Londres, Agosto de 1771
Era Georgiana
Dorian Cavendish considerava-se um homem resoluto, implacável, às vezes impiedoso para com aqueles que se atreviam a desafiá-lo, mas acima de tudo, era obstinado, e querendo algo ia até às últimas consequências para obter aquilo que desejava. Mas desta vez não foi preciso esforçar-se tanto assim.
Era um libertino assumido e esforçava-se para manter essa imagem imaculada e inalterada, frequentava um clube para jovens libertinos conhecido como "O clube dos Sábios", onde no meio do glamour que o espaço oferecia com a sua decoração arrojada, poderiam usufruir dos prazeres mais libidinosos e imorais jamais imaginados. Foi amante e teve amantes de todos os polos da sociedade, desde as mais experientes meretrizes, até jovens viúvas e mulheres casadas. Nunca pensou sequer em casar e constituir família, mas bastou recordar o rosto dela e um sorriso surgiu no seu rosto.
Faltavam poucas horas para Evangeline se tornar oficialmente a sua esposa, a mulher que compartilharia os seus dias com ele, a sua amante e fiel companheira, e pensar em como se apaixonou por ela tão abruptamente e loucamente depois de anos de amizade, só servia para reforçar o quão imprevisível era o universo. De um momento para o outro passou a desejá-la de modo ardente e desesperado, e quando viu que tudo isso virou amor, um amor insano e louco por aquela mulher, não mediu esforços para a ter, e muito menos cobriu-se de pudores para pedi-la em casamento.
As horas foram passando, e quando deu por si estava a caminho da catedral de St. George onde se realizaria a cerimónia. Um sorriso assolou o seu rosto ao relembrar como Evangeline conseguiu convencê-lo a usar uma aliança tal como ela, seria um feito inédito um homem usar uma aliança de casamento. Mas por ela faria tudo.
Agora aguardando no altar com falsa calma, só contava as horas para poder levá-la para Overdeen Hall, de modo a poderem usufruir da paz de recém casados e afastá-la das fofocas que surgiriam de modo inevitável. Não queria ter a aristocracia a sondá-los desenfreadamente para ver como o casamento deles estava a ir, não era nada da conta deles.
A marcha nupcial começou, e aparecendo na nave da catedral como um anjo resplandecente, lá estava ela, a sua futura esposa, entrando como Evangeline Borton, e saindo como Evangeline Cavendish. Era com orgulho que diria que aquela era a sua esposa, uma jovem que nos auge dos seus vinte anos recém feitos era falada quer pelos bons quer pelos maus motivos, mas nada disso interessava, pois amava-a de tal modo que os cometários a seu respeito não passavam de palavras vazias e sem qualquer significado. Faria dela a mulher mais feliz do mundo, seria tratada como uma rainha, e amada como ela merece.
Evangeline estava nervosa enquanto caminhava em direção a Dorian, porém sentia-se como uma princesa que ia de encontro ao seu príncipe predileto. O vestido dourado era uma obra sua, desenhado por si porém confecionado pelas costureiras da sua mãe, a condessa Borton. Orgulhava-se do resultado e não tinha vergonha nenhuma ao admitir que foi ela quem planeou cada mísero detalhe da sua indumentária, o que tornava aquele momento ainda mais especial. Sorriu para Dorian, para o seu futuro marido com todo o amor que lhe tinha, e quando o seu pai a entregou a ele, soube que não precisava de mais nada para se sentir feliz.
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O perdão de Lady Evangeline - Série Implacáveis
Narrativa StoricaLIVRO 1 DA SÉRIE IMPLACÁVEIS Após descobrir o que motivou o marido a pedi-la em casamento, lady Evangeline Cavendish vê-se obstinada a odiá-lo para o resto da sua vida, focando a sua atenção na sua filha Grace, o único motivo pelo qual sente...