Words - Isulio

Paciência

14 de Julho

Você é a pessoa mais teimosa que eu conheço.

Sua determinação é uma característica notável e me fascina de um modo inexplicável, mas quando a mesma se torna em teimosia, haja paciência, Souza.

Hoje foi uma das vezes que sua face "determinada" deu as caras.

Você e suas ideias malucas...

A tarde estava tranquila, serena. Mais um dia em que nossos passos marcavam presença no parque. Até você decidir que seria uma boa hora para brincarmos de pique-pega. Comigo e meu sedentarismo.

Aparento ser jovem, porém um idoso de 90 anos chamado Cleiton habita dentro de mim.

Óbvio que não consegui te alcançar. Muito menos depois de você ter subido em cima de uma árvore e ter se recusado a sair.

Parece que o Tarzan é seu brother e não me falou.

"A vista daqui de cima é muito boa, sabia?" você falou, enquanto soltava uma de suas risadas melodiosas. Em outra situação, eu estaria hipnotizado pelo seu ato mas, naquele momento, estava mais preocupado em assegurar que você voltasse inteira para casa.

Insisti para que descesse, mas sua teimosia falava mais alto.

"E quem garante que só está dizendo isso para ganhar na brincadeira?" disse, ao mesmo tempo que semicerrava os olhos.

Estava tentando decidir se tacava minha cabeça na árvore ou ligava para os bombeiros.

Bom, minhas dúvidas se dissiparam quando um guarda que passava por ali veio ao nosso encontro depois visualizar nossa "pequena" falta de sanidade.

Bastou nossos olhares se encontrarem depois do homem ter finalizado seu sermão e ter voltado rapidamente ao seu posto para começarmos a rir como dois idiotas.

"Qual é a sua com árvores?" questionei, ainda rindo.

"O contato que tive com a natureza desde pequena sempre foi muito abrangente" você dá de ombros, com um lindo sorriso e as bochechas coradas de nosso pequeno ataque. "E... elas são fofas".

"Estou começando a achar que gosta mais delas do que de mim..." cruzo os braços, fingindo uma frustação.

"Ah, mas você já tem quase o tamanho de uma, então..." você explica, fazendo-me te olhar, boquiaberto com sua afirmação, levando-te a rir. "É brincadeira, amor..."

No momento em que aquela pequena palavra saiu de sua boca, paralisei. Meu coração errou uma batida (humor e piadas) e meu peito se aqueceu.

"O que v-você disse?" perguntei, fazendo você parar em minha frente com uma expressão confusa. "Isa, você me chamou de 'amor'... "

"Claro que chamei, Julito..." suas bochechas ganharam uma coloração avermelhada e sorriso tímido surgir em sua face enquanto passava seus braços por meus ombros. "Você é o meu amor, oras."

Meu peito se encheu do mais pleno sentimento. Meus batimentos resolveram acelerar significativamente, levando minha respiração a tornar-se descompassada.

"Você também é o meu amor, Souza..." digo, rodeando sua cintura com meus braços, trazendo-te mais perto, como se fosse possível levando em conta nossa tamanha proximidade.

Não hesitei em juntar nossos lábios.

Felicidade, amor, desejo... tudo junto em um mesmo ato. A emoção se instalou no local, deixando-me até tonto.

Tudo havia resolvido descansar da correria do tempo. Era como se a vida tivesse parado para assistir nosso inevitável particular.

"Se você me fizer chorar com uma declaração dessa, eu te bato." você disse, ofegante, depois do beijo ter chegado ao fim pela falta de ar, arrancando-me risadas que acabaram por despertar as suas.

Num piscar de olhos, você havia se movimentado e se posicionado atrás de mim para logo em seguida pular em minhas costas.

"Bom, já está quase escurecendo, então... Avante, baby Groot!" exclamou, fazendo-me rir enquanto colocava as mãos na parte de trás de suas coxas para evitar que caísse.

Obrigada, Souza... você me tornou o cara mais sortudo do mundo.