Capítulo XV

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O que a viagem de ida tinha sido de calma e silenciosa a de volta tinha sido de barulhenta. Fiquei o restante daquela festa com aquela frase girando na minha cabeça "ela é minha namorada" NAMORADA? Logo eu que jurava que o desgraçado não se lembrava de nada! Já era 4 horas quando entramos no carro para ir embora, e a primeira que puxou a conversa fui eu?

--- Adam, você não tem nada para me falar?

--- Não, o que? Aconteceu alguma coisa? --- por incrível que pareca, essa frase foi dita seriamente, sem o mínimo de sarcasmo.

--- Ah, por favor, não se faça de tonto agora.

--- O QUE!? Sara, a gente mal se falou hoje, como eu posso ter feito ou dito algo de errado?

--- Como assim nós estamos namorando, quando isso aconteceu? --- falei gesticulando ao extremo e batendo minha mão no vidro do carro quatro vezes.

--- Ora, naquele dia do Ano Novo. Vai dizer que o único que achou que aquilo não foi "só um beijo" -na verdade, vários- fui eu. Pensei que a gente tinha resolvido nossas confusões e... sabe, pensei que você tinha entendido...

--- O que? --- minha voz saiu bem mais calma do que ela estava antes, e sem perceber, eu estava ansiando pela sua resposta.

--- Nada. --- com a falta de resposta, toda minha raiva retornou e eu falei elevando o tom de minha voz.

--- Então quer dizer que esse tempo todo você estava espalhando para os quatro cantos do mundo que nós estávamos namorando enquanto eu me remoía de remorso pensando que você era na verdade namorado de Rosie e ainda NÃO LEMBRAVA do que tinha acontecido.

--- Namorado de Rosie? Da onde você tirou isso?

--- Sei lá, vocês me pareciam amigos tão íntimos.

--- Amigo íntimo eu era teu, a gente já dormiu na mesma cama e você nunca veio com isso de " estamos namorando porque somos amigos íntimos". --- corei com a menção do dia que tínhamos dormido no meio de um filme, mas por que? Na época foi uma coisa tão normal.

--- Mas... mas... Você esqueceu de dizer pra mim que nós estávamos juntos... desse jeito.

--- Você quer dizer, namorando. E eu achei que com tudo que a gente disse naquele dia, implicitamente tínhamos combinado tudo. --- lembrei do que conversamos, ligando os pontos que não consegui ligar naquele dia por causa do álcool, entendendo -finalmente- o que ele estava falando. Minha cabeça estava uma confusão, porque Adam tinha sentimentos por mim, e eu que nunca tinha pensado nele nessa forma, estava começando a perceber que era recíproco da minha parte, o que foi uma surpresa até mesmo para mim. No meio dessa confusão toda, soltei a seguinte frase:

--- Mas você nem fez as coisas certas. Você não me levou a um encontro, não nos beijamos vendo um filme, não andamos de mãos dadas, não me enviou um bilhete e nem tiramos uma selfie com você beijando a minha bochecha --- Falei isso seriamente e convicta e Adam virou seu rosto para mim e eu vi um sorriso travesso no seu rosto, percebendo a confusão que estava na minha cabeça.

--- Não podemos dizer que nunca andamos de mãos dadas.

Me calei, com vergonha do que tinha falado. E incrédula por nunca ter percebido, ou melhor, admitido que estava apaixonada por Adam, desde que nós nos reencontramos, ou até mesmo antes disso. As fichas estavam caindo rápido demais, e a única coisa que eu fazia era aceitar.Era o que me restava fazer, já que tinha passado tanto tempo em negação. Então Adam, meu namorado,parou o carro num estacionamento na parte baixa de uma pequena colina e se virou para mim abraçando o banco do carona.

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