Nobru
Fiquei o domingo todo pensando em como eu ia ter essa conversa com ela e depois de tanto pensar, eu cheguei a conclusão de que pensar demais me dá dor de cabeça. Cheguei a desistir de ter essa conversa, mas a frase do meu pai me incentivou, eu diria?
"Ou você fala com ela, ou, eu falo! E ela vai ficar com raiva de você por descobrir que tu abriu essa boca grande e me contou o que houve, a escolha é sua."
É, eu fui praticamente obrigado a isso, porém, não deve ser tão ruim assim, até porque, antes de eu começar a me interessar por ela, nós sempre fomos amigos e não deve ser tão constrangedor me declarar para uma pessoa que não sente o mesmo por mim.
Na verdade é pior do que constrangedor, é humilhante.
— Ei, vai ficar me olhando com essa cara ou vai falar? Estou impaciente já. — A voz dela é como música para os meus ouvidos, eu 'tô fudido mesmo.
— Você lembra quando aconteceu "aquilo" entre a gente? — Só foi eu tocar no assunto da fatídica noite para ela ficar tensa.
— Eu lembro, nós conversamos e resolvemos tudo, porque você está voltando nesse assunto?
— Esse é o problema, Lisa, depois daquele dia eu não consigo parar de pensar em você. Eu juro que eu tentei mas não dá, as cenas daquela noite ficam se repetindo na minha mente. — Dizer isso foi como se eu tivesse tirado um peso dos meus ombros.
— O que você quer dizer, Bruno? — Sua voz está vacilante, dá para notar de longe que ela não está confortável com essa situação, na verdade nem eu estou.
— Você é esperta demais para saber o que eu eu estou querendo dizer.
— Não, Bruno, você sab...
— Eu sei que para você está fora de cogitação acontecer qualquer coisa entre nós, sei também que você só me vê como seu amigo mas eu precisava falar sobre isso contigo, eu sentia que isso ia me consumir. Não quero que você se sinta pressionada a nada, vamos continuar sendo amigos, eu só queria ser sincero contigo. — Ela concorda.
— Eu entendo, Bruno, mas você sabe que depois dessa conversa eu não vou mais conseguir te olhar sem pensar nisso. Eu sei que vou ficar um pouco desconfortável com essa situação, é estranho porque eu sempre te vi como um amigo, por mais que a gente tenha transado. — Falou a última parte baixo, o que me fez rir.
— Eu sei, na verdade é estranho até para mim, acho que eu nunca fiquei tão confuso por causa de uma garota antes. Até teve uma na época da escola mas nem se compara a como estou agora, você fodeu com a minha mente, Lisa. — Ela ri.
— É meu charme. — Jogou o cabelo, rindo.
— Não pode dar asas a cobra. — Digo e ela me dá um tapa no braço.
— Mas em fim, fico feliz que você tenha decidido me contar isso, eu gosto da sua sinceridade.
Ela se curvou para frente e passou os braços pelo meu pescoço, eu a envolvi pela cintura. Quando eu disse que ela tem o melhor abraço, não estava brincando, inspirei o seu perfume e a apertei mais. Eu poderia ficar o dia todo assim, isso não seria um problema para mim.
— Promete que isso não vai afetar a nossa amizade? — Sussurrei em seu ouvido.
— Eu prometo. — Disse, se afastando.
— O abraço estava tão bom... — Faço manha e ela nega, balançando a cabeça.
— Eu te amo muito, garoto. — Puxou meu rosto, deixando um beijo na minha bochecha.
— Eu também. — Sorri.
O celular dela começou a tocar e pelo canto do olho pude ver o nome do Coringa na tela, me contive para não revirar os olhos. Acho que a pior parte de estar apaixonado pela minha amiga, que eu convivo todo santo dia é que tem situações como esta que eu não posso falar nada. Me fazer de idiota é a melhor solução para disfarçar o grande incômodo que eu sinto, afinal, somos apenas amigos.
— Você se importa de eu atender?
— Oxi! Óbvio que não, eu vou falar com os meninos. — Dei um beijo em sua testa e me levantei saindo dali rapidamente.
Até que não foi tão ruim assim, tudo bem que nunca é bom ser "rejeitado", mas a Lisa soube fazer isso de um jeito doce comigo. Confesso que uma parte de mim estava com esperança em ouvir um "gosto de você também", porra, essa é a primeira vez que eu me sinto tão vulnerável.
Efeito Melissa agindo em mim, puta que pariu. Acho que eu vou precisar de uns conselhos da gadinha mor, também conhecida como Bárbara Passos.
— Eita! Era DR acontecendo ali? — Fixa debochou assim que eu entrei na sala, e eu dei um tapa em sua cabeça.
— Caralho seu madruga, posso nem mais conversar com a Lisa em paz? Viraram fiscal, agora? — Sentei ao seu lado.
— Tinha que ver a cara que tu estava fazendo. A conversa não parecia ser boa. — Pires se meteu e eu joguei uma almofada nele.
— Mas 'cês são fofoqueiros hein, sejam igual o Japa e cuidem da vida de vocês.
— Eu o quê? — Tira a atenção do celular e me encara, eu neguei, rindo.
Japa sempre está no mundo da lua, se não estivéssemos o vendo no mesmo ambiente, nem saberíamos que ele está presente já que sempre está quieto. Ele é o oposto, todos aqui são extremamente barulhentos e comunicativos.
— Tão vendo? — Questiono, alternando o olhar entre Fixa e Pires.
— Japa é caf...
— Aconteceu alguma coisa com o Victor, eu preciso ir. — Lisa entrou na sala atordoada, com os olhos cheios de lágrimas.

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Submerged
FanficDeterminação. Essa é a palavra da vida de Melissa, tudo o que ela conquistou foi graças a si mesma, ela nunca duvidou de seu potencial. Sempre fez de tudo para tornar o seu sonho em realidade e conseguiu, hoje ela é um dos principais nomes femininos...