CAPÍTULO 13
Sinto-me pesado.
Uma pressão enorme era imposta no meu corpo, como se eu estivesse no fundo de um lago abismático. A carne sendo pressionada contra meus ossos deixavam-me aturdido, confuso, desorientado dos meus arredores.
A dor venenosa passava pela minha perna esquerda, o sangue caloroso escorria por entra as minhas coxas. Não conseguia mais ter o controle do meu braço direito... Eu sabia que ele estava ali, no entanto, inutilizado, mumificado pelas faixas que o cobriam a bastante tempo para esconder as inúmeras cicatrizes que o marcavam.
Não enxergava nada, apenas a mais pura escuridão...
— Você não me parece muito bem, irmão. — A voz dele ecoava pela minha mente.
Abria meus olhos assustado e fitava meus arredores confuso.
Estava sentado em uma cadeira revestida de prata, meu cotovelo apoiava meu rosto em uma escrivaninha com alguns mapas a minha frente, uma pena e um pote de tinta preta e outra vermelha. A luz radiante do sol batiam intensamente no meu rosto transpassando a varanda do meu enorme escritório.
Quando eu olhei para o lado, meu coração quase parou por um momento assim que notei o corpo crocodiliano do meu irmão sentado em um sofá feito para nosso tamanho. Seus olhos pareciam encarar-me com preocupação.
— Não é nada... Acho que tive um sonho longo, só isso. — Esfregava meu rosto tentando livrar-me daquele cansaço. E por um segundo todas as memórias voltaram como o fluxo de água em um rio... Eu estava acordado a dias formando as linhas de soldados que iriam cruzar o norte do continente.
— Sério? Então por que você chamou meu nome? — Ele perguntava-me, e na hora eu não sabia muito bem o que responder. — Acho que você está se cobrando de mais passando tantas noites sem sono.
— Não posso desperdiçar tempo. — Meu rosto voltava a olhar para os mapas a minha frente. Haviam várias linhas desenhadas por cima das regiões indicando a direção e quantidade das tropas que seguiriam tais rotas, e alguns papéis ao meu lado eu calculava o total de suprimentos necessários que eu deveria enviar. — As tribos do norte tem sido muito persistentes, para não dizer agressivas. Enviei duas vezes mensageiros para lá no intuito de negociar a colonização de suas terras... E as duas vezes os corpos deles voltaram em sacos para cadáveres. Não contei ao imperador sobre a segunda vez, mas isso já o deixou furioso e ordenou-me para encaminhar alguns batalhões para lá e colocar um fim de uma vez po...
A mão garruda de Renekton segurava meu antebraço calmamente, observava a escrita meio e feita rudemente no papiro e nem mesmo havia notado. Estava realizando cálculos e nem se quer havia notado.
— Não faz bem para você se esforçar desse jeito. — Eu não conseguia olha-lo diretamente no rosto, era uma sensação horrível. Como pode eu não conseguir mais olhar nos olhos do meu próprio irmão? — Venha comigo, vamos dar uma volta.
— O que? Sabe que não podemos...
— Podemos fazer o que bem entendermos. Agora feche essa matraca canina, e me siga. — Ele me dava mais um puxão pelo braço, e naturalmente eu começava a seguir ele para fora do meu escritório.
Assim que eu fechava a porta logo atrás de mim, nós percorríamos vários corredores e subindo as escadas ornamentadas pelo platina e ouro forjado no coração da própria capital.
Após alguns minutos de caminhada silenciosa e ininterrupta, chegávamos ao ar livre no topo da torre leste onde se residia o meu escritório e do meu irmão. Do meu lado direito dava para se ter uma excelente vista do enorme deserto, dando até mesmo para enxergar ao longe uma parcela pequena das árvores da floresta de Ixtal.
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Discordes Áridos
Aventura!HISTÓRIA RECOMENDADA PARA MAIORES DE 16 ANOS! Após três mil anos desde a queda do antigo império shurimane outrora governado por Azir, o disco solar, responsável pela criação dos poderosos ascendentes e grande símbolo de Shurima se reergue das arei...