Eu n dormi enquanto escrevia não, né? Rsrs
Bom dia e boa leitura!
--------Johanesburgo
Após um almoço animado e revigorante, seguido por um passeio pelas ruas movimentadas da cidade, tão diferente do que eles haviam vivido nos últimos meses, o grupo de amigos passou pela porta de entrada do hotel carregando algumas sacolas de comida que haviam comprado no supermercado próximo dali, para aguentarem até o fim do dia, e se encaminharam para seus quartos. Ao menos o que eles consideravam serem seus, já que Scarlett estava deitada no meio da cama de Chris, comendo despreocupadamente um pacote de batata Chips, enquanto Evans atendia uma ligação no corredor.
— Tudo bem? — ela pergunta, mastigando mais uma batata e observando quando Chris passa pela porta e se senta na ponta da cama, tirando os sapatos.
— Tudo, era o Scott. — Chris olha por cima do ombro, em busca da reação dela, encontrando um olhar receoso. — O que foi?
— Ele me odeia, não é? Por ter deixado vocês.
— O que? Não. — Ele ri, se virando e puxando-a pela perna, fazendo com que se sente próximo a ele. — Sabe por que ele ligou? — ela nega. — Assim que chegamos aqui no hotel eu postei aquela foto que tiramos quando descemos do voo. Ele ligou me deixando surdo de tanto gritar, por que achava que era você, mas não tinha certeza.
— Serio? — Ela nem sequer consegue conter o sorriso aliviado quando o vê assentir.
— Sim, e, pra deixar claro, durante todos esses anos ele sempre foi seu defensor, quando eu começava a falar alguma coisa. — Ela ri ao ver os olhos de Chris revirarem em deboche. — Único idiota que achava que te odiava, e no fim nem era verdade, era eu.
— Scott mataria você se soubesse de tudo que aconteceu desde que você chegou. — Scarlett sorri, subindo no colo dele e beijando-o delicadamente.
— Na verdade, ele vai me matar por não ter conseguido arrastar você de volta pra Boston, mas vai ficar feliz de saber que, ao menos, você mora mais perto agora. — Chris dá um selinho nela, em seguida se deitando, sem solta-la, a colocando do seu lado enquanto acariciava o rosto dela em silêncio.
— O que foi?
— Isso tudo é uma merda, não é? — ela franze o cenho, fazendo-o continuar. — Passamos vinte anos longe um do outro e, quando finalmente nos encontramos e nos acertamos, somos obrigados a nos separar. É como se o universo nos odiasse.
— Não. — ela fala calmamente, se perdendo nos olhos azuis e linhas de expressão, que desenhava com as pontas dos dedos, lentamente. — Não acho que o universo nos odeie. — ela o vê suspirar e aperta com delicadeza os ombros dele, chamando-o atenção. — Nos conhecemos quando nem éramos adolescentes direito, Chris. Imaturos e levemente idiotas, mas, mesmo assim, nos tornamos amigos e, logo, namorados. O universo foi bom conosco, por ter deixado isso acontecer, por ter nos dado essa "amostra grátis" do que seriamos juntos. Mas o acidente foi nossa prova final, se amadurecêssemos o bastante para passar por aquilo tudo, sua recuperação, a morte do Aaron, a tristeza do final de ensino médio... Se tivéssemos conseguido, talvez nunca tivéssemos nos separados. — Ela sorri, triste, para o olhar concentrado que ele lhe entregava. — Mas não passamos. Tudo foi demais. Tínhamos muita culpa envolvida, por todos os lados, e zero capacidade de lidar com aquilo. O que era totalmente compreensível, pela idade que tínhamos. — Scarlett respira fundo quando Chris deixa transparecer aquele lado mais vulnerável, a puxando para si, enlaçando-a a cintura e repousando o rosto no colo dela, quase como uma criança. Scarlett aproveita aquilo e, em meio a um suspiro, começa a acariciar os fios do cabelo dele, mais numa tentativa de relaxar a si mesma do que a ele. — E aceitar a derrota foi dificil, Chris. Tenho certeza que sabe o quanto doía todos os dias em que não estávamos juntos. — Ele concorda. — Mas o universo não queria nós dois separados, caso contrário, nem sequer teria nos apresentado. Foi uma merda? — Ela dá de ombros — Foi. Também amaldiçoei tudo que era possível por não ter conseguido ficar, por ter fugido como uma covarde.
— Você não foi covarde.
— Mas é como eu me sinto às vezes, até hoje. Por que, e se eu tivesse ficado? E se eu tivesse deixado você arrumar o carro mais um pouco? E se eu nem sequer tivesse insistido tanto para comprarmos o carro?
— O universo não teria deixado.
— Exato. De qualquer modo, algo teria acontecido. Por que não estávamos prontos para seguir juntos, não estávamos. Por mais que achássemos o contrário, tínhamos nossa briguinhas infantis, eu era muito propensa a fugir de discussões e extremamente imediatista, você também tinha sua imaturidades e acessos de raiva, principalmente depois do Aaron.
— Verdade. — eles riem baixinho e ela o puxa em um abraço, descansando a cabeça sobre a dele.
— Foi uma merda, mas nos separamos quando fazíamos tanto mal um ao outro quanto era possível e, quando nos completamos, quando amadurecemos o bastante para não só fazer bem para os outros, mas para nós mesmos... Nos reencontramos. — Ela se afasta um pouco, focando o olhar no dele. — Quando o tempo foi certo, nos encontramos novamente, Chris. E por mais que tenha sido uma confusão no inicio, desde a primeira ronda estávamos em uma sincronia que nunca havíamos alcançado quando namorávamos.
— E agora vamos nos separar. Isso é o que? Outro teste do universo? — Ele sorri quando a vê revirando o olhar.
— Não, idiota. Isso é a vida. — Ela sorri quando sente o beijo na linha da mandíbula dela. — Não consegue ver, não é? — ele nega silenciosamente. — Quando eu fui para L.A. eu fugi, daquilo tudo, do fantasma do acidente e da culpa. Agora não é nada disso. Vamos nos separa mas desde quando nos tocamos quanto a isso, lutamos contra a ideia da separação. Nossa partida carrega promessa de retorno, de reencontro, e isso não aconteceu anos atrás. Eu sei, é dificil, isso está doendo mais em mim do que eu deixo transparecer, Chris, de verdade. E pode ter certeza que, no momento em que eu sair do JFK eu vou desmoronar. Por que, sim, doí, e muito. Mas toda essa dor é amenizada, mesmo que pouco, quando eu penso que nenhum de nós dois está fugindo, que nós dois queremos isso. — ela o aperta contra si, falando mais baixo. — O calor, a proximidade, o toque, as conversar, os cheiros... e eu nunca tive tanta certeza de querer algo como estou tendo agora, Chris. É uma merda te deixar ir, mas é reconfortante saber que você quer voltar.
— Quero. Quero mais do que tudo. — Ela sorri ao ouvir a voz anasalada dele. — O que, estou chorando mesmo, é crime?
— Não, não é. — ela sorri ao ver o olhar vermelho e emburrado dele, e o ajuda a secar as lágrimas, segurando as próprias. — É maravilhoso.
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SHOTGUNS - O REENCONTRO {EVANSSON AU}
AcciónRecém divorciado, o Sargento da reserva, Evans, é convocado para auxiliar uma missão médica em um povoado Africano. O que ele não esperava era que a comandante da comitiva fosse sua ex-namorada, Scarlett, que o abandonou em um momento delicado e po...