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Lisa

— Você está decidido de que não quer o aborto, ótimo! Pelo menos uma das partes está certa do que quer porque na minha mente está tudo muito confuso — Bufei e caí sentada na cama, levando minhas mãos até meu rosto.

— Lisa, meu pai tinha quinze anos quando descobriu que ia me ter, não tinha nenhuma estrutura financeira e nem por isso hesitou em apoiar a minha mãe em levar a gravidez para frente. Nós vamos conseguir! Eu entendo o seu desespero, mas vamos apoiar um ao outro e tudo vai dar certo.

— Gosto da sua confiança, me ajuda a não desmoronar. — Ele se aproxima e me abraça.

— Eu sempre estarei do seu lado, agora mais do que nunca. — Limpou as lágrimas que insistem em cair do meu rosto em um gesto carinhoso e eu sorri.

— Voltou hoje e já estão de segredinho, aí é foda. — A voz de Fixa penetra o quarto. — Sem me dar chances de falar nada —, ele e os meninos entram rindo.

— Tá preula, que cara de enterro é essa? — Japa cruzou os braços.

— Você está chorando, Lisa! O que aconteceu? — foi a vez de Pires questionar.

— Ainda bem que chegaram, preciso ter uma conversa séria com todos vocês! — Me levanto da cama e saio do quarto.

Assim que chegamos na sala, Jefão, William e Lua já se encontram na mesma o que facilita bastante as coisas. O mais difícil eu já fiz, contei para o Bruno e, sinceramente, a reação dele foi muito melhor que a minha, eu ainda não consegui digerir essa informação direito em quase duas semanas e ele está lidando tão bem que me dá até vergonha por estar tão confusa com essa situação. 

— Vocês podem falar o que está acontecendo agora, por favor? Todo esse mistério já está me estressando. — Fixa esbraveja e eu bufo.

— Você sumiu por uma semana e quando aparece, está chorando! Isso tá estranho. — Pires diz e se joga no sofá.

— Você estava chorando? Nobru falou alguma coisa que te deixou triste, Lisa? — Questionou Jefão. 

— A menina mal chegou e vocês estão a bombardeando de perguntas! Alguém perguntou se ela está bem pelo menos? — Lua diz chamando a atenção para si.

— Se ela está aqui, é porque está bem. — Fixa revira os olhos.

— A questão é que não, eu não estou nem um pouco bem, meu psicológico nunca esteve tão fodido! Na última semana fiquei trancada em casa porque simplesmente não conseguia nem me olhar no espelho, imagina só encarar algum de vocês. Inventei tudo aquilo de atestado porque precisava colocar meus pensamentos em ordem, e, sinceramente, para eu tomar coragem para falar o que tenho para dizer, foi preciso muita conversa. Eu estou grávida! — Digo por fim e a surpresa é visível no rosto de todos.

— Nem fodendo! Onde estão as câmeras, é trollagem pro canal isso? — Fixa começou a procurar pela sala.

— Ok, tem uma "coisa" na sua barriga, o Victor já sabe disso? — Japa questionou.

— Não é uma "coisa", Japa, é um bebê que está se formando aqui dentro! — Digo — E o filho não é do Victor.

— Meu Deus, você está grávida e não é do Victor, duas grandes surpresas para um dia só, vamos devagar. — Pires diz.

— Calma, se o filho não é dele e você chegou aqui querendo conversar com o Bruno, isso quer dizer que eu vou ser avô? — Jefão ligou os pontos e eu concordei.

— Acertou, miserável! — Bruno diz.

— Isso está ficando cada vez mais confuso para minha mente, vai com calma que eu tenho o coração fraco! — Japa diz.

— Quando vocês transaram? Gente, eu sempre senti a tensão sexual, mas nunca poderia imaginar, estou chocada, que espertinhos! — Lua brincou.

— Essa notícia me deixou muito feliz, Lisa. — Jefão me abraçou e meus olhos começaram a arder novamente.

