Chamado

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CAPÍTULO 11

— O que é isso? — Eu o questionava olhando sem entender o pequeno buraco escuro que estava a minha frente.

Não era exatamente um buraco, era como se em um raio de poucos centímetros, uma fissura que cortava o espaço-tempo sugasse qualquer coisa que se aproximasse. No entanto, não bastando isso, ele também emitia aquela luz violeta macabra que eu já estava bastante acostumada a ver nos túneis intermináveis das ruínas de cidades antigas em Shurima.

Passei tanto tempo buscando lutar contra as criaturas que tentavam consumir os seres da minha terra natal, que eu nunca perguntei-me de onde se quer essas monstruosidades vieram.

— O que você está olhando, minha cara... — Dizia o senhor barbudo ao meu lado. — É uma fissura no tecido da realidade, interligando a nossa dimensão com outra. — Bem, eu havia pensado em algo semelhante. Talvez não com essas palavras, mas não cheguei muito longe de concluir a verdade.

— Está me dizendo que do outro lado dessa coisa, existe outra dimensão? — E de fato, eu conseguia sentir uma forte energia viva vindo daquela coisa, quase como se me tentasse a se aproximar e ser sugada para dentro daquela perdição.

— Não qualquer uma... A mais faminta delas. — Ele dizia em tom quase sombrio, parecia que estava gostando da sensação de perigo que emanava daquele lugar. — Essa fenda foi criada a muitos anos, quando Icathia ainda era considerada o lar dos mais poderosos magos. Quando seu desejo por vingança contra os opressores ascendentes de Shurima, superara sua própria razão.

Todas as suas palavras eram carregadas de significados históricos. Eu sabia do que ele falava... Já ouvira falar sobre a história de Icathia e seu apelo desesperado em expulsar o Império Shurimane de suas terras, consequentemente, trazendo com esse plano a sua própria ruína. Isso, pouco tempo antes da queda definitiva do disco solar, sepultando de vez qualquer traço do antigo império que já havia sido considerado o maior de Runeterra.

Por mais que eu ache que eles mais do que mereciam isso, eu não consigo parar de pensar em quantas vidas foram perdidas naqueles tempos. Em um piscar de olhos, famílias inteiras foram mortas.

— Não tem nada para fazerem aqui... — Ouvia outra voz atrás de mim dizer.

Quando eu virava-me, eu ficava um tanto confusa quando via outro senhor parado a minha frente. Este, parecendo mais humano, porém, muito mais velho. As suas costas, ele parecia carregar uma espécie de máquina relógio com mais da metade do seu tamanho.

— Como assim? — Eu perguntava a ele dando um curto passo a frente.

— Essa fenda que vocês estão vendo irá se fechar daqui a algumas semanas. — Respondeu o velhote enquanto dava de ombros. — Por mais que ela sugue uma coisa ou outra, ela não tem mais energia o suficiente para se auto-sustentar, nem para poder ser usada de qualquer um dos lados.

Olhava por de cima do meu ombro esquerdo aquele portal que estava logo atrás de mim. Se fosse realmente o caso, e ele estivesse prestes a se fechar, não havia nenhuma razão para eu estar aqui.

— Se não é meu querido Zilean, creio que não deva ser a primeira vez que você tenha vindo falar conosco. — Eu ouvia aquele nome e ficava um pouco confusa. Tenho certeza de que eu já ouvira falar dele alguma vez.

— Na verdade sim, eu estava colapsando o tempo neste local para poder ver até quando esse pequeno portal iria permanecer ativo. Mas como eu disse, ele irá sumir em pouco tempo. — A forma como ele proferia tal frase deixava-me mais confusa do que eu já estava. Ele pareceu nem falar a minha língua por um momento de tanta coisa sem sentido que ele disse.

Discordes ÁridosOnde histórias criam vida. Descubra agora