar um energético e algo para comer. Apesar de já estar morando sozinho há um tempo considerável, ainda não tinha se acostumado com o fato de que se não fizesse compras, não teria nada para comer.

     Ele sentia falta do ensino médio, especificamente do primeiro ano, onde tudo estava completamente bem. Estava em um colégio com um time de vôlei forte e tinha alguém para cortar seus levantamentos, sem contar que não dependia exclusivamente de si mesmo. Mas tudo começou a dar errado na metade de seu segundo ano, quando Hinata praticamente desapareceu e só foi ter notícias dele meses depois, quando Kenma entrou em contato dizendo que tinha conseguido falar com ele. A notícia do acidente do ruivo deixou Kageyama sem chão, principalmente quando ouviu que ele não poderia mais jogar vôlei. E aquilo mexeu tanto com o levantador, que ele mesmo parou de jogar. Era como se as coisas não fizessem mais sentido.

     Foi só após Hinata deixar de estar presente em sua vida que percebeu o quão importante ele era pra si. Kageyama percebeu que ele era muito mais que um baixinho irritante e muito mais que um companheiro de time. Nutria realmente um sentimento por aquele que sempre aparecia para para cortar seus levantamentos. E quando percebeu tudo isso, Kageyama voltou a insistir em falar com o ruivo, mas não teve sucesso nenhum, que só o fez pensar que era tarde demais.

     Kageyama ainda ia aos encontros da Karasuno, gostava de rever os antigos colegas de time, por mais que o clima não fosse mais como antes. Era desconfortável, porque parecia que todos estavam agindo como se não estivesse nada errado, e isso deixava o ex-levantador um tanto irritado.

     Ele caminhava na rua, procurando uma loja de conveniências onde poderia comprar algo para comer, estava com fome, mas não podia demorar, não podia se atrasar pra faculdade, o que acontecia constantemente. Quando enfim encontrou uma loja, entrou e rapidamente comprou o que queria, não era um café da manhã saudável, mas ele não se importava realmente, era um jovem adulto negligente com sua saúde.

     No caminho, acabou encontrando com Oikawa, o que não era surpreendente, moravam relativamente próximos e apesar de estarem em cursos diferentes, estudavam no mesmo lugar. Os dois haviam aprendido a apreciar a companhia um do outro, apesar de muitas vezes Kageyama se irritar com as atitudes do outro. A rivalidade entre os dois já não existia, mas Oikawa sempre tentava levá-lo para o time de vôlei da faculdade. Sabia que o mais novo amava o esporte e sabia que ele sofria por não estar jogando mais.

     — Tobio, adivinha só! — Oikawa exclamou ao ver Kageyama.— Eu levei outro fora.

    — E choca um total de zero pessoas.

    — Agradeço a sensibilidade.— O mais velho falou, fazendo um bico, como se estivesse magoado.

     — Não preciso ter sensibilidade, sei que você já está acostumado.

     — Você tem razão.— Fez uma pausa.— Mas eu realmente gostava dela.

     — Será que gostava mesmo, Oikawa?— Kageyama perguntou, pois sabia muito bem que o coração do amigo pertencia a outra pessoa, e essa pessoa não era uma garota.

     Oikawa não respondeu a pergunta de Kageyama, não queria entrar naquela conversa. O mais novo nunca tinha namorado na vida, como poderia saber mais do que ele? Apenas mudou o rumo da conversa, enquanto os dois caminhavam em direção à estação de trem. Ele havia percebido que o amigo parecia cansado, mas não sabia se deveria falar algo, sabia que alguns dias eram difíceis pro ex-levantador, mas Oikawa não era a melhor pessoa pra lidar com aquele tipo de coisa, então preferia ficar quieto do que correr o risco de acabar piorando tudo.

     Se separaram quando enfim chegaram a faculdade, cada um indo para sua respectiva sala de aula. Kageyama sentia-se mais pensativo do que o normal e sequer prestou atenção no professor que dava aula. Se perguntava se deveria ligar para Kenma, perguntar se ele tinha alguma notícia de Hinata, mas ao mesmo tempo se perguntava se não deveria deixar isso de lado, se não deveria seguir em frente e superar, faziam 4 anos que não via o ruivo, faziam 4 anos que tentava seguir sua vida, mas sempre acabava pensando nele e em como sentia sua falta, algumas vezes até se pegou imaginando como seria se reencontrar com ele.

     Será que um dia veria Hinata de novo?

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