• Capítulo 13 - Semente da discórdia

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       A desilusão era tanta que lhe apertava a alma

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A desilusão era tanta que lhe apertava a alma. A raiva era tamanha que lhe queimava o seu interior.

As lágrimas secaram, e amaldiçoou-se por as ter libertado. Nunca foi fraca e muito menos chorou por quem não merecia as suas lágrimas, e neste momento quem não as merecia era Dorian.

Trancou a porta de comunicação do quarto, evitando que ele irrompesse por ali adentro. Ouviu as batidas insistentes na porta, mas ignorou-as. Não queria falar com ele, e muito menos vê-lo.

A raiva e a dor compunham uma mistura demoníaca, tornando-se quase insuportável de conseguir lidar com ela. Impressionava-se como, de um momento para o outro, passou a odiar Dorian numa dimensão equivalente ao amor que lhe tinha, pois mesmo com todo o ódio e mágoa repentinos, ainda o amava. E isso era mais um motivo para se amaldiçoar. Queria apenas sentir ódio por ele, mas o amor permanecia insistentemente. Não é fácil apagar um sentimento tão poderoso de um momento para o outro, ou numa questão de minutos, mas iria esforçar-se para demonstrar apenas os sentimentos negativos que agora permeavam o seu interior: ódio, mágoa e desprezo.

Ouviu batidas na porta e a voz de Maisie a chamar por si. Foi abrir esforçando-se para camuflar as suas emoções, tentando não demonstrar que algo a afetava.

A sua dama de companhia avisou que o duque adiou a viagem para amanhã de manhã, porém que os baús ainda permaneciam nas respetivas carruagens, e que Grace estava com a ama no quarto. Evangeline apenas agradeceu e dispensou-a.

Provavelmente Dorian adiou a viagem para tentar falar com ela e tentar resolver as coisas, mas ele que nem pense que vai ter essa hipótese! Não queria ouvir nenhuma das explicações esfarrapadas que ele tinha para lhe dar, porque nada do que ele pudesse dizer iria justificar o que ele fez.

Ele usou-a para adquirir bens materiais e parte da herança que ele estava em risco de perder, isso não tinha explicação nem perdão possível. E mesmo que tivesse, Evangeline não estava disposta a dar isso ao marido. Não era o peão de ninguém, e jamais voltaria a ser novamente.

Era uma traição, a seu ver, bem pior do que se Dorian tivesse uma amante. Uma coisa era trocá-la por outra mulher, outra coisa era usá-la para fins gananciosos, e iludi-la desta forma.

Decidiu ir ver Grace ao quarto dela, tendo em si a esperança de que vendo a filha, conseguisse adquirir alguma calma. Ao entrar no aposento dispensou a ama com um aceno de cabeça, aproximando-se do berço onde Grace estava deitada e agarrada a uma boneca de pano.

- Olá meu amor. - disse com voz de bebé, recebendo um sorriso desdentado da filha.

Pegou nela no colo e começou a caminhar pelo quarto enquanto a embalava suavemente. Durante o tempo em que esteve a refletir sobre aquilo que descobriu e sobre o que Dorian fez, várias ideias passaram pela sua mente, inclusive a separação. Porém o divórcio seria impossível de lhe ser atribuído, tendo em conta que o casamento foi consumado e a prova disso era Grace. Dar-lhe-ia um certo gosto fazer com que Dorian perdesse aquilo que conseguiu adquirir à custa do seu coração iludido e, agora, partido. Mas, infelizmente, teria de conviver com a realidade que um palacete importava mais do que os seus sentimentos.

O perdão de Lady Evangeline - Série ImplacáveisOnde histórias criam vida. Descubra agora