Na manhã do terceiro dia desde que partiram de Devon, Christopher e Portia chegaram a Londres, encaminhando-se de imediato a Devon House como o combinado.
Lorde Clermont desceu da carruagem e ajudou Portia a descer, que lhe ofertou um sorriso em agradecimento. Um sorriso que viu no rosto dela várias vezes ao longo dos últimos três dias, e que inexplicavelmente conseguiu trazer-lhe uma onda de paz e relaxamento.
Era como se ela fosse o calmante para a sua realidade tempestuosa.
E isso surpreendia-o, pois mal a conhecia.
Encaminharam-se para o interior da mansão lado a lado, num silêncio ameno, porém Christopher tentava conter o ímpeto de olhar para ela pelo canto do olho, de a admirar em silêncio, tal como tem feito nos últimos dias. Tornava-se difícil permanecer indiferente a ela, e tinha a certeza de que ela faria sucesso no baile que a duquesa estava a planear fazer no dia do aniversário de Dorian, dali a uns dias. Informação ofertada por Lucille.
Ele sabia que aquele baile seria um caminho sem volta, a partir do momento em que Portia fosse exposta aos olhares da Ton, jamais seria uma mera desconhecida que permaneceria no anonimato para a aristocracia. Iria atrair atenções pois possuía uma tez harmoniosa e uma delicadeza dignas de uma lady, e se não fosse pela questão de não ter nascido em berço de ouro, e não obstante, de não ter um dote, seria um alvo imediato para os caçadores de dotes e aqueles que buscam uma esposa para garantir descendência. E essa imagem não lhe trouxe agrado algum, só um incómodo intenso.
Chegaram ao hall de entrada, seguidos dos criados que carregavam as poucas malas que Portia trouxe. Pouco depois o mordomo aproximou-se e cumprimentou-os.
— Bom dia, milorde, senhorita. — pronunciou-se com polidez. — Os duques de momento não se encontram na residência.
— E sabe informar onde se encontram? — questionou Christopher com imponência.
— Foram resolver um assunto na Oxford Street, porém não tenho conhecimento de mais nada, milorde. São somente estas as informações que me foram fornecidas.
— Sabe se demoram?
— Não, milorde. Saíram cedo, mas não disseram a que horas voltavam. Mas recebi a indicação da duquesa de acompanhar a senhorita Wood aos seus aposentos, caso chegassem e ela estivesse ausente.
Christopher assentiu e seguiu o mordomo até à sala de estar, observando-o retirar-se para acompanhar Portia até ao quarto selecionado pela duquesa.
Serviu-se de uma dose de whisky enquanto permanecia de modo pensativo. Os últimos dias são difíceis de explicar, nem ele mesmo tinha uma conclusão clara para o modo como se sentiu despojado de preocupações, de obrigações. Portia acalmou-o na mesma velocidade em que o confundia. E sentia que não seria capaz de abdicar dessa calmaria.
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O perdão de Lady Evangeline - Série Implacáveis
Ficción históricaLIVRO 1 DA SÉRIE IMPLACÁVEIS Após descobrir o que motivou o marido a pedi-la em casamento, lady Evangeline Cavendish vê-se obstinada a odiá-lo para o resto da sua vida, focando a sua atenção na sua filha Grace, o único motivo pelo qual sente...