17 - O dia do não-encontro

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Por Malia.

Segunda feira. Vou até meu armário para buscar alguns livros que esqueci lá dentro.

- Oi, gatinha. - Noah se aproxima enquanto masca um chiclete barulhento.

- O que você quer? - o encaro já impaciente.

- Eu quero muitas coisas. Incluindo sair com você. - rio e ele franze as sobrancelhas.

- Nem fudendo.

- Que mal educada! Gosto assim. - ele diz com um sorriso malicioso e reviro os olhos.

- Deve ser porque você se identifica. - sorrio falsamente.

- Você é esquentadinha, né? Odeia todo mundo.

- Todo o mundo é muita gente. 7 bilhões de pessoas, para ser mais exata. - ele revira os olhos. - Eu só não suporto você e os seus amiguinhos. Tirando o grupo de otários, na verdade, eu suporto muita gente. - sorrio falsamente outra vez.

- Sabe, Harper. Você fingindo que não me quer só dificulta as coisas. Isso aqui - ele aponta para nós dois - nunca vai acontecer se você não se deixar levar pelo meu charme. - rio. Como pode alguém ser tão estúpido e convencido?

- Sabe, Campbell. Isso aqui - aponto para nós dois - não vai acontecer de qualquer maneira. Entendeu? - fecho o armário e saio.

- Você tem crueldade nesse coração aí - ele grita atrás de mim.

- Eu tenho noção nesse cérebro aqui. - coloco o indicador na têmpora e saio de lá revirando os olhos.

[...]

- Idiota! - digo enquanto ando em círculos perto da mesinha de concreto do lado de fora da escola.

- Concordo. - Caleb diz.

- Ele é tão ridículo! Como consegue? - me sento no banquinho em sua frente - Sabe o que eu não entendo? Como ele e Justin conseguem viver sem sentir culpa? A Jéssica quase morreu por culpa deles e eles seguem fazendo o que faziam como se ela não tivesse existido!

- Calma, Mali. - Caleb diz e suspiro. - Sei que está estressada com eles mas não é bom para você ficar lembrando do que aconteceu há anos atrás.

- Eu sei. - apoio o queixo na mão e encaro meu melhor amigo a minha frente. - Não consigo esquecer, Caleb. Todos os dias a cena passa na minha cabeça várias e várias vezes. - tampo o rosto com as mãos.

- Eu sei, Mali. Sei que é ruim não saber dela mas você não pode se torturar pensando nisso.

- Eu sei, eu sei. Queria ao menos ter uma notícia dela. Saber se está bem ou se está viva pelo menos.

- Se vai te ajudar, deveria procurar ela. - ele solta as palavras e encaro suas sobrancelhas escuras.

- Você acha? - ele assente. - Não sei. E se ela não quiser saber de ninguém da escola passada. E se ela me culpa?

- Mali, pare! - ele segura minhas mãos em cima da mesa. - Ela não te culpa! Não foi sua culpa! Você não fez nada!

- Exatamente, esse é o ponto. Eu não fiz nada e por pouco ela não morreu.

- Não foi isso que eu quis dizer. - ele aperta os dedos quentes contra os meus. - Quero dizer que você não tem culpa do Justin ser um idiota. - encaro nossas mãos.

- Acha mesmo que eu deveria procurar ela? - digo depois de um tempo em silêncio.

- Acho. - assinto. - Posso te dizer uma última coisa?

Um amor de verãoOnde histórias criam vida. Descubra agora