• Capítulo 9 - Ópio

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       A opinião alheia nunca lhe importou para rigorosamente nada

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       A opinião alheia nunca lhe importou para rigorosamente nada. Nunca quis saber o que os outros pensavam de si, nunca lhe causou incómodo o facto de membros da Ton* opinarem a respeito do seu comportamento, visto várias vezes como inadequado. Afinal, quem dançava com o mesmo homem mais do que uma vez, ficava à conversa nas margens dos salões com lordes interessados para depois colocá-los a correr, e desafiava lordes experientes para partidas de poker? Não era comportamento de uma Lady, mas até hoje Evangeline ignorou isso com sucesso.

       Não compreendia como aquela mulher a deixou assim, desconfortável e incomodada. Seria insegurança? Medo de que quando a sua barriga crescesse e o seu corpo mudasse Dorian não a quisesse mais? Que a rejeitasse e procurasse outra mulher para se satisfazer? Ela sabia bem o quão exigente o marido era na cama, bem como a necessidade dele em ter relações sexuais com frequência, mas se Dorian realmente a ama, irá render-se ao celibato sem problemas. Certo?

       Evangeline queria acreditar que sim.

       Maisie ficou admirada por a ver no quarto a uma hora daquelas, porém alegou uma leve indisposição e decidiu recolher-se mais cedo. Acreditando nas palavras da sua senhora, a humilde criada ajudou Evangeline a despir o pesado e faustoso vestido e a desfazer o penteado. Ajudando-a a vestir a chemise, Maisie fitou por alguns momentos a barriga já com uma pequena saliência e sorriu para a duquesa.

       — Rogo a Deus para que seja uma menina. — disse sincera e Evangeline deu um sorriso fraco, segurando nas mãos da jovem.

       — Menina ou menino, o que importa é que venha com saúde. — disse Evangeline e Maisie concordou.

       Após a criada retirar-se foi até ao quarto que compartilhava com Dorian, entrando pela porta de comunicação no preciso momento em que o marido entrava no quarto, fitando-a com uma expressão preocupada.

       Remeteu-se ao silêncio, fitando-o com as mãos unidas junto ao ventre. Não sabia o que dizer para se justificar, mas um incómodo surgiu no seu peito ao relembrar o sorriso audacioso que a baronesa de Westphalen dirigiu a Dorian quando este a intercetou. Não fazia ideia das palavras que eles trocaram, e não tinha a certeza se queria saber.

       Ela queria falar, queria questionar, mas sentia que lhe faltava a voz. Não conseguia dizer nada.

       Dorian caminha até ela com passos firmes, e quando a alcança abraça-a de modo apertado, como se somente olhando para ela soubesse que ela precisava de consolo para a sua alma inquieta. Adorava que ele a conhecesse tão bem quanto o fazia, sentia-se segura, mas mesmo assim aquele incómodo persistia.

       Afasta-se ligeiramente dele e, puxando-o pelo colarinho da camisa com as duas mãos, beija-o de modo sôfrego levando uma mão à sua nuca.

       Dorian não esperava por aquela reação, mas sendo a sua esposa, a mulher que ama, não foi capaz de resistir, e com ferocidade retribui o beijo exigente da esposa.

O perdão de Lady Evangeline - Série ImplacáveisOnde histórias criam vida. Descubra agora