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Lisa

Acordei no susto com meu celular vibrando embaixo do travesseiro, olhei para tela e li o nome do Victor, estranho. Faz um tempo que eu não falo com ele, dispensei a chamada e olhei para o meu lado. Nobru está dormindo que nem um anjo, único momento que ele não me estressa é assim. Ontem nós ficamos vendo série até tarde, nem lembro se conseguimos terminar de ver, acho que eu dormi no finalzinho do último episódio.

Levantei da cama bem devagar para não acordar o bonito, calcei meu chinelo e saí do quarto fechando a porta bem devagar, tentando não fazer muito barulho. Vou retornar a chamada do Victor, não conseguiria atender lá dentro. Me direcionei até o final do corredor, onde fica o meu quarto.

— Bom dia, Melissa. — A voz de Thomas reverbera em meus ossos e reviro os olhos. 

Tinha esquecido da sua presença nessa casa. Isso me faz lembrar que preciso conversar com a minha mãe sobre ele. Não aguento mais ficar dividir o mesmo teto. Esse é o nível de nojo acumulado dentro de mim. 

— Bom dia. — Respondo seca e viro para o mesmo, que está parado na porta do quarto da minha mãe com uma bandeja na mão.

— Gostei do seu pijama. — Seu olhar devorou todo meu corpo e eu senti a onda de nojo me invadir. 

— Não acho que você tenha que gostar de nada! — Cerrei os pulsos, sentindo minhas unhas cravarem minha pele. 

— Calma, foi só um elogio. — Sorri e eu bufo. 

Estou cansada de manter a linha com esse ser. Aliás, não preciso disso. Não preciso pisar em ovos na minha própria casa. 

— Enfia o elogio no seu cu, porra. — Levanto minha voz e na hora a porta do quarto é aberta e minha mãe aparece com o cenho franzido.

— Algum problema? Que gritaria é essa, Melissa? — Questiona confusa, alternando o olhar entre mim e o escroto do seu namorado. 

— Não é nada, amo...

— O seu namorado está dando em cima de mim desde o primeiro dia que chegamos nessa casa, fica fazendo comentários desnecessários sobre o meu corpo. Não sou obrigada a aturar isso na minha própria casa, eu ia conversar com a senhora sobre isso, mas você apareceu no momento propício. — O interrompo e minha mãe arregala os olhos.

— Eu não sei porque eu ainda te trouxe aqui, Thomas, é sério isso? Tudo bem você querer o meu dinheiro, mas dar em cima da minha filha? — Profere indignada e eu revirei os olhos. 

Não está nada bem ele querer o seu dinheiro. Definitivamente nada bem. 

— Não é bem assim, sua filha está exagerando! Você sabe que desde o início ela não gostou de mim. — Tenta se defender, com a maior cara de sonso. 

Nego com a cabeça, o pior é que a cara nem treme. Se tem uma coisa que homem sabe fazer muito bem é mentir e te persuadir. Parece que nascem com esse "dom", é como se viesse de fábrica. 

— Tu acha que eu vou acreditar em você ou na minha filha? Me poupe, você vai pegar suas coisas e ir embora daqui agora! — Esbraveja e eu ri.

Agora sim a mãe que eu tanto admiro está de volta. Não via a hora de isso acontecer. 

— Está rindo de quê? Isso é tudo culpa sua, desgraçada! — Apontou o dedo para mim. O encarei com deboche. 

— Olha como você fala da minha filha, seu cretino! 

Minha mãe deu um belo tapa em seu rosto e ele rangeu os dentes e entrou no quarto pisando duro. Graças a Deus esse estúpido vai embora da minha casa, ele realmente estava me deixando desconfortável.

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