Capítulo 5 - Diálogos

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Capítulo 5 - Diálogos


     Já havia se passado uma semana desde o dia em que Kageyama havia encontrado Hinata na floricultura. Ele não tinha conseguido dizer nenhuma palavra além do nome dele, e sentiu raiva de si mesmo por isso, mas ao menos tinha o visto. O ex-levantador só não voltou ao local no dia seguinte porque Oikawa o aconselhou a não fazer isso, já que não sabia se Hinata queria vê-lo. Desde então, Kageyama não conseguia parar de pensar no ruivo, passava o dia inteiro imaginando como seria conviver com ele novamente. Tudo parecia tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe.

     Kenma não havia respondido sua mensagem, então pensava que sua presença não era bem vinda na vida de Hinata. Se perguntava se o ruivo tinha raiva ou coisa parecida, por mais que não visse motivos para tal, porém, talvez achasse que o ex-levantador era quem tinha raiva. Kageyama só queria que seu antigo companheiro de time soubesse que se importava e que sentia sua falta, mas ele sequer fazia de ideia de como fazer isso.

     Estava terminando de escovar os dentes quando seu telefone vibrou, indicando que havia uma notificação nova. Ele pegou o aparelho em mãos e ficou surpreso quando viu que se tratava de uma mensagem de Kenma. Além de surpreso, Kageyama sentiu certa euforia, talvez estivesse escrito que Hinata queria vê-lo ou coisa do tipo.

     "Preciso conversar com você pessoalmente, é sobre o Shoyo."

     A euforia foi rapidamente substituída por preocupação. E se algo ruim tivesse acontecido a Hinata? Jamais se perdoaria por não ter dito nada quando teve a chance. Então respirou fundo, tentando manter a calma, sem dar espaço para paranoias. Não podia ficar sofrendo por antecedência.

     "Estou livre amanhã à tarde, pode ser?"

     "Pode. Te encontro às 15h na casa do Kuroo, te mando a localização."

     "Ok. Está tudo bem com o Hinata?"

     "Sim."

     Após a última mensagem de Kenma, Kageyama se acalmou, agora sabia que estava tudo bem com Hinata, afinal, não havia motivos para o outro mentir. De fato ainda estava ansioso, queria saber do que se tratava realmente a conversa. Será que o ruivo estaria lá, ou seriam apenas os dois?

     O dia seguinte chegou rápido e Kageyama decidiu que não iria para a faculdade, sabia que não prestaria atenção em nenhuma das aulas. Estava ansioso e tentava se manter ocupado para fazer com que a hora passasse mais rápido. Chegou a mandar mensagem para Kenma confirmando o encontro, e saiu de casa mais cedo do que pretendia.

     Não teve dificuldade para achar a casa de Kuroo, tinha olhado o endereço no Google Maps mais cedo para não ter risco de se perder. Tocou a campainha e foi Kenma quem o recebeu, mas não achou estranho, sabia que os dois ex-jogadores da Nekoma tinham um relacionamento longo. Pediu licença e entrou na casa quando o outro lhe disse para ficar a vontade.

     — Kageyama! — Exclamou Kuroo quando viu o mais novo entrar. — Seja bem vindo! Soube que você e o Oikawa estão na mesma faculdade, como está sendo dividir a posição com ele?

     — Ah, eu não jogo mais.— Kageyama respondeu, deixando o casal chocado.— Não jogo desde o ensino médio.

    — Isso é por causa do Shoyo? — Kenma falou, vendo-o assentir.— É, temos muito o que conversar.

     — Bom, eu vou deixar vocês conversarem a sós, se precisarem de algo, vou estar na cozinha. — Kuroo então deixou o cômodo, não querendo atrapalhar a conversa.

     Kenma falou para Kageyama se sentar e logo começou a contar algumas coisas sobre a vida de Hinata, agora que tinha autorização dele para falar. O mais novo deixou algumas lágrimas caírem enquanto ouvia, aparentemente não sabia de nada do que havia acontecido com o ruivo. Se sentia culpado por não ter insistido em vê-lo na época do acidente.

     — Bom, tem coisas que ele mesmo precisa te contar. — Fez uma pausa. — Principalmente sobre os sentimentos dele, eu estive presente, mas o Shoyo é o único que realmente sabe as coisas que sentiu.

     — Me pergunto se um dia ele vai querer me ver de novo...

     — Ele quer, Kageyama. No dia em que vocês se viram na floricultura, ele teve uma crise de ansiedade e nós conversamos sobre isso. — Kenma deu um sorriso sutil, olhando para o mais novo. — Eu falei que talvez já estivesse na hora dele reencontrar os antigos amigos, começando por você.

     — Ele quer me ver...?

     — Sim, o Shoyo quer te ver. Ele gosta muito de você... E eu sei que você gosta muito dele também. — Kenma então escreveu o número do ruivo num papel e entregou a Kageyama. — Esse é o número dele, mande mensagem quando estiver confortável. Agora me fale de você, por que não está mais jogando?

     — Ah... — O ex-levantador suspirou. Nunca tinha falado sobre aquele assunto com ninguém. Sempre que o questionavam, apenas dizia que o vôlei tinha perdido a graça. — Depois do que aconteceu no fundamental, o Hinata me ajudou muito, sabe...E depois que ele parou de ir à escola e aos treinos, meus levantamentos foram ficando impossíveis de serem cortados, eu fui perdendo a vontade de jogar até parar de vez. Não é a mesma coisa sem ele.

     — Vamos supor que o Hinata nunca tivesse sofrido um acidente. Em algum momento vocês não jogariam mais no mesmo time, você também pararia de jogar nesse caso?

     — Não, é diferente. — Kageyama fez uma pausa, sentindo seu coração bater mais rápido.— Mesmo se estivéssemos jogando em times diferentes, ele estaria lá, e estaria me motivando.

     — Entendo.

     A conversa continuou por mais algum tempo, Kageyama acabou ficando para o jantar. Os três conversaram muito, Kuroo também falou sobre Hinata e sobre o vôlei, querendo que o mais novo ficasse motivado. O casal sabia que aquela antiga dupla deveria reatar, sabia que os dois nutriam fortes sentimentos um pelo outro. Kenma não mediria esforços para ver Hinata feliz como costumava ser e para isso, precisava que Kageyama também estivesse feliz.

     Há quatro anos uma chama havia se apagado, e agora estava na hora de ser reacendida.

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