.35

644 50 16
                                    

Lisa

Dois meses se passaram desde a conversa com Bak e Ph. Faz dois meses desde que contei a Nobru sobre a possibilidade de Luz não ser sua filha biológica. Faz dois meses que ele não falava comigo direito e, consequentemente, dois meses que não está mais em casa. 

Quando eu sentei para conversar com ele sobre essa possibilidade, foi perceptível a expressão de surpresa e, depois, a de indignação, entretanto, ele não se exaltou, não brigou, não fez insinuações maldosas como estavam fazendo pelas redes sociais, ele apenas piscou devagar, perguntou o tamanho da probabilidade de ser do Bak e quando respondi sobre ter tido relações com o mesmo uma semana antes de termos ido para a cama, ele disse que esperaria o exame de DNA ficar pronto na casa de sua mãe. Após isso, pegou algumas coisas e, antes de sair pela porta, passou pelo quarto de Luz para dar um beijo em sua testa. 

Foi ali que eu chorei e pedi desculpas por estar causando aquele sentimento ruim de dúvida sobre ele e, novamente, ele não disse nada, apenas passou por mim e segundos depois escutei a porta da sala se fechando. 

Nesse meio tempo as coisas ao meu redor só foram ficando mais sufocantes, a família do Bruno tentava não demonstrar, mas era nítido o esforço que eles estavam fazendo para não se meter no meio da história; minha mãe não poupou me críticas; Luz começou a sentir a falta de Bruno na semana seguinte que ele não apareceu em casa; nossos amigos em comum estavam pisando em ovos tanto comigo quanto com Bruno e Bak; a internet só fazia me massacrar mesmo sem saber de uma vírgula que estava acontecendo por trás das telas. Eu não conseguia falar com ninguém à minha volta pois o peso da situação estava todo sobre os meus ombros. Quando a quarta semana chegou, tentei contato com Bruno para que nossa filha pudesse ao menos ouvir sua voz pois ela tinha desenvolvido uma febre emocional, porém, todas as tentativas foram falhas, então, passei a por ela para escutar suas lives, já que dá remédio não era o recomendado por ser uma questão psicológica. O chat de suas lives só falavam sobre o suposto chifre e sobre como ele é um otário que assumiu a filha de outro. 

Hoje - após dois longos meses -, estava mais do que ansiosa, me encontro sentada no sofá da sala da casa dos emuladores da Noise com minha filha no meu colo, Bak de pé de frente para mim e Nobru sentado ao meu lado esquerdo falando com Luz, mas sem dirigir sequer seu olhar em minha direção, só se limitou a falar comigo quando chegou e mesmo assim seus olhos não se esbarraram com os meus um minuto sequer e, Ph, estava sentado na poltrona ao meu lado direito com os exames na mão.

— Eu quero deixar claro que, independente do resultado desses exames, a Luz continua sendo a minha filha e eu não vou ficar longe dela e me recuso a tirar meu nome de sua certidão — Bruno se pronunciou antes mesmo de Ph começar o monólogo que eu tenho certeza que ele já tem preparado.

— Se ela for minha filha, eu faço questão dela ter meu sobrenome também, Nobru — Bak respondeu.

— Ok, não estou impedindo ninguém de nada, mas quero deixar claro que estou com ela desde quando a gravidez foi descoberta, além de Luz ser super apegada a mim, ela reconhece a mim como pai!

— Mas eu tenho uma enorme chance de ser pai biológico e só isso faz seu argumento cair por terra. Não tenho culpa de não ter tido conhecimento sobre a possibilidade dela ser minha filha porque se eu tivesse, você poderia ter certeza, que eu faria a questão de participar de cada etapa e estágio da vida dela e ela reconheceria a mim como pai! — se exaltou.

— Ter filho vai muito além de dar sobrenome, isso não é uma disputa, Luz não é um prêmio e como pessoas públicas, vocês deveriam estar com preocupações maiores  — Ph os repreendeu — Se Bak for o pai biológico a vida de vocês irá virar um inferno maior do que já está sendo, portanto, sugiro que guardem essa energia para lidar com a merda que pode vir por aí. Luz pode muito bem ter dois pais e um milhão de sobrenomes em sua certidão. A questão aqui não é essa e esse não é o maior de seus problemas, posso lhes assegurar. 

SubmergedOnde histórias criam vida. Descubra agora