Sangue

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CAPÍTULO 7

Minhas mãos doíam, não sabia ao certo o porque. Talvez o fato de carregar os suprimentos daquela mulher chamada Sivir deixava-me assim, e com um pouco de raiva de mim mesma por ter decidido acompanha-la. Mas, eu ainda teimosamente acreditava que nossos destinos eram os mesmos, eu apenas precisava convence-la do contrário.

— Diga-me de novo Sivir, porque eu... — Reclamava para ela com os braços carregando sacolas cheias de comida e ração.

— Quem tem a disposição e a frieza para nos defender sou eu, ou diga-me, se alguém nos atacar agora você hesitaria em mata-lo? — Perguntava ela se virando para encarar-me com um rosto de deboche.

Ela não estava errada, eu não teria a frieza para matar alguém mesmo que a minha vida dependesse disso. Mas, o modo que ela dizia aquilo fazia o simples ato de tirar a vida de alguém ser algo normal para si.

Com um suspiro e um rosto cansado, eu dizia.

— Não o mataria, mas sei muito bem defender-me. — A respondia com um resmungo, ajeitando o saco na minha mão para não cair.

— Se o inimigo quiser te matar, saber se defender as vezes não será o suficiente.

Estávamos caminhando a algumas horas em meio a cidade de Vekaura, buscando alguns suprimentos e alguém que estivesse disposto a ceder uma caravana para viagem. No entanto, todas já estavam em uso por comerciantes ou nobres para irem em direção a capital agora reerguida de Shurima. E Sivir justamente queria evitar a todo custo ir para lá.

Não os poderia culpar de tomar tal decisão. Afinal, em um ambiente caótico, aquele que prega a ordem costuma ganhar apoio rápido.

No entanto, poucos são aqueles que conseguem manter a fidelidade do povo, tendo em vista que em sua maioria só traziam consigo promessas vazias. Azir seria mais um deles, ou finalmente traria a tão esperada prosperidade?

— Tolos, todos tolos... — Resmungava Sivir ao acabarem de recusar mais um pedido dela para lhe levarem para Nashramae.

— Afinal, qual o seu problema com a capital? — Eu a questionava curiosa. Via por um segundo seu olho se voltar para mim pelo canto do seu rosto.

— Meu problema não é com a capital, e sim com o cara no comando dela.

— O Imperador Azir? — Isso quer dizer que ela não só esteve na capital como também na presença do imperador? Não conseguia esconder a minha surpresa, e também começava a ficar mais preocupada do que o meu normal. Afinal eu estava andando com alguém que tinha problemas com o próprio imperador renascido... Então o que será que ela fez para ele? Ou ele para ela, não sei... — O que você fez?

— Não é o que você está pensando, eu não fiz nada. O problema é o que ele quer que eu faça...

— Que seria?...

— Você ainda pergunta demais, cala essa matraca e continue me seguindo.

A cidade podia não se comparar a capital shurimane, mas ainda assim se podiam passar horas perambulando naquelas ruas e facilmente se perder. E Sivir parecia não ter um problema muito grande para se locomover no meio da multidão já que esguiamente passava sem tocar em ninguém no meio de um comércio lotado. Sua agilidade conseguia presceder facilmente a minha... O que me fazia levantar alguns questionamentos sobre quem ela de fato era.

A última vez que vi tantas pessoas reunidas, fora nos portos de Noxus ao qual peguei meu navio para Iônia. Não gostava de lembrar dessa decisão tomada sem precedentes minha, mas ainda assim, se eu não tivesse passado por aquilo eu jamais teria encontrado a pessoa que ajudou-me a controlar meus dons. Sabe-se lá o que poderia ter sido de mim caso Noxus jamais tivesse me encontrado.

Discordes ÁridosOnde histórias criam vida. Descubra agora