CAPÍTULO 12
Claro que ele era impulsionado por algo tão primitivo quanto a raiva. Sinto que já não consigo me surpreender com coisas que a este ponto se tornaram supérfluas ao meu ver.
As mãos trêmulas que um dia já carregaram aquele bastão com determinação e esperança, estavam calejadas e cansadas. O tempo é algo que pode ser atribuído de formas complexamente diferentes para os seres vivos, e infelizmente para mim, caiu como uma maldição corroendo incessantemente a chama que ardia no meu coração. Era no mínimo irônico isso tendo em vista o objetivo que eu carregava.
O bastão flamejante, a única lembrança que eu consegui ou... Quis trazer comigo da minha falecida terra natal. A ponta ardendo com o fogo que consumia o ar ao seu redor desde os tempos em que eu já fui alguém, poderia simular muito bem a esperança que havia dentro de mim. Sendo ela fraca, e impotente.
- A sua caçada não é algo tão simples quanto possa estar imaginando ser. - O explicava em calmaria, enquanto o pálido céu noturno tinha seu mais brilhante ponto esvaecendo com as núvems de Ixtal carregadas com a chuva tampando seus raios solares refletidos em prata. O selvagem felino que outrora eu testei, decidiu dar atenção fervorosa a mim quando eu citei a caça que ele tanto buscava. - Qual o nome que vocês dão para tal criatura?
Rengar com o único olho que era ligado a sua carne tinha a expressão que podia ser descrita como inquieta. Ele não estava agora movido pela raiva, e sim pela curiosidade que poderia servir de gatilho para tal. O globo ocular com sua íris azul me fitava com cautela, calculando cada possível movimento hostil que eu poderia realizar.
Segundos se passaram desde a pergunta ser jogada aos seus ombros peludos, até que enfim ele suspirou e buscou relaxar um pouco mais.
- Os tribais o chamam de Kha'Zix no dialeto Raim'Ze. - Respondeu-me com rapidez, sua voz grave e rasgada como se cada palavra fosse proferida de maneira rugida. - Ele é um ser que consome e evoluí apartir daquilo que ele consumiu e tem andado por essa floresta desde antes mesmo da minha perdição.
- Vejo que você não é muito ligado com a sua tribo felina vastaya. - Comentava em relação a sua solidão na floresta. Como reação eu ganhava avidamente um rugido e uma amostra de suas presas afiadas parecendo que fora ameaçado.
- Não me compare com aqueles covardes. A tribo Kiilash morreu para mim quando meu pai deixou a honra e o fervor da caçada, para viver uma vida nômade sem sentido. - Por mais que ele claramente entoava seus sentimentos de fúria em sua frase, a dor que ela trazia disfarçada era nítida para mim.
- Por isso tirou a vida dele?
Dessa vez o seu feroz rugido sumiu ao mesmo tempo que suas presas sumiram e sua feição murchou. De maneira deprimida e desprevenida, ele se levantava e caminhava na direção do rio que antes ele buscava dar um gole.
- Não deseja mais saber quem eu sou?
Era mais do que compreensível seu questionamento anterior a respeito de mim. Ele buscou saber quem eu era antes do nosso pequeno confronto, mas quem eu era para ele a uns minutos atrás é diferente de quem eu sou para ele agora.
- Não desejo mais do que a morte para aqueles cujo os olhos são curiosos demais para não saber filtrar o que se deve ou não curiar. E pelo visto você é mais um que gosta de colocar seu nariz onde...
- Não deve? - Completava intuitivamente sua sentença. - Julgo buscar saber aquilo necessário a respeito de seres como você, Rengar. E posso di-
Dessa vez fora a vez dele de atacar-me desprevenido, jogando em minha direção sem aviso prévio um projétil afiado ao qual eu desviei faltando um centímetro para atingir meu ombro, mas que apenas rebateu na dura madeira do bastão preso em minhas costas e girou um segundo no ar, suficiente para que eu o pegasse.
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Discordes Áridos
Adventure!HISTÓRIA RECOMENDADA PARA MAIORES DE 16 ANOS! Após três mil anos desde a queda do antigo império shurimane outrora governado por Azir, o disco solar, responsável pela criação dos poderosos ascendentes e grande símbolo de Shurima se reergue das arei...