Uma boa decisão é algo relativo. O que para uns é uma boa decisão, para outros é péssima. Naquele momento, com Evangeline a fugir marido, para ela era uma boa solução, para Dorian, era uma afronta grave que ele não deixaria sair impune.
Sim, ela estava a fugir, porém não conseguia ficar nem mais um instante naquela casa ou perto de Dorian, então aproveitou que as malas ainda estavam na carruagem que os levaria a Londres, pegou em Grace, e com Maisie e a ama da filha, a jovem Tilly, aproveitou o crepúsculo da noite e deixou Overdeen Hall sem olhar para trás.
Sabia que a partir daquele instante, ao levar Grace consigo, afastando-a de Dorian instantaneamente, estava a tornar aquela situação ainda mais pessoal. Estava a afrontar o marido, e sabia que isso lhe traria consequências, nomeadamente no facto de que para a sociedade é absolutamente abominável uma mulher deixar o marido e afastá-lo dos filhos, e isso podia trazer-lhe punições severas, e a exclusão da sociedade, caso Dorian decida usar aquela situação a seu favor para a prejudicar.
Mas ela não tinha medo dele, e estava pronta para a primeira batalha daquela guerra que acabou de estourar entre ambos.
O sacolejar da carruagem não permitia que ela adormecesse, mas os seus pensamentos também contribuíram para a manter acordada. O seu primeiro pensamento foi ir para Londres, mas vários fatores fizeram com que ela reconsiderasse essa decisão. Primeiro: mais cedo ou mais tarde alguém iria saber que ela estava em Londres, e quando descobrisse que ela estava sozinha com a filha na cidade, centenas de especulações e artigos de jornais sensacionalistas iriam surgir, e ela não queria ser motivo de falatório; segundo: a sua família estava na cidade e mais cedo ou mais tarde iriam saber da sua presença, e ao notarem a ausência de Dorian iriam questioná-la e ela não queria mentir-lhes, ou até dizer o que se estava a passar, isto pois, por algum motivo, ela não queria destruir a imagem que eles tinham de Dorian.
Era um modo de evitar mais dores de cabeça.
Devido a isto, começou por selecionar outra residência onde pudesse se instalar, uma que fosse suficientemente longe de Dorian, mas as opções resumiam-se a mansões do duque onde os criados podiam lhe dizer que ela ali estava.
Depois de recordar o nome de muitas delas, acabou por escolher a residência pelo qual Dorian tinha uma substancial adversão: Chatsworth House, a mansão de Derbyshire.
Aquela residência, na época em que Harry Cavendish era vivo e Dorian ainda era pequeno, foi transformada num autêntico harém de meretrizes levadas de East End pelo próprio duque, salvo algumas exceções. E Erin era uma delas.
Erin foi uma das amantes do falecido duque, e a sua favorita, ainda esta era casada com o seu primeiro marido, o falecido barão Anthony Moore. Um pobre diabo viciado no jogo e no álcool, que encontrou em Erin mais um motivo para acreditar que estava no inferno, e não na Terra.
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O perdão de Lady Evangeline - Série Implacáveis
Historical FictionLIVRO 1 DA SÉRIE IMPLACÁVEIS Após descobrir o que motivou o marido a pedi-la em casamento, lady Evangeline Cavendish vê-se obstinada a odiá-lo para o resto da sua vida, focando a sua atenção na sua filha Grace, o único motivo pelo qual sente...