[11] Por favor, se cuida.

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Os primeiros dez capítulo já se foram, agora as coisas começam a ficar ainda mais interessantes rsrsrs

Boa leitura!

Ass.: Luna

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— Então? pode começar.

Scarlett incita, dobrando o mapa e o colocando sobre o console do carro. Já fazia cerca de 25 minutos que os veículos haviam sido liberados e eles já estavam em meio a paredões argilosos, que refletiam uma cor alaranjada quando iluminados pelo sol.

O maior desafio desses comboios era, com certeza, as curvas sinuosas e estradas que se bifurcavam consecutivamente abrindo-se em dois caminhos, depois mais dois, e assim por diante, sendo imprescindível saber qual lado tomar — e quando o tomar — para chegar no vilarejo em que ficariam acampados, próximo a capital de Botwana, Gaborone. Qualquer desvio, qualquer esquerda ao invés de direita, resultaria em, na melhor das hipóteses, alguns quilômetros a mais — Totalmente indesejados devido ao caráter da competição — ou, no pior dos cenários, ficar totalmente desnorteado em meio aos cânions podendo, inclusive, encontrar uma das guerrilhas da região com clara desvantagem em número e sem a possibilidade de solicitar reforços.

Agora, com todos os carros do comboio a frente, o "Carro 4" que Evans atribuira a eles — e havia sido o último a sair — tinha na copilotagem uma militar renomada e conhecida pela sua excelente memória cartográfica. Um simples varrer de olhos sobre o mapa garantia a Scarlett a sequência que precisariam tomar e agora, depois de ter orientado Chris em três bifurcações, ela se sentava de lado no banco do carona, encarando o perfil dele em espera da resposta sobre o que havia acontecido na vida dele nos últimos — e longos — vinte anos.

— Começar o que?

— O que aconteceu depois que me mudei.

— Depois que fugiu, você quis dizer. — Era clara a expressão de desgosto no rosto dele. Pela maneira que as mãos dele apertavam o volante com força e ele, por algum motivo estranho, não se encostava no banco, Scarlett conseguia ver como estava desconfortável. — Sério, Scarlett? Vai querer conversar sobre isso mesmo?

— Major. — Ela o corrige, avistando a próxima bifurcação quase totalmente encoberta pela poeira levantada pelos carros a frente. — Direita.

—Você vai passar quatro horas perguntando da minha vida pessoal e eu ainda tenho que te chamar de "Major"? — Chris debocha, puxando o volante e diminuindo a marcha da tração enquanto segurava o volante firme quando passam por uma parte irregular da estrada, e vendo a sobrancelha arqueada dela, em seguida suspirando derrotado. — O que você quer saber?

—Tudo. Sobre você, o Scott, as meninas, Tia Lisa, Tio Grant... Você foi pra faculdade? Por que decidiu entrar no exército? Com quem se casou? — Ela procura o olhar dele que reluta a se desviar da estrada a frente, mas encontra o dela rapidamente, quando ouve a voz dela saindo delicadamente. — Eu quero saber o que deixei para trás no dia que decidi ir embora.

Na mente dele, pensamentos, lembranças, de acordar com Scott o sacudindo, com a carta escrita em papel pardo nas mãos o invadem.

"Passaram por debaixo da porta, acho que é da Scarly.".

Ele sequer havia conseguido focar nas palavras escritas até mais tarde daquele dia. Quando finalmente o efeito dos analgésicos pareciam estar passando — e a dor voltando. — Dando um pouco de claridade a mente dele, ele leu.

Ela dizia que o amava. Era a primeira frase da carta, ele lembrava disso, alocada quase como se fosse a coisa mais importante a ser dita naquele momento. Expressar que apesar das brigas, da discussão que haviam tido dentro do carro, estacionado no mirante que dava vista para a Boston iluminada, semanas antes, e até mesmo das ligações que ele não conseguiu atender nos dias anteriores, ela ainda o amava. E ele acreditava. Havia acreditado durante toda a leitura da carta, até os últimos parágrafos, os quais ele nunca havia conseguido esquecer.

SHOTGUNS - O REENCONTRO {EVANSSON AU}Onde histórias criam vida. Descubra agora