— Você não tem noção do quanto me deixa feliz ouvir isso!

💣

Fiquei bastante tempo na mansão, os meninos e a Lua demoraram um pouco para absorver todos as informações, eu simplesmente joguei três bombas de uma vez só, entendo a surpresa deles. Eles nem faziam ideia do que tinha rolado entre nós, e, com isso, acabei descobrindo que o Jefão sabia de tudo, o bonito não aguentou a língua dentro da boca e contou para o pai um dia depois do acontecimento, mereço, porém fui burra, é lógico que ele não escondia nada do pai. Estamos na minha casa agora, eu e Bruno precisamos conversar com alguém que vai poder nos ajudar e essa pessoa é, sem dúvidas, o Jefão.

— Vocês querem beber alguma coisa? — Questiono e eles negam.

— O que vocês querem conversar? Estou ansioso já, sem mais enrolação, por favor! — Jefão esfrega as mãos nas pernas em sinal de ansiedade.

— Eu e a Lisa precisamos da sua ajuda! Você tem experiência com tudo isso que estamos prestes a viver. Por mais que eu esteja feliz com a notícia, estou apavorado!

— E eu além de apavorada, não sei se quero levar essa gravidez adiante, no momento minha cabeça se encontra em pura confusão, eu temo demais pelo meu trabalho e sei que se meu trabalho for arruinado, minha relação com essa criança também será porque tudo o que eu sempre fiz na minha vida foi viver para meus sonhos e para meu trabalho, eu sei que não vai ser todo mundo que vai receber bem essa notícia.

— Em primeiro lugar, se o seu trabalho não aceita suas decisões e escolhas, então, não é um bom trabalho para você e eu quero que fique claro que não estou tentando romantizar a gestação, eu sei como isso pode se tornar um problema caso um dos pais rejeite o filho. Eu não tenho como dizer aos dois como prosseguir porque já são maiores de idade, donos de seus próprios narizes e devem saber como agir, entretanto, posso dizer que ter o Bruno, foi uma das melhores coisas que fiz na minha vida e, novamente, não estou tentando romantizar já que filho é dor de cabeça, frustração, decepção, preocupação... Porém, também é felicidade, orgulho, amor genuíno, dedicação. Eu tinha apenas quinze anos e mentalidade nenhuma e é por isso que digo que a situação — por mais que sejam parecidas — são totalmente diferentes. Eu não tinha estabilidade e sua mãe também não, não foi fácil conquistar o apoio de nossos pais, enquanto isso, vocês já trabalham e conseguem se manter, apoio por parte de mim é o que não vai faltar e sendo sincero, acho que a mãe de ambos não irão se opor. Vai ser um susto, mas nada insuperável. O que quero dizer é que, escolhendo ou não ter a criança, nós estaremos aqui. Eu, suas mães, os meninos dos Corinthians, estamos aqui por vocês para tudo e contra qualquer um que tente fazer mal à vocês.

— Estou sem palavras, pai! Sabia que conversar com você era o certo a se fazer. Eu quero essa criança, porém, entendo que a Lisa esteja com medo em relação ao seu trabalho, não é novidade para ninguém que as mulheres são sempre alvo de críticas e julgamentos. Mas, podemos manter isso em segredo até que você se sinta confortável e segura para tornar isso público ou podemos até sumir por um tempo, não interessa. De agora em diante, eu só quero o seu bem e do nosso filho, por vocês tudo vai valer á pena! — Bruno diz.

Estou tão sem palavras para tudo isso, que eu tentei falar, porém, nada sai, única reação que consegui tomar foi abraça–los. O meu apartamento que antes se encontrava silencioso, está impregnado com o som dos meus soluços, estou chorando tanto que parece que vou ficar sem ar. 

Eu quero ter esse bebê!

SubmergedOnde histórias criam vida. Descubra agora