Fúria

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CAPÍTULO 3

Já se perguntaram alguma vez se aquela sua escolha feita a alguns dias atrás, realmente foi uma boa ideia?

Digo... Não quero parecer dramático. Mas estar em meio ao deserto, sem suprimentos ou previsão para chegada de qualquer lugar, é algo bem desanimador. Para não dizer desidratante.

Eu já havia percorrido o deserto vasto de Shurima variaz vezes e já me perdi algumas. Entretanto, essa é a primeira vez que meus cálculos para as rações deram errado e eu ficava um tempo sem comer ou beber. Quer dizer... As minhas viagens duravam no máximo dois ou três dias, e quase sempre sobrava comida e água. Porém, agora, estava chegando no meu quarto dia de caminhada. Minhas pernas doem, estou ofegante, com sede e eu estava começando a sentir se formarem algumas bolhas em lugares desagradáveis do meu corpo.

Mesmo estando protegido com roupas especiais, nada filtrava totalmente o calor daquele deserto. A minha relíquia acoplada ao meu braço esquerdo estava começando a ficar pesada e estava realmente considerando tira-la. Isso é claro se eu fosse inexperiente com essa região, pois já fui atacado três vezes por criaturas estranhas saindo de baixo das areias, além de ter enfrentado alguns saqueadores. Eu levei o corpo de um dos monstros que eu matei para o laboratória da minha universidade em Piltover, mas faz seis dias que eu não retornei. Então, ainda não sei exatamente o que aquelas coisas são... A única coisa que eu sei, é que elas eram extremamente agressivas com qualquer um que estivesse dentro do seu campo de visão.

Fala sério... O que preciso... Fazer para conseguir um... Mísero gole de água. — Eu reclamava comigo mesmo.

Estava com medo do calor excessivo acabar me fazendo ter alucinações de algum oásis, e outra parte de mim até queria essa alucinação. Mesmo uma esperança falsa, ainda pode se tornar uma esperança genuína.

Alguns minutos se passaram, o que pareceram horas... O sol se moveu alguns graus para oeste chegando agora no seu pico. Meio-dia... Eu já estava começando a pensar que iria morrer.

A essa altura, não havia razão de retornar. A julgar pelo tempo de caminhada e pelo quão desidratado posso estar, eu só tenho certeza que não alcançaria nenhum lugar a tempo.

Foi então que meus olhos cansados começaram a enxergar algo... Um brilho ao longe. Quase como metal se refletindo no sol.

— O que diabos?

No horizonte, chegava a quase parecer um segundo sol. Mas quando minha visão se ajeitou aos raios dourados, percebi que se tratava de um enorme disco solar que flutuava em uma base esculpida de pedra.

E quando eu digo enorme, é porque é realmente enorme. Eu devia estar a pelo menos mais dois dias de caminhada até lá, e mesmo assim conseguia ter total visão da metade do disco para cima.

— Aquilo... Será que...

Antes que eu pudesse concluir a minha linha de raciocínio, eu notei pela minha visão periférica um movimento estranho na areia.

Quando me voltei para onde eu supunha que tinha visto algo, não havia nada. No entanto, alguns segundos olhando me fez notar uma elevação estranha nos montes de areia a alguns metros de mim.

Quanto mais eu olhava, mais eu tinha certeza.

A elevação estava se movendo... E na minha direção. Na hora, eu soube do que se tratava.

— Realmente, não é meu dia de sorte...

Parece que essas criaturas estão aparecendo com mais frequência. No início das minhas expedições pelo deserto, eu nunca havia esbarrado se quer com uma.

Discordes ÁridosOnde histórias criam vida. Descubra agora