A luz é algo que poucas pessoas são capazes de apreciar. A luz solar só é capaz de aquecer verdadeiramente o corpo e a alma daqueles que não possuem mágoas ou a alma escurecida pelo ódio e o rancor.
E por isso mesmo, pelo facto do seu coração estar livre de emoções negativas, o sol que irradiava nessa manhã e cujos raios solares entravam pela janela do quarto, aqueceram o corpo despido de Evangeline, coberto singelamente pelo lençol, levando a que ela acordasse com um sorriso no rosto. Ao abrir os olhos o seu sorriso alargou-se ainda mais ao observar o rosto adormecido do marido, deitado de bruços relaxado, com as costas nuas expostas e com o restante do corpo coberto pelo lençol azul escuro.
Deixou-se ficar apenas a admirá-lo, observando com deleite a maneira como ele estava relaxado, como ele parecia em paz. Desta vez não se impediu de tocar no seu rosto como fez na estalagem, levou a mão ao seu rosto sereno e acariciou-o levemente, acabando por tocar no seu cabelo despenteado. Aos poucos um sorriso surgiu no rosto dele ainda de olhos fechados, e Dorian arrastou-se mais para perto de Evangeline, acariciando as suas costas com a mão e abrindo os olhos, tendo o rosto iluminado pela luz que entrava pelas janelas.
— Bom dia. — disse com a voz grave e rouca pelo sono, com um sorriso ensonado.
— Bom dia. — respondeu Evangeline, inclinando-se e beijando-o no rosto. — Desculpa se te acordei, meu amor.
Dorian negou com a cabeça, beijou a sua mão e arrastou-se mais para perto dela, empurrando-a para que ficasse de barriga para cima, aninhando-se no seu corpo quente com a cabeça encostada no seu peito e uma perna entre as pernas da esposa. Evangeline começou a acariciar o cabelo dele com uma mão, enquanto que com a outra afagava as suas costas. Permaneceram daquele modo por um longo tempo em silêncio, o que a duquesa estranhou.
— Pareces-me extremamente pensativo, querido.
Tudo o que obteve como resposta foi um suspiro.
— Não queres compartilhar comigo? — insistiu com suavidade, procurando aliviar a tensão que começava a sentir ser emanada dele.
Dorian acariciou o braço dela antes de sequer cogitar em abrir a boca.
— Estava a lembrar-me de um episódio em Overdeen Hall entre mim e a minha mãe. — revelou sem se mover, mantendo o rosto escondido na curvatura do pescoço da esposa. — Foi no dia do meu décimo primeiro aniversário, ela levou-me a fazer um piquenique perto do lago da propriedade, mas o que me veio logo à memória foi o que ela me disse: "Este é o nosso pequeno pedaço de paraíso. Nada nem ninguém poderá nos roubar o nosso santuário, e muito menos nos separar, meu amor. Somos somente nós os dois contra o resto do mundo, só isso importa e nos chega."
Evangeline ouvia tudo em silêncio, prestando atenção a cada palavra enquanto lhe acariciava o cabelo com carinho.
— Esse, assim como todos os aniversários que passei em Devon com a minha mãe, foram os melhores momentos da minha vida. Eu adorava fazer anos pois ela sempre se esforçava para fazer algo que tornasse o dia especial, num programa a dois, não só nesse dia como no natal inclusive.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O perdão de Lady Evangeline - Série Implacáveis
Historical FictionLIVRO 1 DA SÉRIE IMPLACÁVEIS Após descobrir o que motivou o marido a pedi-la em casamento, lady Evangeline Cavendish vê-se obstinada a odiá-lo para o resto da sua vida, focando a sua atenção na sua filha Grace, o único motivo pelo qual sente...