Por Malia.
Encontrei Elis e Anne paradas no corredor dos armários, jogando conversa fora.
- E aí, como foi ontem com o Ethan? - Anne pergunta e franzo a sobrancelhas.
- Não contei para vocês que ia sair com a família dele. - digo ainda confusa.
- Sabemos. Mas ele postou uma foto com a localização em Cali Caliente e você fez check-in lá alguns minutos antes. - Elis diz e levanto as sobrancelhas.
- Maldito lugar que só se pode usar o Wi-fi com check-in. - reviro os olhos e elas riem.
Depois da aula vou para o Harper's Beach. Gosto de trabalhar no quiosque mas isso aqui vive lotado. Precisamos mesmo de um funcionário no lugar de Cameron. A melhor parte de trabalhar no quiosque é que posso ficar apenas de short e biquini. Em dias muito quentes, é impossível ficar de roupas. Hoje está muito calor. É agosto e é verão então está mesmo muito quente. Meu pai está na loja do seu amigo Fletcher. Parece que ele precisa de uma mãozinha na reforma e meu pai pode ajudar com uma boa parte. Atendo uma quantidade considerável de clientes hoje. Vejo os atletas chegarem na praia.
Droga.
- E aí, Malia. - Noah me diz com um sorrisinho malicioso e devolvo um sorriso falso. - Quanto custa um picolé de morango? - Noah pergunta mordendo os lábios. Se eu não o conhecesse bem, diria que está tentando me seduzir na esperança de eu ser como as outras garotas e dizer pra você é de graça. E como eu o conheço bem, posso afirmar que é exatamente isso que ele está tentando fazer. Se soubesse o quão patético está.
- Custa 2 dólares mas como são para vocês...agora custam 5 dólares. - sorrio falsamente e ele revira os olhos.
- Engraçadinha. - Noah diz e posso ouvir os risos baixos dos amigos. - Quero apenas um. - pego um picolé no freezer e vejo o garoto colocar dois dólares no balcão.
- Olha, eu sei que você não é muito inteligente mas pensei que sabia o básico de matemática. - digo e Noah me olha tentando entender. - Faltam 3 dólares. Eu disse que custava cinco. - prendo os cabelos com as mãos no alto da cabeça. Hoje está mesmo muito quente. Mas paro rapidamente de fazer isso quando vejo que Noah olha descaradamente para o volume no meu biquíni e umedece os lábios.
- Só vou pagar porque é para você, gata. - Noah diz com aquele sorrisinho ridículo e juro que quero socar esse rosto agora. Ele tira um dinheiro da carteira e coloca duas notas de 5 dólares em cima do balcão. Como se quisesse me dar 5 dólares de cortesia. Falar isso em voz alta é ridículo, nunca mais vou repetir.
Já sei o que vou fazer. Coloco meu sorriso mais falso no rosto e pego as notas de cinco dólares. Amasso uma delas e jogo na sua testa como uma bolinha de papel. Ele fecha os olhos com o leve impacto.- Da próxima vez que você olhar assim para o que tem dentro do meu biquíni, não vai ser só o seu precioso dinheiro que vai ficar amassado. - dou um sorriso falsamente amigável e coloco o picolé já meio derretido na sua frente. Me retiro rapidamente de lá, indo atender outro cliente. Mas não sem me sentir observada pelos idiotas.
Depois de alguns bons minutos observo Ethan caminhar sozinho até o quiosque. Ele está sem camiseta e com o cabelo meio molhado. Estava no mar.
Não que eu tenha ficado observando, apenas vi de relance, é claro.- Eu quero uma água de coco. - ele diz e se senta no balcão. Pego um coco no caixote de madeira embaixo do balcão e pressiono o abridor bem no topo, até ter um buraco que caiba um canudo.
- Você se enturmou bem com os babacas. Já está até se tornando um. - digo sorrindo amigavel e falsamente.
- O que você tem contra eles? - o garoto pergunta enquanto pega um canudo da minha mão.
- Se eu te contasse, teria que te matar. - digo e ele ri.
- Você é engraçada, Malia. - sorrio fraco, não quero aceitar elogio de um deles mas confesso que fiquei corada. - E estressada também. - rio.
- Você até que é legalzinho. - ele levanta as sobrancelhas enquanto suga um pouco da água do coco.
- Legalzinho? - ele diz indignado.
- É. Não espere que eu vá dizer que você é super engraçado e que é lindo. - digo a última parte sem pensar. - Até porque não acho você lindo. Nem te conheço direito. - gaguejo um pouco tentando corrigir e vejo que ele tem um sorriso amarelo de quem não acredita em nenhuma palavra do que eu digo.
- Obrigado? - ele franze o cenho e rio baixo.
- Tá bom, você até que é legal também. - digo brincando com a nota de 5 dólares que ele deixou no balcão para pagar pelo coco. - Seria mais ainda se não virasse um deles. - ele dá de ombros e segue pela praia chutando a areia. Fico um tempo no quiosque até meu pai voltar da loja do senhor Fletcher e dizer que Anne e Elis estavam me esperando na frente dos banheiros. Fui até lá e vi que elas estavam sem suas pranchas. Provavelmente só iríamos nadar dessa vez.
- Vamos nadar, Mali. - Elis diz e sorrio pelo apelido. Vamos correndo até a água e é muito bom sentir a água morna e o sol bater nos olhos. Vivo de protetor solar no quiosque. Primeiro: é muito quente. E segundo: eu sempre vou nadar depois de ficar no quiosque e esqueço do protetor solar. Com tanto tempo de prática - que me renderam algumas ensolações bem doloridas - aprendi a sempre passar protetor solar.
Fomos até onde a água batia um pouco acima da cintura. Encaramos os atletas estupidos se aproximando.
- Noah é tão estúpido. - digo o observando de longe e reviro os olhos.
- O que ele fez? - Elis pergunta passando a mão no rosto para tirar os cabelos.
- O que ele faz de melhor. - digo.
- Ser lindo? - Anne completa.
- Ser perfeito? - Elis diz.
- Ser um idiota. - corrijo.
- Por que os odeia tanto, Mali? - Anne pergunta inocentemente. Elas não sabem. Quase ninguém sabe. E vão ficar sem saber por um bom tempo.
- Eles...só são estúpidos. - elas dão de ombros.
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Um amor de verão
Roman d'amourA surfista Malia Harper vive na Califórnia com sua família. Em um dia qualquer, um garoto novo chega em sua escola. Apesar de suas amigas parecerem caidinhas pelo novato, Malia odeia seu jeito sabichão e sarcástico de ser. Até perceberem que precisa...