PLANOS

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Vitória Urrea
Sabado, 09:30

     O silêncio no carro era angustiante, Josh não tirava o olho da estrada enquanto eu observava a paisagem passando na janela, nenhum dos dois teve coragem para colocar uma música, ambos estávamos desconfortáveis.
     Particularmente eu entendo esse sentimento, foi uma declaração surpresa, eu não esperava ouvir aquilo e ele também não esperava dizer, foi o momento que se tornou favorável à revelar as coisas, mas não era pra ser assim. O pior de tudo é que os meus planos vão ser estragados se ele quiser me acompanhar hoje, eu marquei de encontrar a Heyoon na Lahouse do shopping sim, mas de lá nós íamos à duas universidades próximas, eu queria me inscrever e marcar o dia para o teste, eu só contei à Heyoon por que ela ia me ajudar, ela conhece bastante gente e isso ia meio que me dar uma força. Não quero criar expectativas e acabar decepcionando a todos se eu não conseguir entrar, esse é o motivo do sigilo, mas se Josh resolver ser meu motorista hoje, isso estraga tudo.
     O trânsito estava horrível, perdi a conta de quantas vezes ficamos parados entre os carros. Ouvi o toque do meu celular e atendi sem ver quem era.

Ligação On

- Alô?

xxx: Cadê você?

- Ah, Heyoon...Então, eu tô presa no trânsito. - falei olhando os carros na frente.

Heyoon: Mas você não ia vir de metrô?

- Na verdade, eu decidi pegar um táxi.

Heyoon: Meu Deus! Vai ser o olho da tua cara, o taxímetro tá ligado? Quanto tempo vocês já estão aí?

- Relaxa, eu desisti do táxi.

Heyoon: Não entendi mais nada.

- O Josh tá me dando uma carona no carro do Noah.

Heyoon: Aff! Vou ficar aqui plantada? Vou criar raizes.

- Espera mais um pouquinho, nós não estamos muito longe.

Heyoon: Então desce e vem correndo.

- Eu ainda tenho cérebro tá.

Heyoon: Aish, eu marquei horário com o diretor Viih.

- Eu sei Yoon, espera só mais um pouquinho.

Heyoon: Tá.

Ligação Off

- Aish! - resmunguei quando a ligação foi encerrada.

- Ela tá muito brava? - perguntou Josh com a voz baixa.

- Um pouco. - respondi olhando para o garoto. - Você parece tenso. - falei ao ver sua coluna reta, mais do que o normal.

- Pareço? - ele tentou desfarçar.

- Sim... - falei e encostei a cabeça no vidro da janela. - Acha que ainda vai demorar?

- Talvez um pouco...- ele relaxou no banco e virou o rosto na minha direção. - Eu acho que falei demais, desculpa.

- O que? - perguntei confusa o encarando.

- Esse clima estranho, é pior do que quando estávamos brigados. - ele suspirou no final.

- Estávamos? - enfatizei o que ele disse.

- Ainda estamos? - ele perguntou franzindo o cenho.

- Acho que não. - neguei. - Mas não precisa se desculpar, você só disse o que estava sentindo.

UMA URREA?Onde histórias criam vida. Descubra agora