Capítulo 3 - Flores

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Capítulo 3 - Flores

     Kenma estava pensativo enquanto voltava para casa, após deixar Hinata na floricultura. E Kuroo, que havia passado a noite com ele após o jantar, obviamente tinha notado e sabia muito bem o motivo daquilo. Ele havia recebido uma mensagem de Kageyama, alguém com quem raramente falava, e era justamente perguntando sobre o ruivo, e não sabia como responder. Kenma queria respeitar o tempo de seu melhor amigo a todo custo, tinha medo de contar que estavam morando juntos e acabar fazendo Hinata passar por momentos ruins.

     — Acho que você deveria contar pra ele.— A voz de Kuroo se fez presente, chamando a atenção de Kenma.

     — Mas e se o Kageyama aparecer aqui de surpresa? Tenho certeza que o Shoyo não vai gostar.

     — Na verdade, eu estava falando de você contar a ele sobre o Kageyama, e não o contrário.— O maior fez uma pausa, olhando para o namorado, que parecia ainda mais pensativo após sua fala.— E como pode ter certeza de que ele não vai gostar? Eu tenho certeza que os dois sentem muita falta um do outro.

     — Eu tenho medo de ele não estar pronto, sabe?— Kenma suspirou.— Quero que ele se recupere no seu próprio tempo, sem pressão minha, do Kageyama ou de qualquer outra pessoa.

     — Certo, eu entendo seu ponto de vista, mas Kenma, já fazem uns 4 anos...Você não acha que o Shoyo pode se sentir deixado de lado? Sinceramente, eu acho que ele merece saber que tem alguém o procurando.

     — Você tem razão...— Fez uma pausa. — Acho que vou contar.

~

     Enquanto isso, Kageyama já havia descido do trem com Oikawa e caminhavam em direção a faculdade. O mais novo estava mais quieto que o normal, checando o celular toda hora. Estava ansioso para receber uma notificação de Kenma respondendo sua mensagem, mas ao mesmo tempo, não tinha certeza se queria uma resposta. E se ficasse sabendo de algo ruim?

     — Vai fazer algo depois da aula? — Oikawa quebrou o silêncio, chamando a atenção do mais novo.

     — Acho que vou ao mercado, preciso fazer compras.

     — Pode ir comigo numa floricultura?

     — Numa floricultura?

     — É, quero comprar um buquê pra pegar minha namorada de volta!

     — Você vai mesmo continuar insistindo nisso?— Kageyama olhou para Oikawa, que simplesmente sorriu e fez um sinal positivo com a cabeça.— No dia em que você tomar jeito, o mundo acaba.

     Kageyama não sabia se deveria contar sobre a mensagem que tinha enviado para Kenma, raramente tocava nesses assuntos com Oikawa. Eram amigos, porém o mais novo não tinha muita segurança para se abrir com o outro, talvez isso fosse um resquício do passado que tinham.

     As horas passaram lentamente para Kageyama, que teve se esforçar muito para prestar o mínimo de atenção nas aulas que teve naquele dia. E seu celular nunca esteve tão silencioso, o que estava sufocando o ex-levantador. Não sabia se estava sendo ignorado ou se Kenma realmente não tinha visto a mensagem, o que ele considerava improvável, já que ele trabalhava com internet. Estava até pensando em ligar, ao invés de mandar apenas uma mensagem.

     Quando suas aulas finalmente acabaram, encontrou com Oikawa na frente de sua sala, o esperando, e aí lembrou de que havia combinado com ele de ir numa floricultura. Durante o caminho, Kageyama ia ouvindo o mais velho tagarelar sobre os mais diversos assuntos que não eram tão interessantes para ele. Até que pararam na frente de uma sorveteria, e Oikawa praticamente arrastou o amigo para dentro do estabelecimento.

     — Eu vou te pagar um sorvete, já que você vai comigo comprar as flores.— Oikawa falou sorridente.— Escolhe o sabor.— E então, entregou uma cartela para o outro.

     — Quero de chocolate.— Kageyama respondeu, sem nem olhar a cartela. Ele obviamente aceitou, afinal, teria que aturar o mais velho na ida a floricultura.

     — Seu pedido é uma ordem, rei.— O chamou pelo antigo apelido, e em seguida, foi ao balcão e pediu os sorvetes escolhidos..

     Seguiram então para a floricultura, em silêncio, já que estavam ocupados tomando o sorvete. Kageyama estava disposto a levar Oikawa para o mercado depois, afinal, também queria companhia para fazer compras. Moravam próximos um do outro, então o mais velho não teria desculpas para não o acompanhar.

~

     Hinata tinha acabado de atender o telefone da floricultura, estava falando com uma senhora que queria encomendar uma coroa de flores para o velório do marido. Ele anotou as preferências dela e indicou os preços, até desligar a ligação, e entregar o pedido para o responsável. Ouviu o sininho da porta da floricultura soar, indicando que clientes estavam entrando na loja e Hinata estava prestes a chamar um dos atendentes, mas acabou não precisando.

     Ele estava concentrado organizando algumas coisas no caixa, havia feito uma pequena bagunça enquanto atendia o telefone. Ouvia a conversa da atendente com os clientes, aparentemente alguém queria um buquê para conquistar novamente uma moça. Hinata gostava daquela parte do trabalho, a maioria das pessoas tinha motivos bonitos para comprarem flores.

     — É só pagar no caixa, vou preparar o buquê.— Ouviu a atendente falar, e então, logo se ajeitou, pronto para atender os clientes.

     A primeira pessoa que viu, foi Oikawa, o que deixou Hinata surpreso, ele havia mudado muito e quando este reparou na presença do ruivo, foi como se tivesse visto uma assombração. Jurava que se ele estava ali acompanhado, seria de Iwaizumi, mas nunca esteve tão errado. E naquele momento, queria que suas pernas voltassem a se movimentar, mais do que nunca. Estava num misto de sensações, queria fugir para longe, mas também queria correr na direção dele. Viu Oikawa se afastar, deixando a figura de Kageyama bem na sua frente

     — Hinata...?

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