CAPITULO 17

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"Você diz que tudo terminou

Você não quer mais o meu querer

Estamos medindo forças desiguais

Qualquer um pode ver

Que só terminou pra você"

Os Barcos – Legião Urbana

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O clima no jantar não era dos melhores. Felipe já não conseguia suportar o silêncio e as respostas curtas a toda e qualquer pergunta. Desde que se encontraram no cinema, onde foi trocado um selinho seco e algumas palavras para se decidir o filme, ele já havia reparado que havia algo errado. 

Eles estavam na praça de alimentação do shopping, sentados a mesa de um restaurante argentino, esperando que o jantar chegar, apesar de ainda está muito cedo. Ele observa Gizelly mexer no celular, ignorando completamente a existência dele.

- Ô Gizelly, dá pra você parar de mexer na porra do seu celular e falar comigo? – ele pergunta irritado.

Gizelly olha para ele por um segundo, bloqueia o celular e responde:

- Bom, pois não...

- Que merda é essa de hoje? Hoje não, dos últimos dias. O que tá acontecendo?

Gizelly suspira e depois de alguns segundos responde:

- A gente tem que conversar, mas aqui não é o momento nem o lugar ideal. Desculpa, eu... nós precisamos conversar. – ela termina olhando pra ele com um misto de tristeza e cansaço.

Felipe olha para ela sem compreender nada do que estava acontecendo. Havia dias que Gizelly estava estranha e foi do nada. Ele achava que ela era meio doidinha, mas normalmente, ela tinha motivos pras loucuras que fazia, porem, dessa vez ele não estava entendendo o comportamento dela.

A última vez que eles tinham se visto, eles haviam inaugurado o apartamento dela, fazendo sexo em pelo menos dois cômodos diferentes. E no dia anterior, ela tinha ido almoçar na casa dos pais dele. A relação deles nunca tinha sido tão boa quanto naqueles últimos dias. Ele nunca havia namorado, e agora conseguia ver o porquê: mulheres eram muito complicadas. Relacionamentos eram complicados.

A janta também aconteceu num clima não muito confortável, mas pelo menos ela começou a respondê-lo, mesmo que de forma monossilábica. No fim do jantar eles decidem ir para o apartamento dela ter a tal conversa.

Estavam no sofá, um olhando para o outro, até que Gizelly toma coragem de iniciar a conversa.

- Bom... Eu não sou... Deus, como iniciar essa conversa sem parecer patética – Felipe olha para ela ainda mais confuso.

- Eu juro que estou tentando entender, mas você não tá fazendo sentido nenhum...

- Eu preciso que entenda algo antes de tudo. Isso aqui não é um ultimato, pressão, nem nada do tipo. É só que eu preciso dizer, pra que eu mesma não crie minhas próprias expectativas, que não vão estar alinhadas a sua e no final eu e você acabamos nos machucando.

- Drama, DR... Sério isso? No nosso melhor momento? Cara tava tudo dando certo, tudo.

- Pra você é drama, pra mim é conflito, é insegurança, e estar tudo bem e dando certo, é ótimo, mas também só piora, você não percebe?

- Você não está fazendo sentido algum.

Gizelly tenta se acalmar um pouco. Quando ficava nervosa, tinha a tendência de se embolar e não conseguir se explicar direito. Nem ela se entendia às vezes.

Quase Sem Querer - PrizellyOnde histórias criam vida. Descubra agora