Capítulo 24

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Eu estava atrasada para o trabalho. Correndo como uma louca tentando ficar pronta. Corri para o banheiro, pulei no chuveiro. Dei a minha cara um bom esfoliante para me livrar dos restos de maquiagem de ontem à noite.

Horrível, material duro.

Ele me serviria bem se eu tivesse a espinha do inferno. Ontem à noite tinha sido um sonho bizarro. Mas essa era a vida real. Trabalho, escola e amigos. Meus planos para o futuro. Essas sempre foram às coisas que eram importantes. E eu só ficava dizendo a mim mesma que tudo ficaria bem e elegante.

Diarra não se importava muito com o que usávamos no trabalho além da t-shirt oficial do café. Suas raízes eram fortemente alternativas. Ela tinha planejado ser uma poeta, mas acabou herdando o café de sua tia no distrito de Pérola.

O desenvolvimento urbano tinha elevado os preços dos imóveis e Diarra tornou-se uma ótima empresária. Agora, ela escrevia sua poesia nas paredes do café. Eu não acho que você poderia encontrar um melhor patrão.

Mas atrasada ainda era atrasada. Não é bom.

Eu fiquei até tarde me preocupando com o que tinha acontecido com Heyoon no beco. Revivendo o momento em que ela me disse que ela considerava que nós ainda estávamos casadas. Sono teria sido muito mais benéfico. Pena que o meu cérebro não desliga.

Vesti uma saia lápis preta, a t-shirt oficial do café e um par de sapatilhas. Concluído. Nada iria ajudar os hematomas debaixo dos meus olhos. As pessoas tinham praticamente se acostumado a eles em mim ultimamente. Gastei cerca de meio vidro de corretivo para cobrir o machucado no meu pescoço.

Eu rugi para fora do banheiro em uma nuvem de vapor, bem a tempo de ver Sofya valsar para fora da cozinha com um amplo sorriso no rosto.

— Você está atrasada para o trabalho.

— Estou.

Eu joguei minha bolsa sobre meu ombro, peguei minhas chaves em cima da mesa e estava indo. Não havia tempo para isso. Agora não. Muito possivelmente, nem nunca. Eu não conseguia imaginá-la tendo um bom motivo para se aliar com Heyoon. Durante o mês passado ela passou muitas noites ao meu lado, deixando-me a mim mesma rouca falando sobre tudo quando eu precisava. Porque, eventualmente, tudo tinha que sair.

Diariamente eu disse a ela que eu não merecia, e ela dava um beijo na minha bochecha. Por que me trair agora? Eu comecei a descer as escadas com potência extra.

— Sina, espere. — Sofya correu atrás de mim quando eu invadia os degraus da escada.

Eu me virei para ela, às chaves da casa seguras diante de mim como uma arma.

— Você disse a ela onde eu estava.

— O que eu deveria fazer?

— Oh, eu não sei. Não dizer a ela? Você sabia que eu não queria vê-la. — Eu olhei-a, notando todos os tipos de coisas que eu não queria. — Cabelo arrumado e maquiagem há esta hora? Realmente, Sofya? Você estava esperando por ela estar aqui, talvez?

Seu queixo caiu quando ela teve a decência de parecer envergonhada.

— Sinto muito. Você está certa, eu me empolguei. Mas ela está aqui para fazer as pazes. Achei que poderia, pelo menos, querer ouvir o que ela tem a dizer.

Eu balancei minha cabeça, fúria borbulhando dentro de mim.

— Não é sua escolha.

— Você estava miserável. O que eu deveria fazer? — Ela jogou aos céus os braços elevados. — Ela disse que tinha vindo para fazer as coisas direito com você. Eu acredito nela

— Claro que você faz. Ela é Heyoon Jeong, a sua própria ídola teen.

— Não. Se ela não estivesse aqui para beijar seus pés, eu a teria matado. Não importa quem ela é, se ela te machucar. — Ela parecia sincera, a boca comprimida e olhos enormes. — Eu sinto muito por me arrumar esta manhã. Isso não vai acontecer novamente.

— Você está ótima. Mas você está perdendo seu tempo. Ela não vai estar aqui. Isso não vai acontecer.

— Não? Então, quem lhe deu esse monstro no seu pescoço? — Eu nem sequer precisava responder a isso. Droga. O sol batia em cima, aquecendo o dia. — Se há uma chance de você achar que ela pode ser a única. — Disse ela, fazendo meu estômago torcer. — Se você acha que vocês duas podem resolver isso de alguma forma... Ela é a única que sempre tem você. O seu jeito de falar sobre ela...

— Nós estávamos juntas apenas por alguns dias.

— Você realmente acha que importa?

— Sim. Não. Eu não sei. — Eu falhei. Não foi bonita. — Nós nunca fizemos sentido, Sofya. Nem por um dia.

— Gah. — Disse ela, fazendo um barulho estrangulado para acompanhá-lo. — Isto é sobre o seu plano de merda, não é? Deixe-me te explicar uma coisa. Você não tem que fazer sentido. Você só tem que querer estar junto e estar disposta a fazer o que for preciso para que isso aconteça.

É incrivelmente simples. Isso é o amor, Sina, colocar os outros em primeiro lugar. Não se preocupar se vocês se encaixam em algum plano fudido que seu pai lhe deu numa lavagem cerebral para acreditar que era o que você queria da vida.

— Não é sobre o plano. — Eu limpo o meu rosto com as mãos, segurando as lágrimas de frustração e medo. — Ela me quebrou. Parece que ela me quebrou. Por que alguém iria voluntariamente se dar essa chance de novo?

Sofya olhou para mim, seus próprios olhos brilhantes.

— Eu sei que ela te machucou. Então, castigue a filha da puta, deixe-a esperando. Aquela desgraçada, ela merece. Mas, se você a ama, então pense sobre escutar o que ela tem a dizer.

Talvez eu estava caindo com um aperto no peito frio e coceira nos olhos. Ter o coração partido devia vir com alguns aspectos positivos, algumas perspectivas para equilibrar o mau. Eu deveria ter sido mais sábia, mais difícil, mas eu não me senti naquele momento.

Eu agitei minhas chaves de casa. Diarra ia me matar.

Eu teria que abrir mão de minha caminhada habitual e pegar um bonde para ter ainda uma esperança no inferno de não conseguir a minha bunda do tamanho do Texas demitida.

— Eu tenho que ir.

Sofya assentiu, encarando o conjunto.

— Você sabe, eu te amo muito mais do que eu amava. Sem dúvida.

Eu bufei.

— Obrigada.

— Mas já lhe ocorreu que você não estaria tão chateada se você não a amasse mais, pelo menos um pouco?

— Eu não gosto de você fazendo sentido a esta hora da manhã. Pare com isso.

Ela deu um passo para trás, dando-me um sorriso.

— Você estava sempre lá fazendo sentido para mim quando eu precisei. Então, eu não sou a que vai parar de chatear você só porque você não gosta do que você está ouvindo. Lide com isso.

— Eu te amo, Sofya.

— Eu sei, os irmãos Deinert são loucos por mim. Por que só na última noite, seu irmão fez isso...

Eu fugi com o som de sua risada do mal.



VEGAS, BABY [Siyoon Adaptation]Onde histórias criam vida. Descubra agora