Evangeline estava disposta a dialogar? Com certeza — e que Deus o perdoe por dizer uma coisa destas — estava para cair um santo do altar!
Ficou vários minutos a fio a olhar para o rosto da esposa, a procurar por algo nela que mostrasse que aquilo era fruto da sua imaginação traiçoeira, mas não encontrou nada. Nos seus olhos verdes via a pura sinceridade. Ela finalmente estava disposta a falar, e Dorian iria aproveitar a oportunidade pois caso ela mudasse de ideias, não sabia quando a iria encontrar recetiva novamente. Ela sabia ser esquiva quando queria fugir de si, prova disso eram os últimos dias.
Lentamente aproximou-se dela, olhando-a sem a sombra de um sorriso, analisando cada uma das suas expressões faciais e recebendo dela o mesmo olhar analítico.
— Que milagre está para acontecer que justifique a vontade da minha querida esposa em querer falar comigo? — não foi capaz de segurar o tom trocista.
De facto aquilo era algo inédito. Porém, mesmo que tivesse confessado que a amava, a acusação que ela lhe fez ainda permeava os seus pensamentos. Sentia-se magoado por Evangeline ter tido a coragem de o acusar de adultério, é que já não o incomodava que fosse com a baronesa, mas sim ela ter cogitado a hipótese de que ele teria coragem de a trair. Aquilo feriu-o de muitas formas.
— Agradecia que dispensasses o cinismo, por favor. — pediu Evangeline com tom de voz fatigada.
Dorian suspirou e encaminhou-se para as poltronas perto da janela lentamente.
— Não prometo nada, o cinismo já se entranhou em mim como uma segunda pele. — voltou-se para a esposa com diversão e desafio.
— Estás disposto a colaborar ou não?
Evangeline já começava a perder a paciência com ele. Dorian virou-se de costas para ela e fitou a escuridão da madrugada, prosseguindo o caminho até às poltronas.
— Estou disposto a colaborar, de facto estou, isto se não tiveres a coragem de me acusares de traição novamente. — retrucou categórico, sentando-se e cruzando as pernas, apoiando o cotovelo no braço da poltrona, fitando a esposa com uma seriedade carregada. — Não penses que a nossa conversa de hoje mais cedo está esquecida.
Ele ficou mesmo magoado, constatou Evangeline com tristeza. Também o caso não era para menos, e nem conseguia entender como teve coragem de fazer tal acusação. Dorian podia ter um comportamento errático, tendo dificuldade em permanecer perto de uma mulher sem lhe erguer as saias enquanto era solteiro, mas isso não significa que, depois de casado, ele fosse comportar-se como um dissoluto, como um marido infiel. Dorian não é assim.
— Já expliquei que agi por puro ciúme. — defendeu-se a duquesa.
— Mas não te desculpaste por isso. — pontuou o duque com a mesma postura séria, com traços de arrogância.
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O perdão de Lady Evangeline - Série Implacáveis
Historical FictionLIVRO 1 DA SÉRIE IMPLACÁVEIS Após descobrir o que motivou o marido a pedi-la em casamento, lady Evangeline Cavendish vê-se obstinada a odiá-lo para o resto da sua vida, focando a sua atenção na sua filha Grace, o único motivo pelo qual sente...