A Batalha

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Gabriel voltou-se para Nathalie, encontrando-a ajoelhada no chão.
— O quê? — Ele falou, mas permaneceu no mesmo lugar.
— Você não pode... O Adrien... Está com ele... O miraculous... — Dizia ela, com tremendo esforço. Gabriel se aproximou e ajudou-a a se levantar.
— Você está delirando, Nathalie, é um dos efeitos do uso do miraculous quebrado. Emilie também sofria com isso... Descanse, o médico já está a caminho. — Disse, ajudando-a a sentar na cama.
— Não... — Nathalie falou, mas Gabriel já estava correndo em direção ao escritório com o quadro de Emilie.

*

Adrien pareceu ter despertado do transe e se afastou da câmara que guardava o corpo de sua mãe.
Sem dizer nada, Marinette o abraçou. Aquilo tudo parecia ficar pior a cada minuto. Primeiro, descobriu que o pai dele era Hawk Moth, depois Gabriel fugiu da cidade, deixando os miraculous com Nathalie, e agora isso. Ele guardava o corpo sem vida de sua esposa em uma caixa de vidro para que, com o poder absoluto, pudesse trazê-la de volta. A azulada nem conseguia imaginar como Adrien estava se sentindo naquele momento.
— Adrien... — Marinette falava, mas ele colocou o indicador sobre os próprios lábios, pedindo silêncio.
— Ouviu isso? — Disse e ambos observaram o elevador subir. — Ele está vindo.

*

Nathalie ouviu a campainha tocar. Devia ser o tal médico que Gabriel tinha chamado. Ainda um pouco tonta, levantou-se da cama e caminhava com muito esforço pelo corredor, mas não em direção à porta da sala de estar.

*

Ladybug e Chat Noir se posicionaram e olhavam fixamente para o elevador que descia devagar até que chegasse ao andar em que eles estavam. Assim que viram Gabriel, ou melhor, Hawk Moth, surpreenderam-se ao ver seus novos trajes.
— Ele está usando os dois miraculous. — A azulada observou e os dois correram até a metade da ponte que unia a câmera de Emilie ao elevador.
— Espertinha você... — Ele falou antes que a porta se abrisse — Pelo visto, estavam me aguardando. Perdoem o meu atraso, tinha que resolver algumas coisas. — Completou, com uma estranha calma.
Chat Noir sentia as garras machucarem a palma das mãos fechadas. Iria iniciar a batalha quando Ladybug o impediu.
— Senhor Agreste, já sabemos de tudo.
— De tudo, é? — Ele falou com um sorriso macabro nos lábios e olhando para o elevador.
— Por favor, não precisa ser assim. Sei que quer trazer sua esposa de volta, mas há um preço a pagar. — Ladybug falava, quando se lembrou da conversa entre ele e Nathalie por telefone que tinha escutado. — Alguém precisa ir no lugar dela... — Adrien a encarou com uma expressão de espanto, também se lembrando da conversa que ela afirmou ter ouvido.
Hawk Moth aproveitou a distração dos heróis para arremessar o leque de Mayura como um bumerangue, mas eles desviaram e o leque voltou para suas mãos.
— Tenho certeza de que ele não se importa com quem vai ficar no lugar dela... — Chat Noir falou, com uma pontada de tristeza na voz e iniciou a batalha, seguido por Ladybug.
Hawk Moth, agora também com os poderes do miraculous do pavão, usava tanto o cetro quanto o leque para desviar dos ataques, sempre tomando cuidado para não arremessá-los perto de Emilie.
Os três lutavam sobre a ponte, rodeados de borboletas brancas.
— Não precisa ser assim, senhor Agreste, sei que ainda deve existir bondade dentro de você. — Ela tentava falar no meio da batalha.
Adrien apenas lutava em silêncio, tentando ignorar o fato de que lutava contra o próprio pai e bem próximo de uma câmera que ele tinha construído para guardar o corpo de Emilie.
— Esqueça, Ladybug, quando ele coloca uma coisa na cabeça, nada o impede de ir até o fim. Mas dessa vez ele não vai conseguir o que quer. — Chat Noir falou, fazendo com que Gabriel estranhasse seu comentário.
Mas, em um segundo, uma ideia invadiu sua mente e ele esqueceu o estranho fato do herói parecer conhecê-lo tão bem. Por que estava ali, lutando por dois miraculous, se — agora que estava transformado — podia muito bem invadir o templo no Tibet e pegar quantas jóias quisesse? Com mais miraculous, ficaria mais poderoso e mais fácil seria para pegar as duas únicas jóias que poderiam realizar seu desejo. Sorriu ao pensar nisso e levantou os dois braços, em um falso sinal de rendição.
— Você está certa, Ladybug, não precisa ser assim. — O homem falou e a azulada novamente precisou segurar o braço de Chat Noir antes que atacasse.
Hawk Moth caminhou lentamente pela ponte até chegar ao elevador.
— Vai acreditar nisso? É claro que é mentira! — Chat Noir exclamou, indo atrás de Gabriel. — Ele não se renderia tão facilmente.
— Você parece me conhecer muito bem. — Disse Hawk Moth, e Adrien fez uma careta.
Porém, antes que os heróis se aproximassem, Gabriel usou o cetro para enviar diversas borboletas brancas na direção deles, que seria um pequeno atraso para Ladybug e Chat Noir enquanto ele tentava fugir.
A dupla tentava, em vão, desviar das borboletas, mas, quando Hawk Moth estava prestes a tocar no painel que o levaria para o andar superior, Chat Noir jogou o bastão para que a porta do elevador não fechasse e Ladybug, por sua vez, arremessou seu ioiô nos braços vilão, o impedindo de agir.
— Boa tentativa. — A heroína comentou, percebendo que as borboletas se afastavam. Os dois jovens começaram a correr até o elevador.
— Você é tão previsível... É claro que iria fingir se render para fugir mais uma vez. — Chat Noir disse, notando a expressão surpresa de Hawk Moth se transformar em um sorriso bizarro.
Os três estavam dentro do elevador agora. Gabriel sentia as paredes frias chocarem-se contra suas costas quando arremessou o cetro no painel, fazendo com que o elevador descesse depressa até o covil de Hawk Moth.
— Isso foi previsível? — Questionou, iniciando a batalha mais uma vez, porém agora não precisaria se preocupar com a câmara de Emilie. "E aqui ainda tenho alguns truques na manga...", pensou, olhando para as paredes que guardavam diversas armas.

Um Plano Irrecusável (Parte II)Onde histórias criam vida. Descubra agora