Naquele momento Dorian sentiu-se sem ar. Era difícil conseguir reprimir os seus anseios e instintos quando já fazia tanto tempo que não faziam aquilo que ela exigia em troca da reconciliação, mais precisamente desde a época do quinto mês de gestação de Evangeline, quando ela sofreu um grave sangramento que, segundo Portia, se não tivesse sido evitado a tempo podia resultar num aborto e graves sequelas para Evangeline. Devido a isso desistiram de ter qualquer interlúdio sexual entre os dois, não dispensando os carinhos mais ousados, mas sem a consumação do ato. Tudo por uma questão de segurança e bom senso. Porém de há umas semanas para cá, até os carinhos foram dispensados.
Mesmo que essa fosse a sua vontade, não podia fazê-lo sem esclarecer alguns pontos, por isso, com delicadeza, pousa as mãos nas ancas da esposa e ergue-a, num pedido silencioso para que saísse de cima dele. Com a testa franzida, Evangeline faz isso mesmo, vendo Dorian a pegar no copo e dirigindo-se ao aparador, pousando-o lá.
- O que se passa? - inquiriu, cortando o silêncio, estranhando a atitude dele.
- Antes de mais nada, preciso de saber algo. - Dorian volta-se para ela, que ainda estava parada ao lado da poltrona onde ele estava sentado. - O que te levou a mudares de ideias?
Evangeline baixou o olhar em direção ao chão, e quando o voltou a erguer, caminhou até ele, mantendo-se a dois passos de distância.
- Os teus motivos. - revelou, com a atenção do marido inteiramente para si. - Se os motivos fossem outros, provavelmente não perdoaria, mas fizeste tudo isto pela tua mãe, pela memória dela que queres preservar. Finalmente fui capaz de te compreender, de perceber que se fosse eu no teu lugar faria exatamente o mesmo. O desespero leva-nos a fazer coisas que não queremos, assim como a fazer sacrifícios em nome de um bem maior.
- Vê lá tu que para isso tudo, quase sacrifiquei o meu amor. - disse o duque com um sorriso triste, levando a mão a acariciar o rosto da esposa. Desta vez, Evangeline não se afastou. - Mas o que é verdadeiro, ninguém destrói.
Evangeline suspirou, sentindo o polegar dele acariciar a sua face com carinho.
- Eu sei.
- Mas ainda assim duvidaste, mesmo depois de eu dizer-te que te amo.
Foi capaz de detetar deceção e mágoa na sua voz. A mão dele afastou-se do seu rosto, e Evangeline abriu os olhos que instintivamente havia fechado.
- Sim, eu duvidei, mas estava magoada contigo, sentia-me enganada.
- Perdoa-me, por tudo.
Deu-lhe um sorriso singelo e reaproximou-se dele calmamente, envolvendo o rosto dele com as suas mãos.
- Eu já te perdoei, meu querido, a partir do momento em que percebi que o nosso casamento sempre foi real. Que como tu me amas, eu também te amo. - confessou sincera, e Dorian suspirou tremulamente. Baixou as mãos para os ombros dele. - Mas também tenho que te pedir perdão, por ter fugido daquela forma com Grace. Eu não tinha o direito de fazer uma coisa daquelas.
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O perdão de Lady Evangeline - Série Implacáveis
Ficção HistóricaLIVRO 1 DA SÉRIE IMPLACÁVEIS Após descobrir o que motivou o marido a pedi-la em casamento, lady Evangeline Cavendish vê-se obstinada a odiá-lo para o resto da sua vida, focando a sua atenção na sua filha Grace, o único motivo pelo qual sente...