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Abadia

Adentramos no Banco e o Salul me olhava com aquela cara incrédula, eu debochava, passando a língua entre os lábios e maliciosamente mordi o lóbulo da orelha , o mesmo me lançou aquele olhar "mais tarde tu me paga" , gostei da nossa reconciliação, não nos prometemos nada e isso eu fico confortável, ontem depois da discussão com minha mãe decidir sair das casas populares, eu não confio nela, pode estar tramando algo contra mim e agora essa conversa que tem alguém atrás de mim, não quero me envolver com nada a respeito dela e  última vez que me ajudou financeiramente, não tinha comentado nada sobre uma casa na Bahia que meu Pai deixou, na verdade eu nunca soube de nada sobre a vida financeira deles, eu estudava nas melhores escolas, nunca ouvi nenhum burburinho sobre falta de dinheiro, estava isenta de qualquer dissabor.

Só a morte dele que nunca entendi e também não sei se soube da minha gravidez, recordo que fui trancafiada dentro do quarto até o maldito dia.

- Olá, dona Medeiros! – Seu Aranhos sempre erra meu sobrenome.

- Boa tarde! Vou ficar ali sentada...

- Abadia senta aqui, precisamos conversar.

Um calafrio tomou conta de mim e ao mesmo tempo uma paz. Duas sensações totalmente extremas e sem definição nesse momento.

- Ontem, quando estava em sua casa, ouvi toda a discussão...

- E o que seu Miqueas e a Gerente do Banco tem a ver com essa situação?

- Dona Medeiros, ouça é para seu bem. – Seu Aranhos comenta.

- Eu tinha uns vinte e quatro quando conheci o melhor homem, que esse mundo poderia me apresentar, ele era os braços, as pernas do meu chefe senhor Helenito- Ela tentou falar, mas a contive.- E foram quase quatro anos de convivência aprendendo e sendo grato por tudo que ele vez quando tive internado, foi um pai que nunca conheci. E ontem sua mãe, falou sobre alguém estar a procurando- Ela me olhou com os olhos marejados.- Calma, Abby não fique com medo, só me diga como se chama o nome de seu Pai.

- Es- te- vão Me- trei-ro!

- E por que seu nome é "Medeiros"?

- Abadia Metreiro, seu Aranho me chama de Medeiros e eu não o corrijo.

- Abby, seu pai deixou uma herança para você e me deixou carregado em entregá-la, mas quando sair do internamento e fomos na casa que estava nos documentos, a sua mãe havia dito que não a conhecia, que eram outros moradores e ela havia comprado a casa.- Ela coloca a mão na boca e começa a chorar.- Me perdoa, meu amor.

- Continue...

- Isso eu e Aranhos, reversava entre contratar uns detetives para procura-la sem muito sucesso, pois não tínhamos foto, somente endereço. E a última tentativa foi com Ferreira, por isso sua mãe, foi atrás, acredito que agora ela associa a mim em relação a procurá-la.

- Aqui está todos os documentos deixado por seu Estevão. Todas as suas propriedades, o dinheiro depositado, uma fazenda na Bahia. - Aranhos me passa uma pasta.

- Mas, Dona Maclina, falou de uma casa da Bahia.

- Seu Pai deixou o melhor para você, acredito que seja, herança quando eles se separaram...

- A última vez que o vi, ele me fez assinar vários papéis e disse que era para meu bem e estaria em um lugar muito bem protegido e para não comentar nada com Má, a gente riu, era assim que ele a chamava e sobre a morte dele vocês podem me contar.

- Seu Pai morreu por causa de um enfarto e não envenenado, como disseram os noticiários da época.

- Eu acho dona Me-trei-ro, que aproveitaram que seu pai era aquele sem diploma e tinha uma condição financeira de fazer inveja, colocaram qualquer coisa, pois o Senhor Helenito, na época parou as atividades por uma semana, em luto pela morte de seu Estevão.

- Estou sem palavras!

- Abadia, meu nome é Camila e o que você precisar saber sobre seus investimentos, tudo estarei aqui para ajudá-la.

- Camila, vou precisar sim, da sua ajuda. Mas, preciso ir embora. Preciso ficar sozinha, preciso reavaliar tudo que está acontecendo e preciso pôr umas coisas em ordens.

- Aqui meu número particular, quando estiver pronta é só me avisar que fico ao seu dispor, pois ter outra milionária em nosso banco é uma honra.

- Milionária?

- Sim, senhora Me-trei-ro! – Seu Aranhos adora uma piada.

- Me leva para casa, Salul?

Entro no carro em silêncio e percebo tudo ao meu redor, o cuidado que meu pai tinha em falar as coisas comigo em segredo, o jeito dele moleque de sempre me chamar de Imperatriz, de nunca me deixar triste, falava como poderia me defender das pessoas e seus pré-conceitos,   consecutivamente fazia eu acreditar no melhor para mim, ele não aprovava meu namoro com Slavieiro, mas nunca interpelou. E agora, boa parte dos meus problemas financeiros, foram sanados, eu sou milionária, quem diria isso? Dona Maclina é amarga, ela inventou que eu tinha ficado louca e que não me conhecia. Porque será que uma gravidez a vez mudar tanto?

- Me deixa aqui.

- Abby, fala comigo!

- Deixa eu ficar sozinha, eu preciso, o dia nem terminou e já estou exposta a tanta coisa da minha vida, eu tenho que primeiro me resolver por dentro e você não faz parte disso, não é culpa sua, eu só tenho gratidão, por ter sido tão fiel ao meu Pai e ter me procurado e com uma ajudinha do universo nos encontramos. Deixa eu ir.

Saio do carro e vou andando pela orla, eu precisava desse momento, se renovar, sei lá, absorver as coisas positivas, mando uma mensagem para Cícero, fazendo um resumão, de tudo que descobri, a mensagem não chega, coloco o celular na bolsa, peço uma água de coco e as lágrimas começam a cair e eu tenho um surto de felicidade junto com choro. A moça do kiosque chega perto de mim e fala:

- Se livra dessa culpa, perdoe quem te faz sofrer assim, Deus perdoa a todos, mas fazem pagar pelas ações acometidas, Ele é justo. Está com um olhar de gratidão e ao mesmo tempo perguntando se merece, é merecedora sim, não se deixa levar pelo pecado do outro, cada qual paga seu recibo em vida, muitos falam nada me atinge, entretanto, algo ao redor não está nada bem e a falta de amor é uma delas. Chore, chore muito, mas, no entanto, não volte a chorar pelo mesmo motivo, você não me parece sadomasoquista.

Um anjo está ao meu lado, falando o que eu preciso ouvir, eu não tive culpa pela morte do meu filho, eu fui levada, para esse pesadelo.... Abracei a moça que estava ao meu lado, levantei-me peguei um carro e fui em direção a minha antiga casa e me livrar de vez desse peso.  

O universo sempre dá um jeito de unir as pessoas.

Abadia precisa liberar o perdão?

E com essa novidade, ela e o Salul ficarão juntos?

O que ela foi fazer na casa da Má.
😁🙈😎

😁🙈😎

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Puta-Me. ( Concluído) Onde histórias criam vida. Descubra agora