Capítulo XIV

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Acordei no outro dia quase na hora do almoço, com minha cabeça doendo, pela bebida que tomei e pelo que tinha feito. Depois que beijei Adam pela primeira vez. Ficamos boa parte da madrugada conversando sobre o que estávamos escondendo por causa de nosso desentendimento e dando uns beijos entre um assunto e outro.

Eu realmente queria culpar a bebida pelo que eu tinha feito, mas eu não podia, pois eu estava, sim, consciente do que eu estava fazendo e eu queria isso, pois tinha sido tão diferente, tão único aquele momento. Só que Rosie tinha sido tão legal comigo desde que nos conhecemos e ninguém merece ser traído, ainda mais pela amiga do namorado, que supostamente ela devia confiar. ARGH! Me sinto terrivelmente péssima pelo que aconteceu. Sempre jurei para mim mesma nunca trair alguém porque considerava isso uma tremenda falta de respeito e agora não conseguia confiar nem nas minhas próprias atitudes.

Mas eu precisava levantar da cama e arrumar minhas coisas para ir embora, engolir minha frustração comigo mesma e me preparar para a conversa que teria com Adam e Rosie. Quando terminei tudo e desci para comer Adam já estava me esperando no sofá da sala. Subiu um gelo em mim dos pés a cabeça, caminhei até onde ele estava e quando abri a boca para cumprimentá-lo não saiu nada. Ele se levantou e me deu um abraço como de costume e foi então que eu percebi que ele não se lembrava de nada do que tinha acontecido mais cedo naquele dia. Não sei se chorava de alívio ou de tristeza mesmo, pois aquele momento tinha sido muito bom pra mim.

Ele não fez nenhum comentário enquanto almoçávamos e nem no caminho até a rodoviária para pegar o ônibus das 14 horas e no momento que entramos ele tomou um remédio para dor e capotou do meu lado. No caminho não consegui pregar os olhos por mais que dez minutos, pois pensamentos como: ele nem tinha lembrado do que tinha acontecido e eu nem sei por que estava tão ansiosa para que ele falasse sobre e da conversa que teria que ter com Rosie, pois a conversa que teria que ter com Adam, bem, eu não estava tão certa que eu a teria.

Chegamos na rodoviária municipal e tive que acordar o garoto que dormia como uma pedra, sinceramente, cheguei a pensar que ele tinha errado a dose do remédio e entrado em coma. Ele abriu os olhos meio atordoado com o que estava acontecendo. E falou com a voz rouca e os olhos semi cerrados:

--- A gente já chegou?

--- Já sim, bora logo que se não o ônibus parte pra próxima viagem e a gente vai junto.

Ele esfregou os olhos e bebeu um pouco de água pra ver se despertava pegou a sua e a minha mochila que estava no compartimento de cima e desceu do automóvel comigo ao seu encalço. Quando descemos eu estava impressionada com o tanto de gente que tinha ali, tinha muito mais do que no dia da nossa ida para casa dos nossos pais, estava quase perdendo Adam de vista quando ele pegou na minha mão e me guiou até lá fora. Quando chegamos lá a neve caía forte e eu comecei a tremer mesmo usando todas as blusas que tinha levado na viagem. Ele percebeu a minha tremedeira por estar segurando minha mão então ele me puxou para perto e esfregou meu braço por cima dos casacos e ainda bem que eu podia esconder meu rosto em seu peito, pois sabia que a vermelhidão do meu rosto já tinha ultrapassado a área das minhas bochechas.

Mas, céus, o que é que estava acontecendo? Aquele era Adam, o meu melhor amigo, e já tínhamos nos abraçado milhares de vezes, tudo tinha que ser diferente agora, só por que nos beijamos?!

Ele começou a inclinar a cabeça e eu tremi novamente, só que dessa vez não foi pelo frio. E ele falou próximo ao meu ouvido:

--- Tem uma pizzaria naquela esquina, tô morrendo de fome, bora lá?

Andamos com cuidado para não escorregar na neve acumulada na calçada e por ainda estar abraçados mas quando entramos no estabelecimento suspirei de alívio por ter vários aquecedores ligados. Fizemos nossos pedidos e enquanto esperávamos Adam tirou um de seus casacos de dentro da mochila e me deu para eu trocar por um dos meus, já que o dele era mais quentinho, e eu não precisei pensar duas vezes antes de aceitar.

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