05 - A loja de artigos de surf

2.7K 241 26
                                    

Por Malia.

Era hora do almoço. Vou até a mesa dos surfistas e coloco minha bandeja. Enquanto como, escuto Sarah contar sobre ela e Justin. Parece que os dois começaram a se conhecer, apesar de eu avisá-la muitas vezes que ele é um idiota e que ela merece coisa melhor.

Vejo os atletas se levantando e indo em direção a porta de saída do refeitório. Para isso eles teriam que passar pela nossa mesa. E é claro que não passariam sem antes nos perturbar.

- Ei, Malia. - reconheço a voz de Ethan e levanto os olhos para encará-lo. - Dá uma passadinha na loja do meu pai mais tarde, é uma loja de artigos de surf, acho que você vai gostar. - o garoto diz com um sorriso amigável e dou de ombros. Ele não parece estar tirando uma com a minha cara. Parece realmente querer minha presença lá.

- Sabe o que eu acho engraçado? - Noah começa. - Malia é a única dessa escola que não gosta da gente. Por que, gata? - reviro os olhos e respiro fundo antes de falar alguma coisa.

- Não sou a única que não gosta de vocês, acreditem. Só sou a única que não fica caindo de amores por vocês e vocês não suportam isso. - digo e o garoto cruza os braços na frente do corpo. - E sabe o que eu acho engraçado? Ethan anda com vocês mas nem faz parte do time. Pensei que vocês fossem mais inteligentes para perceber isso. Ou menos burros pelo menos. - dou um gole no meu suco e lanço um sorriso falso para os estúpidos.

- Ele não faz parte do time ainda. Mas vai fazer, não é, Fletcher? - Ethan assente.

- Bom, isso não é da minha conta. - digo mantendo meu sorriso falso.

- Exatamente, Malia. Não é da sua conta. - Noah sai e os amigos o seguem. Ethan fica um pouco e me encara antes de balançar a cabeça e sair.

- Não tem um dia de paz nessa escola? - pergunto para mim mesma.

- Até tem. - Caleb começa. - Olha, Mali, sei que os atletas te irritam e que você acha que eles são idiotas. Não tiro sua razão, também acho. Mas acho que você anda muito estressada esses últimos dias. Talvez você deveria tentar relaxar. - penso um pouco. Ele não estava mentindo. Era completamente verdade. - Tire uma tarde para surfar, relaxar e esquecer as preocupações, está bem? - assinto e o garoto moreno sorri.

[...]

Depois da aula meu pai me convidou para ir até a loja do senhor Fletcher. Parece que ele precisava de ajuda e como eu e meu pai entendemos de surf ele queria uma mãozinha. Como alguém abre uma loja de artigos de surf e não sabe nada sobre o assunto? Eu respondo essa pergunta. O senhor Fletcher já foi surfista, mas na adolescência. E como tudo tem uma data de validade, ele teve que parar de surfar. Provavelmente não se lembra mais das coisas que são necessárias nem de como se sobe em uma prancha. Bem, eu estava em meu quarto, lendo e a casa estava um silêncio enorme com Tom na aula de reforço de matemática e Maya na aula de francês. Pensei até que meu pai já havia saído e ido ao encontro do senhor Fletcher até o adulto meio grisalho e com a barba por fazer entrar ao meu quarto.

- Está pronta? - meu pai ajeita a gola da camiseta.

- Para o que? - mexo os dedos dos pés.

- Para ir à loja do Paul. - meu pai cruza os braços na frente do corpo. Faço uma cara de tédio. - Se você for, te compro uma camiseta de surf nova. Você prometeu, Mali. - meu pai diz. Eu realmente prometi, não posso furar agora.

- Não vou esquecer de escolher uma camiseta de surf nova. - digo calçando os chinelos e ele sorri.

A loja do senhor Fletcher estava meio acabada. Por ter ficando tanto tempo fechada, acho que já era de se esperar. Ele precisava de uma lista de produtos essenciais sobre surf.

Assim que chegamos, meu pai segue para o fundo do galpão e atravessa uma porta. Me deixando sozinha em um galpão pequeno que só tinha um balcão de madeira e prateleiras vazias. Segundo depois de meu pai ir atrás do senhor Fletcher, Ethan cruza a porta, mas dessa vez não se retirando do local, e sim entrando.

- Você veio. - o garoto se encosta no balcão e mantém um sorriso simples nos lábios.

- É. Mas não foi porque você pediu. - digo e ele ri. - Tinha prometido para o meu pai.

- Ah, claro. - ele não parece acreditar.

- Estou falando sério. - cruzo os braços na frente do corpo.

- Ok. - ele diz ainda não acreditando e reviro os olhos. - Então, que cor você acha que combina mais com essas paredes? - são paredes de madeira. O galpão é inteiro de madeira. Quase como um celeiro mas pequeno, extremamente limpo e muito bem iluminado.

- Eu pintaria de verde água e laranja. E pintaria uma fachada bem grande com azul para pendurar lá na frente. - coço o queixo. - Já sabe o nome do comércio? - dou um passo para o lado para encarar as paredes.

- SurFletcher. - o garoto para ao meu lado e encara as paredes também.

- Criativo. - digo e ele ri fraco. - Quase tão genial quando o Cali Caliente. - rimos.

- O dono daquilo pensou muito bem no nome. - assinto.

Meu pai e o senhor Fletcher atravessam a porta e nos viramos rapidamente.

- Ah, vocês já estão virando amigos. - meu pai diz. Dou de ombros e coloco as mãos no bolso de trás do short.

- Deixei o Ethan escolher as cores da loja. - Paul comenta com meu pai.

- Eu já escolhi. - o garoto atrás os olhares dos adultos. - Vai ser verde água e laranja com uma fachada bem grande escrita de azul na frente da loja. - ele repete minhas palavras e tento esconder um sorriso.

- São boas cores. - Paul comenta e meu pai assente me encarando. Ele sabe que eu escolheria essas cores. Sabe que eu realmente as escolhi. Coloco um dedo na frente da boca sinalizando para ele guardar segredo e ele esconde um sorriso.

- Bom, para começar acho que vocês precisam de tinta e pincéis. - digo e eles riem. - Vou pensar em todos os artigos de surf necessários e fazer uma lista em casa. - Paul assente, grato.

- Quando pensam em abrir? - meu pai pergunta.

- Bem...hoje é...- o senhor Fletcher pensa um pouco.

- 13 de setembro. - Ethan completa.

- 13 de setembro. - Paul aponta para o filho o agradecendo por lembrar. - Quem sabe no dia 1 de outubro? - Paul sugere.

- É uma boa data. - digo e o senhor sorri deixando aparecer marcas de expressão na testa e nas bochechas. - Posso te trazer a lista na semana que vem? - pergunto.

- Claro, querida. No seu tempo. - sorrio.

Um amor de verãoOnde histórias criam vida. Descubra agora