PODE SER BOM

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Vitória Urrea
Sexta-feira, 21:27

Estava deitada no sofá até ouvir a chave girar e a maçaneta se mexer, era minha mãe entrando em casa, ela fecha a porta ao entrar, tira os sapatos e diz:

- Oi filha, tudo bem?

- Oi mãe, como foi o trabalho? - estava concentrada no filme que eu estava assistindo e nem virei para vê-la.

- O mesmo de sempre! Vitória tenho que conversar com você, mas não agora...Vou tomar um banho e jantar, podemos conversar depois?

- Claro!

Minha mãe subiu e eu continuei assistindo o filme. Estava tão bom, mas infelismente acabou, o fim nem foi tão bom assim, na verdade nunca é, nós criamos um final maravilhoso na nossa cabeça e acabamos nos decepcionando depois mas...faz parte de assistir um bom filme...

Estava procurando qualquer outra coisa para assistir até que dona Nicole resolve dar sinal de vida.

- Podemos conversar? - ela se senta ao meu lado.

- A senhora não ia jantar primeiro? - falo me virando para ela e continuando a trocar de canal na tevê.

- Acho que não estou com fome! - ela olhou para a tevê. - Estou tendo um caso!

Eu paro de mexer no controle e olho para ela que, esta olhando para frente.

- Serio? - falo sorrindo.

Nunca vi minha mãe com um cara, tipo, desde que eu nasci, acho que ela gostava de verdade do meu pai, que acabou se entendendo com a mulher e voltando para o Estados Unidos. Eu não me importo nem um pouco em vê-la com outra pessoa, na verdade eu espero esse momento à muito tempo. Eu ficava imaginando o dia em que eu tivesse que sair de casa e minha mãe ficaria sozinha eu...sla, não conseguiria deixá-la assim...Só...

- Sim! Eu sei que é estranho pra você mas...ele me faz bem, sabe? De um jeito bom... - ela ainda está olhando para frente.

- Mãe, isso não é nem um pouco estranho para mim! - sorri e ela me olha. - Estou feliz por você!
Ela sorri de forma reconfortante sem mostrar os dentes.

- Eu fiquei com mede de que você não quisesse!

- Mãe, se você quer, eu também quero! - dou um tapinha no ombro dela. - Falando nisso, falei com o Noah hoje!

- Sério? Como ele está? Nossa, eu lembro quando ele era um menininho eu dava banho nele e...

- Tá tá chega! Eu não preciso saber disso. - faço cara de nojo - Ele está bem! - Ela ri de minha reação. E eu acrescento: - Ele quer que eu vá passar o Natal lá com ele.

Falei como quem não queria nada e olhei para a tevê.

- Ah Vitória! Eu tinha planejado um natal pra gente. - seu tom é melancólico.

- Que planejamento? - fala apreensiva.

- Eu te apresentaria meu namorado e nós íamos passar o natal juntos, eu, você, ele e a família dele. - ela me olhava com esperança.

- Ah não! Ninguém merece passar o Natal segurando vela, ainda mais pra mãe...Nananinanão. Tô fora! - falo e cruzo os braços.

- Vitoriaaaa. - Ela diz fazendo beicinho.

- Isso não funciona comigo quando vem de você mãe. - fala mantendo a postura de negação.

- Tá bom então. Pode ser bom você passar um tempo com ele...Faz quatro anos que vocês não se veem. - ela se rende.

- Verdade! - concordo.

Nós ficamos ali assistindo um programa qualquer que passava na tevê até pegarmos no sono no sofá.

UMA URREA?Onde histórias criam vida. Descubra agora